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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 2. Currículo

O IDEAL X O REAL NA PREPARAÇÃO DE FUTUROS PROFESSORES: A SALA DE AULA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

Izabel Christine Seara 1
Celina Ramos Arruda Macedo 2
(1. Departamento de Metodologia de Ensino, Centro de Ciências da Educação, UFSC; 2. Colégio de Aplicação, Centro de Ciências da Educação, UFSC)
INTRODUÇÃO:

Neste estudo, busca-se apresentar reflexões sobre a atuação do professor pré-serviço, tendo como foco a sala de aula de língua estrangeira (LE). Nossas experiências com formação inicial de professores nos mostraram que o curto tempo do estágio e a idealização da sala de aula nas disciplinas teóricas têm trazido dificuldades ao nosso aluno, pois ele não consegue se adaptar ao contexto em que se insere para realizar seu estágio Tem-se observado que, independentemente da preparação que o aluno obtenha nas disciplinas que são pré-requisitos para a prática de ensino ou para o estágio supervisionado, ele ainda chega com um olhar para a sala de aula bastante distante daquele que deveria ter. Nosso estagiário (futuro-professor), muito freqüentemente, não tem conseguido fazer as adaptações às características de seus alunos. As novas Diretrizes Curriculares Nacionais, levando em consideração as demandas anteriores por mais horas de prática em sala de aula, aumenta consideravelmente a carga horária das disciplinas de prática de ensino e de estágio supervisionado e inclui a carga horária das práticas como componentes curriculares. Essa nova demanda nos levou, apesar de ainda não implantadas em nossa universidade, a configurar um curso de Metodologia de Ensino e de Estágio Supervisionado nos moldes da nova proposta curricular. Este estudo apresenta então os resultados obtidos a partir dessa maior aproximação do futuro professor da sala de aula "real".

METODOLOGIA:

Duas equipes de estudantes da sétima fase do Curso de Letras-Francês, compostas de dois estudantes cada uma, foram convidadas a fazer parte desta pesquisa. Nela, os graduandos iniciam suas experiências em sala de aula, não como meros observadores, mas como observadores-participantes. Entram em contato com a sala de aula real já na disciplina de Metodologia de Ensino. Assessorados pela professora de francês de duas turmas de ensino médio e pela supervisora de estágio, os estagiários assistiram, discutiram e prepararam material para as atividades a serem desenvolvidas no ano em curso, deixando de lado a atitude passiva de observação e crítica, para uma atitude mais ativa de observação, crítica e ação. Foram realizadas várias reuniões que seguiam as práticas dos estagiários para que se pudesse discutir e refletir sobre os encaminhamentos propostos e de fato aplicados. Esta pesquisa foi desenvolvida durante os dois semestres de 2005. Nela, o foco está na possibilidade de se modificar a situação dos professores pré-serviço, transformando-os em investigadores de sua própria prática pedagógica e não apenas críticos da prática pedagógica do professor de sala de aula.

RESULTADOS:

Nas aulas ministradas pelos estagiários, pode-se observar uma mudança de atitude, dando espaço a professores mais confiantes em sua prática pedagógica e também mais abertos às críticas de suas próprias aulas, discutindo-as e buscando soluções melhores do que as apresentadas no momento de atuação. Dessa forma, a observação participante junto ao professor da sala de aula motivou os estagiários já que a interação com os alunos foi bem maior do que aquela obtida no formato antigo da prática de ensino em que o estagiário tinha contato com os alunos em geral por apenas quatro semanas. Um ponto bastante salientado nas discussões sobre o ensino é que apenas conhecimento da LE não é suficiente para se obter bons resultados e que é necessária uma boa relação de afetividade. O que foi obtido, a partir do contato iniciado no primeiro semestre do ano letivo. Um problema que os estagiários tiveram de lidar foi a adaptação de atividades de um método de ensino de francês, para os alunos da classe, uma vez que, a partir do segundo semestre, a professora da classe adotou um método de ensino de francês em função da abertura do laboratório de línguas do colégio. O método disponível no momento era o mesmo aplicado no curso de graduação da Universidade. Assim, muitas das atividades tiveram de ser adaptadas ao nível dos alunos de cada classe e isso foi efetuado pelos próprios estagiários.

CONCLUSÕES:

Esta experiência trouxe resultados bastante positivos, visto que os estagiários agora têm de fato uma visão mais real da vida escolar e do ensino. Os futuros professores puderam analisar, avaliar e criticar suas práticas de ensino de forma consistente, sustentados pelas teorias e metodologias vistas nas aulas de metodologia de ensino. Puderam ainda sugerir intervenções formuladas de acordo com as dificuldades encontradas. A partir de toda essa trajetória, notou-se que os estagiários passaram a ver o outro e a escutá-lo, seja o professor da classe ou seu próprio aluno. Assim, no próximo semestre, novamente será aplicada esta experiência, levando-se em conta os fatores que trouxeram perturbações à prática de sala de aula, tais como: indisciplina, profundidade do conteúdo a ser ministrado, apresentação da cultura estrangeira sem juízos de valor, dentre outros. Ou seja, esses fatores serão melhor discutidos para que não venham a intimidar os estagiários dado o desconhecimento de algumas práticas que podem auxiliar na resolução dessas situações.

 
Palavras-chave:  francês; sala de aula; observação-participativa.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006