Nos últimos anos têm-se observado uma ampliação da produção agrícola na região do entorno de Vitória da Conquista. Esta atividade vem despertando atenção do poder público municipal pelo seu potencial de geração de emprego e renda no campo, permitindo maior sustentabilidade para a agricultura familiar.  Entretanto, a falta de conhecimento dos sistemas de produções adotados, tanto no contexto específico do trabalho, como na disponibilidade de recursos tecnológicos apropriados, limita a implementação de programas de acompanhamento técnico. O conhecimento da realidade destes agricultores permitirá estruturar propostas de comercialização e distribuição da produção agrícola, o que será de grande importância para reduzir as perdas pós-colheita e melhorar os resultados auferidos.

O presente trabalho foi elaborado com o intuito de analisar os principais sistemas produtivos existentes na região pesquisada, buscando compreender melhor sua complexidade e a diversidade de atividades desenvolvidas pelos agricultores familiares.

Durante os meses de Janeiro e Fevereiro de 2006 foram realizadas visitas para observação sistemática, entrevistas e aplicação de questionários nas localidades existentes no entorno do município de Vitória da Conquista (Barrocas, Campinhos, Simão, Estiva, Lagoa das Flores, Malhada, Pradoso, Saguim, Baixão, São Sebastião – e assentamentos: Amaralina, União e Força, Casulo e Paixão).

Com o intuito de analisar os sistemas de produção existentes, foram aplicados 300 questionários pré-estruturados junto aos agricultores, priorizando as pequenas propriedades rurais que utilizam o modo de produção da agricultura familiar. Foram realizadas entrevistas com pessoas mais idosas da comunidade, com profissionais da área de ciências agrárias e proprietários de lojas de produtos agropecuários, com o propósito de complementar e validar as informações obtidas nos questionários.

Os dados obtidos foram agrupados e tabulados em planilhas de Excel e posteriormente analisados quantitativa e qualitativamente.

Foi observado que quase todas as propriedades (92,2%) são administradas pelos proprietários. As famílias são numerosas (38,5%) constituídas por mais de sete pessoas. Em 88,9% das propriedades, o trabalho é familiar, ainda que a contratação de diaristas no plantio e na colheita seja corriqueira (42,9%).

A busca por atividades externas visando o aumento de renda envolve 35,47% dos moradores das propriedades, enquanto que 31,8% das famílias têm algum membro que migrou para grandes centros.

Aproximadamente 65% das propriedades são menores que 3ha, e se caracterizam por serem intensamente cultivadas, pois muitos agricultores (69,9%) utilizam mais de 70% da área. As principais culturas exploradas são: mandioca-20,3%, feijão-16,2%, fruticultura em geral e gramíneas-11,1%, horticultura-9,2% e café-8,8%. 

A agricultura predominante é de subsistência, o que resulta no fato de 57,1% dos produtores declararem renda média mensal que varia de R$250,00 a R$400,00. Quanto à comercialização, 45,9% vendem para atravessadores, 15,5% para donos de estabelecimentos e 20,3% diretamente para o consumidor.

Notou-se um desconhecimento de técnicas agrícolas básicas, pois 70% dos produtores não fazem rotação nem consorciação de culturas, o que demonstra a falta de assistência técnica, presente em apenas 4,5% das propriedades. Este percentual certamente poderia ser maior, se os produtores fossem organizados socialmente, pois apenas 31,4% participam de associações e/ou cooperativas.

Os resultados permitem concluir que o sistema agrário predominante na região rural-urbana do município de Vitória da Conquista- Ba é típico da agricultura familiar, com atividades agrícolas diversificadas que tentam otimizar os recursos disponíveis e aumentar a renda do pequeno produtor.

O desconhecimento de tecnologias apropriadas, associado ao acesso limitado à assistência técnica- condicionantes de baixa produtividade -aparenta servir de estímulo à busca por rendas exógenas para complementar o orçamento familiar, apesar da remuneração do trabalho humano nestas propriedades garantirem condições mínimas de sobrevivência.

Os produtores não relataram dificuldades no escoamento da produção, o que certamente tem influenciado a existência de um índice relativamente baixo de êxodo rural nas comunidades estudadas.

Instituição de fomento: Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Vitória da Conquista- Ba e UESB

Trabalho de Iniciação Científica