A reabilitação do sistema estomatognático, no que diz respeito a defeitos ósseos, tem sido cercada de dificuldades, dentre elas a obtenção de tecido ósseo em quantidade suficiente e a alta morbidade de procedimentos cirúrgicos convencionais para a obtenção de enxertos. A distração osteogênica é uma técnica utilizada para a correção de deformidades faciais, seqüelas oncológicas na face, deficiências transversais dos maxilares e anquiloses temporomandibulares. Os laseres ditos terapêuticos ou não-ablativos demonstram efeitos biomoduladores positivos no processo de cicatrização de feridas produzidas no tecido ósseo, além de estimular a cicatrização de tecidos moles. No entanto, a sua aplicação na técnica de alongamento ósseo por tração osteogênica, que apresenta características distintas das observadas na regeneração de fraturas ósseas, ainda não foi bem observada. Utilizando testes de resistência mecânica, este estudo propôs-se a verificar os efeitos do laser diodo de Arseneto de Gálio-Alumínio (AsGaAl) quando aplicado em diferentes períodos do alongamento ósseo: ativação e contenção.

Para análise dos resultados foram utilizados ensaios mecânicos de tração e avaliação macro e microscópica. Analisando os espécimes macroscopicamente, as mandíbulas apresentavam-se corticalizadas, com sinais de formação óssea no sítio de alongamento, traduzida por irregularidades da superfície, compatível com um calo ósseo. Por meio das radiografias obtidas, após a morte dos animais, observou-se imaturidade do processo de neoformação óssea. Quando os corpos de prova foram submetidos a ensaios mecânicos observou-se um aumento significativo na resistência mecânica à tração das mandíbulas alongadas que sofreram irradiação com Laser (P=0,028 - ANOVA). Após 21 dias de consolidação, o grupo irradiado durante o período de ativação foi o que apresentou maior resistência à tração em relação ao grupo controle. Nos achados histológicos deste grupo, verificou-se a marcada presença de volumosas trabéculas ósseas jovens, ausência de tecido conjuntivo fibroso denso com deposição de matriz osteóide, apresentando, entretanto, áreas com formação de tecido cartilaginoso e um padrão de ossificação endocondral.

De acordo com os valores atribuídos ao esforço, confirmado pelos achados microscópicos, nota-se a evidente diferença entre os grupos, com superioridade dos grupos experimentais sobre o grupo-controle, denotando o efeito biomodulador positivo do laser terapêutico AsGaAl sobre o processo de neoformação e regeneração óssea quando aplicado neste protocolo de irradiação. Conclui-se também que a laserterapia é mais benéfica no período de contenção, pois neste período não houve interferência no padrão de ossificação.