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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
A INTERAÇÃO COMUNICATIVA DO SURDOCEGO: A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS ADAPTADAS, RE-SIGNIFICANDO AS ESTRATÉGIAS DE ENSINO
Sandra Regina Stanziani Higino Mesquita 1
(1. Mackenzie/orientadora: Masini, Elcie Salzano/ Mestre:Mesquita,Sandra R. S. H. )
INTRODUÇÃO:

Levando em conta as potencialidades dos indivíduos esta é uma proposta de busca de novas alternativas de atuação educacional junto a pessoas surdocegas, cuja pergunta diretriz é:com ampliar a interação comunicativa do surdocego? Essa ampliação da comunicação poderia fazer uso da arte de contar histórias a partir da linguagem dos indivíduos surdocegos propiciando condições para seu desenvolvimento pessoal e suas escolhas futuras? Esse questionamento levou-nos a traçar os seguintes objetivos: adaptar, descrever e avaliar o trabalho com histórias em sala de aula, buscando ampliar a interação comunicativa com alunos surdocegos, como recursos para desenvolvimento desses alunos. Considerando o ambiente em que a pessoa está inserida, adequando o processo de aprendizagem às suas características e necessidades, procuramos recursos que propiciassem os educadores o reconhecimento de que a aprendizagem não acontece de forma isolada ou mecânica, mas está presente nas inter-relações que se estabelecem entre as pessoas envolvidas.

 

METODOLOGIA:

Procuramos realizar uma investigação seguindo as características básicas da pesquisa qualitativa. A pesquisa foi realizada na AHIMSA-Associação educacional para deficiente Múltiplo, onde a coleta de dados ocorreu de forma direta, respeitando o espaço natural, acompanhando a experiência diária dos sujeitos envolvidos por meio de filmagens gravadas em vídeos e fotos de situações vivenciadas e relatos descritivos das observações ao longo do processo. Tratando-se de pessoas surdocegas, os temas encontrados nos livros de histórias deverão ser trabalhados de forma adaptada, porém o mais próximo da realidade das mesmas, sendo consideradas as especificidades de cada uma. Assim parte-se do concreto para o simbólico, fazendo uso de diferentes materiais, que poderão ser explorados em suas texturas, cores, odores, contrastes... que poderão favorecer a compreensão da pessoa que estiver em contato com a história.

RESULTADOS:

A análise realizada seguiu as diretrizes de Ludcke e André (1986) de trabalhar com todo material, assim incluiu-se todas as informações levantadas durante a pesquisa: dos planejamentos; da organização dos conteúdos obtidos nos registros dos relatos; das folhas de observação das atividades; das filmagens e fotos; da ordem cronológica dos encontros realizados; das manifestações ocorridas nas situações em que era contada a história, envolvendo pausas, silêncios, manifestações corporais... durante a coleta de dados. Organizei dois quadros ( Tipos de Comunicação e Participação nas atividades) respeitando as especificidades de cada um dos alunos de maneira que nos auxiliassem na visualização das possibilidades dos envolvidos. Os quadros evidenciaram a atenção para as formas peculiares de comunicação dos alunos, mostrando a professora e a aplicadora, enquanto mediadoras, a compreensão que cada ato realizado pela criança surdocega provinha de significados que foram construídos por ele e não impostos dando-lhes a oportunidade de se manifestarem no contexto em que estavam inseridos.

CONCLUSÕES:

 

Esperando contribuir para um maior conhecimento e troca de experiências sobre o tema estudado, essa pesquisa teve a preocupação de reiterar a importância de se adaptar estratégias de ensino no trabalho com as pessoas surdocegas procurando ampliar a interação comunicativa. Lançando mão da arte de contar histórias, como um caminho para ensinar-lhes coisas sobre o mundo, busca por meio de diferentes recursos propiciarem as crianças envolvidas vivenciar o mundo da fantasia da mesma forma que o oferecido a qualquer criança. Para nós pesquisadores, esse trabalho tem um significado muito importante: a importância de respeitar todo ser humano de forma única e singular e que essa poderá ser uma das primeiras condições para se proporcionar uma aprendizagem significativa. O rompimento com paradigmas nos deu liberdade para aprender a viver com o outro, aprender que as relações humanas são mais amplas do que a utilização de modelos prontos. Vivenciamos o significado de estarmos comprometidos com o despertar da percepção, afetividade, entusiasmo, intuição que são partes integrantes de todo ser. Essa pesquisa evidenciou para nós que o trabalho com

 o surdocego poderá tornar-se significativo quando criarmos vínculos seguros e consistentes oferecendo-lhes elementos para construção de sua memória e identidade, aprimorando-se e encontrando suas próprias possibilidades e limites e não os impostos pelos videntes e ouvintes.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: surdocegueira; comunicação; estratégias de ensino.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006