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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)

Formação continuada de professores alfabetizadores: limites e possibilidades

 

Maria Luiza de Souza Andrade  1
Maria Cristina Corais 2
Gisele Bastos Tavares Duque 2
(1. ESCOLA DE EDUCAÇÃO UNIGRANRIO/FACULDADE DE EDUCAÇÃOUERJ/FEBF; 2. ESCOLA DE EDUCAÇÃO UNIGRANRIO)
INTRODUÇÃO:

Hoje, a escola pública se constitui como espaço de novas configurações sociais e culturais, acolhendo os antes excluídos do processo sistematizado de ensino-aprendizagem, o que exige dos profissionais maior preparo, melhor formação. Neste sentido esta pesquisa volta-se para a análise da profissão docente, as questões pertinentes à formação continuada de professores das séries iniciais e o papel importante que esta pode desempenhar na melhoria da qualidade da escola pública e na construção da profissão docente. Realizada através do Núcleo de Pesquisas da Faculdade de Educação da UNIGRANRIO, com o apoio da FAPERJ, desenvolveu-se no Município de Duque de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro. Em sua primeira fase (2003/2004) a pesquisa concentrou-se na formação inicial dos professores, tomando como base para o trabalho de campo os formandos dos Cursos de Formação de Professores da rede pública em nível médio (principal modalidade oferecida em Duque de Caxias). Na segunda fase (2004/2005), buscou conhecer o que pensam os professores alfabetizadores da rede pública municipal sobre a formação continuada, quais suas expectativas e necessidades, bem como a avaliação que fazem sobre a formação oferecida pela Prefeitura de Duque de Caxias. Aqui apresentamos os resultados dessa segunda fase.

METODOLOGIA:

Aplicação de questionário a 219 professores distribuídos uniformemente entre os quatro distritos do município, composto dos seguintes itens: 1- Como avalia a qualidade do Curso Normal que concluiu? 2- A formação para trabalhar com alfabetização fez parte do currículo de seu Curso Normal ? Em caso afirmativo, avalie a contribuição desta formação para você assumir uma turma de alfabetização. 3- Que grau de importância você atribui à Formação Continuada para o seu desempenho profissional? 4- Você tem freqüentado eventos de formação continuada? 5- Indique qual(is) fator(es) tem dificultado sua freqüência em eventos de Formação Continuada. 6- Como avalia a Formação Continuada oferecida pela Prefeitura de Duque de Caxias aos professores que atuam no Ciclo de Alfabetização? 7- Quando você assumiu turmas para alfabetizar no Ciclo, sentiu necessidade de orientação quanto à prática alfabetizadora? 8- Das atividades de formação continuada (palestras, oficinas, cursos etc.) oferecidas pela Prefeitura de Duque de Caxias, qual a que mais contribuiu para sua prática alfabetizadora? Por quê? 9- Para elaboração das atividades de formação continuada oferecidas aos professores do Ciclo de Alfabetização sua opinião tem sido considerada? 10- Que sugestão(ões) você gostaria de apresentar para que as atividades de formação continuada tenham uma efetiva contribuição para sua prática alfabetizadora?

RESULTADOS:

A quase totalidade dos professores participantes da pesquisa (99,1%), considerou a formação continuada importante ou muito importante para seu desempenho profissional. A formação continuada promovida pela Secretaria de Educação foi considerada  boa (41%) ou muito boa (25%). A categoria “regular” (17,4%) apareceu em terceiro lugar. Em relação às estratégias de formação continuada adotadas pela Secretaria de Educação, foram considerados positivos: os seminários anuais, as palestras, a garantia de grupos de estudo nas escolas, uma ou até duas vezes por mês, e projetos como “De professor para Professor” e os cursos do PROFA – Programa de Formação de Professores Alfabetizadores, inicialmente oferecido em parceria com o MEC e, no momento, mantido por iniciativa da Secretaria de Educação. Quanto à freqüência em eventos de formação continuada, a maioria dos respondentes (80,8%) gostaria de ter uma freqüência maior. Como possíveis dificuldades a esta participação apontam: o número reduzido de vagas em eventos ou cursos gratuitos (35,7%), falta de tempo (22,3%), falta de liberação do serviço (9,3%) e a distância dos eventos (4,4%). Tomando como referência a classificação que Nóvoa (1991) atribui aos modelos de formação continuada, podemos dizer que a maior parte das atividades de formação continuada do município de Duque de Caxias, inclui-se no grupo dos modelos estruturantes, pois é neste que se incluem as formações continuadas inspiradas pela necessidade de introduzir novos métodos ou implantar reformas educativas. Boa parte das atividades de formação em serviço oferecidas aos professores de Duque de Caxias tem como focos principais a reformulação curricular da Educação Infantil ao Ensino Fundamental e o fortalecimento do Ciclo de Alfabetização.

CONCLUSÕES:

Ainda que estratégias como seminários, oficinas ou a formação no curso PROFA devam ser mantidas e ampliadas, não se pode esperar que os investimentos apenas nas questões teórico/metodológicas, por si, operem as mudanças desejadas. É necessário investir na pessoa do professor e na profissão docente. A busca pela autonomia (Contreras, 2002) passa pelo fortalecimento dos locais de trabalho dos professores, ou seja, das escolas. A manutenção dos grupos de estudos nas escolas de Duque de Caxias é uma importante estratégia no conjunto das que caracterizam a formação continuada no município, no entanto, é necessário maior investimento nos projetos de formação das escolas, viabilizando (com recursos) o percurso formativo que cada uma buscar trilhar. Defender a escola como espaço privilegiado de formação contínua não significa desconsiderar outras instâncias de formação, como os espaços oferecidos pelas universidades, instituições culturais, científicas, artísticas etc. e aquelas articuladas pelos próprios sistemas de ensino. O importante é que estas não se dissociem da escola e concebam o professor como sujeito que faz parte de um coletivo.

Instituição de fomento: FAPERJ
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave:  Formação continuada ; Alfabetizadores; Políticas públicas.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006