IMPRIMIR VOLTAR
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica

LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM ÁREA DE CERRADO NO PERÍMETRO URBANO DE CAMPO GRANDE – MS.

Célia Cristina Valero Souza 1, 2
(1. Departamento de Biociências – UFMS, Aquidauana, MS.; 2. Colégio Militar de Campo Grande/CMCG, Campo Grande, MS.)
INTRODUÇÃO:

O município de Campo Grande localiza-se na região central do estado de Mato Grosso do Sul e pertence aos domínios do bioma Cerrado. A partir da década de 70, o município sofreu um crescimento populacional acelerado, em virtude das políticas governamentais da época, que incentivava a ocupação da região, principalmente para a produção de soja, o que colaborou para que muitas áreas de vegetação nativa cedesse seu espaço à bairros residenciais. Considerando-se a carência de informações a respeito das formações vegetais nativas da cidade de Campo Grande, é que se propôs a execução do presente estudo, que foi realizado na “Área Ecológica Alexandre Rodrigues Ferreira”, no Colégio Militar de Campo Grande (CMCG), onde se encontra vegetação característica de cerrado e teve como objetivos o levantamento fitossociológico do estrato arbóreo e o desenvolvimento de atividades extraclasse com alunos.

 

METODOLOGIA:

Foram alocadas 100 parcelas medindo 10 x 10m, e nos meses de março a dezembro de 1999, todos os indivíduos arbóreos que apresentavam DAP ≥ 10 cm foram medidos, coletados (férteis ou não) e enviados ao Herbário CGMS, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul para identificação. Para marcação dos indivíduos no campo, utilizou-se plaquetas plásticas numeradas com lápis preto, e para medição de suas alturas, uma vara de tamanho conhecido, fazendo-se em seguida um cálculo estimativo. Os indivíduos mortos que apareciam foram considerados. Para o cálculo dos parâmetros fitossociológicos utilizou-se o programa FITOPAC (Shepherd, 1994).

RESULTADOS:

Foram amostrados 374 indivíduos, distribuídos em 26 famílias e 48 espécies. A família que apresentou maior número de espécies foi Leguminosae – Papilionoideae, com 5 no total. A família Dilleniaceae ocorreu com 71 indivíduos, todos da espécie Curatella americana, perfazendo 18,98% do número total de indivíduos amostrados, seguido pela família Vochysiaceae com 64 indivíduos e Styracaceae com 32 indivíduos. A espécie mais freqüente, aparecendo em 52 das parcelas amostradas (16,99%) foi Curatella americana, seguida de Vochysia tucanorumociol (13,40%), sendo que ambas também apresentaram os maiores valores de IVC e IVI, o que mostra ser as mais importantes e representativas da comunidade, não só pelo valor de abundância, mas também pelo grau de cobertura. Os valores encontrados de Índice de Simpson e Índice de Diversidade de Shannon foram 0,082 e 3,018, respectivamente, demonstrando que a área estudada não possui diversidade alta, mas também não se apresenta homogênea.

 

CONCLUSÕES:

A área estudada apresenta-se como uma formação com dominância expressiva de duas espécies consideradas pioneiras - a Curatella americana e a Vochysia tucanorum (Lorenzi, 1998). Em alguns locais da amostragem, predominam espécies arbóreas em fase de crescimento, formando verdadeiras “capoeiras”; provavelmente o aparecimento dessas “capoeiras” se deva ao fato da área estudada apresentar um grau relativo de revegetação, uma vez que por informações verbais obtidas, trata-se de uma área que já sofreu desmatamento por ação antrópica. Por este motivo, um aspecto a ser revisto é o critério de inclusão para as amostragens fitossociológicas, que não foi satisfatório para a área, pois não amostrou espécies arbóreas típicas de cerrado, que por apresentar-se em fase de crescimento, não satisfaziam os critérios estabelecidos para a inclusão. A área escolhida para o estudo pertence a uma Instituição de Ensino do Exército Brasileiro, e é um dos últimos remanescentes de cerrado inserido no perímetro urbano de Campo Grande, juntamente com a Reserva do Parque dos Poderes e o Jardim Botânico. A caracterização de áreas como esta no CMCG cria subsídios para a conscientização dos alunos e da comunidade em geral, colaborando para evitar a perda destes espaços de diversidade de flora e fauna.

Instituição de fomento: Colégio Militar de Campo Grande/CMCG
 
Palavras-chave: Cerrado; Fitossociologia; Campo Grande.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006