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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia

Avaliação de danos foliares em Smilax campestris Griseb. (Smilacaceae) nas dunas da Praia da Joaquina, Ilha de Santa Catarina, SC.

Lúcia Helena Gütschow Bento  1
Thaís Guimarães 2
Karina Vanessa Hmelevski  2
Ghislaine Lobo  2
Tânia Tarabini Castellani  1
Benedito Cortês Lopes  1
(1. Departamento de Ecologia e Zoologia – CCB – UFSC ; 2. Departamento de Botânica – CCB – UFSC)
INTRODUÇÃO:

Smilax campestris Griseb., conhecida popularmente como “salsaparrilha” ou “japecanga”, possui ampla distribuição no Brasil. É uma erva dióica, rizomatosa com hábito trepador, que, nas dunas da Praia da Joaquina,  assume um porte prostrado nas áreas com vegetação predominantemente herbácea. Suas folhas são simples, com filotaxia alterna, podendo variar de elípticas, obovadas a oblongas e sua consistência é coriácea. Seu fruto é uma baga e seus ramos e folhas podem ser aculeados ou não. Na medicina popular, seu rizoma é utilizado por suas propriedades antioxidante, anti-reumática, depurativa e diurética. Devido à grande ocorrência desta espécie nas restingas da Ilha de Santa Catarina, este trabalho teve por objetivo avaliar aspectos morfológicos nas populações de S. campestris em diferentes coberturas vegetais, avaliar e identificar temporalmente os tipos de danos foliares ocorridos e relacionar a oferta de recursos com as interações interespecíficas detectadas.

METODOLOGIA:

O estudo foi realizado nas da dunas da Praia da Joaquina (27º36’S e 48º27’W), Ilha de Santa Catarina, SC. Foram amostradas duas populações (P1 e P2) de S. campestris (n=30 rametos cada). Foi considerado como um rameto toda a parte aérea originada de uma gema do rizoma. Foram realizadas duas amostragens, uma na primavera de 2004 e outra na de 2005, ambas no mês de novembro. P1 estava localizada em um hábitat com vegetação esparsa (área aberta) e P2 localizada em um hábitat com densa vegetação associada (área fechada). Os rametos foram amostrados aleatoriamente e dados referentes ao estádio reprodutivo, número total de folhas, número total de folhas danificadas e tipos de danos foram avaliados.

RESULTADOS:

No ano de 2004 foi observado um número total (n=60 rametos) menor de indivíduos férteis (11,7%), de folhas amostradas (1359 folhas) e folhas com danos (26,3%), em comparação a 2005, onde o registro de indivíduos férteis (36,7%), o número de folhas amostradas (3129 folhas) e folhas com danos (31,6%), foram superiores. Os tipos de danos foliares encontrados foram causados por organismos minadores, galhadores, por fungos e por uma lagarta de lepidóptero. Destes, os mais freqüentes nos rametos amostrados em 2004 foram, respectivamente, fungos (70% área aberta e 90% área fechada) e os causados pela lagarta de lepidóptero (36,7% área aberta e 63,3% área fechada). No ano subseqüente, os valores para fungos aumentaram (96,7% área aberta e 100% área fechada) e os da lagarta de lepidóptero (53,3% área aberta e 46,7% área fechada) reduziram em uma das áreas. Danos por fungos e por lagarta também foram os mais freqüentemente encontrados, considerando-se as porcentagens de folhas danificadas no ano de 2004: fungos (12,1% área aberta e 20,7% área fechada); lagarta de lepidóptero (5,6% área aberta e 8,9% área fechada). Já em 2005, a maioria das folhas danificadas estavam com fungos (28,4% área aberta e 32,7% área fechada). Em contrapartida os danos por lagarta de lepidóptero (2% área aberta e 3% área fechada) foram bem inferiores. Danos por minadores e galhadores afetaram no máximo 2,9% das folhas em 2004 e 0,5% em 2005.

CONCLUSÕES:

: De acordo com os resultados obtidos, o maior número de folhas encontrados nos rametos no ano de 2005 pode estar relacionado ao alto índice pluviométrico ocorrido nas duas estações anteriores (outono e inverno) à estação de estudo (primavera), em comparação a 2004. Sugere-se que a maior quantidade de chuva pode ter permitido um maior brotamento de folhas, neste ambiente xerofítico estudado. Observou-se também, que danos por fungos e lagartas ocorreram mais freqüentemente nas áreas fechadas, o que propicia uma maior proteção e um meio físico mais ameno a esses agentes. Apesar de fungos e lagartas de lepidóptero serem os mais freqüentes, o fungo foi o maior causador de danos, tanto para a porcentagem de indivíduos danificados quanto para as folhas com danos. O alto índice pluviométrico ocorrido em 2005 também pode ser a explicação para o aumento desses danos neste ano, pois a maior umidade no ambiente, poderia ter favorecido a contaminação por fungos e, por outro lado, chuvas constantes poderiam ter afetado negativamente a oviposição de lagartas.

Instituição de fomento: Pós-Graduação em Biologia Vegetal - UFSC
 
Palavras-chave: Smilacaceae; interação interespecífica; danos foliares.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006