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F. Ciências Sociais Aplicadas - 5. Arquitetura e Urbanismo - 5. Arquitetura e Urbanismo

ARQUITETURA EM ENCOSTAS

Paulo Roberto Corrêa 1
Maria Augusta Justi Pisani 1
Valter Caldana 1
Joan Villà 1
João Graziosi 1
(1. Universidade Presbiteriana Mackenzie)
INTRODUÇÃO:

As encostas estão associadas a situações de equilíbrio precário, sendo que sua estabilidade está diretamente relacionada às características físicas (relevo, solos, vegetação, forma, drenagem, lençol freático, etc.) e antrópicas (usos urbanos, edificações com formas, materiais e técnicas impróprios, desmatamentos, falta de redes de drenagem de águas servidas e pluviais, infiltrações, aterros e cortes, etc.).

 

Farah (2003) relata a estruturação espacial urbana brasileira, associada a sítios urbanos montanhosos desde o início da colonização, e a passagem deste tipo de apropriação espacial para os terrenos (ideais) planos, a partir dos Congressos de Arquitetura (CIAM) e da Carta de Atenas, apregoando os padrões urbanos em planaltos ou planícies, tendo como expoente deste pensamento o urbanismo de Lúcio Costa em Brasília.

 

Atualmente o tema é tratado em linhas específicas de pesquisa, nas quais a característica multidisciplinar ou “transdisciplinar” é evidenciada, envolvendo profissionais como Arquitetos e Urbanistas, Engenheiros, Geógrafos, Geólogos e Sociólogos, incluindo profissionais da área de Defesa Civil. Dentro deste entendimento, o papel do Arquiteto e Urbanista tem sido claro e passa não só pelos planos urbanos mas, principalmente, pelo projeto e construção da arquitetura, que tem a missão de responder a este enfrentamento físico e espacial sem esquecer as questões estéticas e formais.
METODOLOGIA:

O desenvolvimento da pesquisa adotou os seguintes procedimentos metodológicos:

- Identificação e seleção das publicações nacionais sobre projetos arquitetônicos, obras e protótipos realizados em encostas no Estado de São Paulo;

- Elaboração de retrospectiva histórica da ocupação das encostas brasileiras;

- Análise dos aspectos formais das referências arquitetônicas;

- Identificação e análise da legislação nacional, estadual e municipal (São Paulo), que se refere ao uso e ocupação de encostas;

- Identificação e estudo “in loco” de obras pré-selecionadas, levando em consideração sua relevância em relação ao tema. Nesta fase foram realizados fotografias, desenhos e levantamentos de campo;

- Análise dos materiais e técnicas construtivas adotadas nas soluções arquitetônicas estudadas;

- Identificação das soluções formais e construtivas e avaliação do potencial das propostas utilizadas;

- Identificação dos critérios gerais e específicos para a realização de projetos e obras em encostas, visando à realização de intervenções mais adequadas às características físicas específicas de encostas;

- Estabelecimento de parâmetros apropriados considerando-se o atendimento dos objetivos anteriormente identificados.
RESULTADOS:

O resultado principal desta investigação está relacionado com a definição de alguns parâmetros metodológicos que procuram contribuir para a produção de projetos urbanístico-arquitetônicos mais adequados, tanto no âmbito acadêmico quanto no âmbito profissional, quando destinados a intervir em áreas de encostas. Portanto, esta pesquisa contribui também com o estabelecimento de parâmetros que auxiliem a elaboração em todas as etapas do fazer arquitetônico, ou seja, da definição do partido de projeto à execução da obra.

 

Para tanto, os parâmetros propostos estão relacionados a: movimentação de terra, drenagem, vegetação (existente e a ser plantada), ventilação e iluminação natural, inserção do objeto urbanístico-arquitetônico com o entorno, acessos, materiais construtivos e técnicas construtivas que minimizem os impactos.
CONCLUSÕES:

Em que pese o estabelecimento de parâmetros que colaborem com a elaboração de projetos urbanístico-arquitetônicos mais adequados para as situações de encostas, não podemos nos esquecer que as características naturais dessas conformações morfológicas devem ser estudadas caso a caso e de forma minuciosa, tendo em vista que tanto os projetos quanto as técnicas e materiais construtivos devem ser compatibilizados, de forma a evitar as causas antrópicas que agravam a instabilidade dessas áreas.

BIBLIOGRAFIA

AFONSO, Sonia. Urbanização de Encostas: Crises e Possibilidades. O Morro da Cruz como referencial de projeto de arquitetura da paisagem. Tese de Doutorado. FAUUSP - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 1999.

ANDRADE, Francisco P.D. Subsídios para o estudo da influência da legislação na ordenação e na arquitetura das cidades Brasileiras. Tese de Doutorado, EPUSP - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1966.

CARVALHO, P.A.S. Gerenciamento de riscos geotécnicos em encostas urbanas: Uma proposta baseada na análise de decisão. Tese de Doutorado. EPUSP - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.

CERRI, L.E.S. Subsídios para a seleção de alternativas de medidas de prevenção de acidentes geológicos. Livre Docência, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP, São Carlos, 2001.

CUNHA, M.A. (Coordenação) Ocupação em Encostas. Manual. São Paulo: IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, 1991.

FARAH, Flávio. Habitação e encostas. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT, 2003. (Publicação IPT; 2795)

GIACOMINI, Fernanda Corrêa. Além das palafitas: a espacialidade de edificações em encostas e sua relação com a legislação de Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG,  Minas Gerais, 2003.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Loteamentos em áreas de declividade acentuada: Subsídios à elaboração de projetos. Anexo 1.São Paulo, IPT, 1984. Relatório IPT nº. 19.817.

PISANI, Maria Augusta Justi. Áreas de risco (associado a escorregamentos) para a ocupação urbana: detecção e monitoramento com o auxílio de dados de sensoriamento remoto. Tese de Doutorado. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - EPUSP, 188p.

PISANI, Maria Augusta Justi. Características Naturais e antrópicas agravantes nos processos de escorregamentos em encostas urbanas.  In: Revista Sinergia, CEFET-SP Centro Federal de Educação Tecnológica, vol.4 nº. 2, 2003, p. 99-103. ISSN 1677-499X

Instituição de fomento: MACKPESQUISA - Fundo Mackenzie de Pesquisa
 
Palavras-chave: encostas / arquiteturas de encostas ; construções em encostas; áreas de risco.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006