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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva

Higiene e Saúde nas escolas públicas: I. O que os escolares pensam disso?

Inês de Oliveira Maia  1
Aurelita Assis Formiga 1
Lia Tácia Costa Cavalcante 1
Roberto Mendes dos Santos  1
Wilson Eduardo Cavalcante Chagas  1
Cristine Hirsch Monteiro  2
(1. Graduando(a) do curso de Medicina da Universidade Federal da Paraíba / UFPB; 2. Professora Doutora Adjunta do Departamento de Fisiologia e Patologia - CCS/ UFPB)
INTRODUÇÃO:

Muito se fala da prevenção como a maior arma da saúde, e o entendimento do processo saúde-doença cada vez mais cedo na formação do profissional de saúde tem sido colocado como ponto chave dos novos currículos. A idéia é que esse profissional precisa ajudar a manter a saúde evitando que a doença chegue. A maneira mais direta de se executar tal tarefa é conviver nas comunidades, identificando demandas e divulgando estratégias de promoção da saúde baseadas na profilaxia e cuidados básicos com a higiene pessoal e coletiva. Crianças e adolescentes são, ao mesmo tempo, reflexo de suas famílias e instrumento de disseminação de idéias entre seus pais e familiares. O levantamento de dados acerca de como se encontram as práticas de higiene entre os escolares permite perceber, de forma indireta, as relações e necessidades da comunidade onde estão inseridos e, a partir daí, elaborar estratégias para conscientização das crianças, que levarão os novos conhecimentos adquiridos para suas casas. O objetivo do nosso trabalho foi identificar os aspectos negativos relativos aos cuidados básicos de higiene e a transmissão de doenças no ambiente da escola a fim de permitir a elaboração de estratégias de intervenção.

METODOLOGIA:

O universo foi composto por 1128 componentes sendo 986 alunos, 94 professores e 48 funcionários. A coleta de dados foi realizada com uma amostra de 44 indivíduos selecionados de forma aleatória, sendo 35 deles alunos da primeira e segunda fase do ensino fundamental, 3 professores e 6 funcionários. A amostra foi abordada sob a forma de entrevista que se deu durante o mês de abril de 2005. O formulário utilizado na entrevista analisou as seguintes variáveis: grupo do entrevistado (professor, aluno ou funcionário); opinião do entrevistado quanto à situação de higiene de diversos ambientes da escola; participação do entrevistado na manutenção da limpeza da escola (mutirão de limpeza, uso de lixeiras e papel higiênico); hábitos relacionados à higiene e saúde do entrevistado; conhecimento do mesmo acerca das possibilidades de contaminação e transmissão de doenças no ambiente escolar.

RESULTADOS:

Diante dos questionários devidamente preenchidos pudemos verificar que em relação à limpeza nos ambientes da escola, as principais deficiências se concentram nos banheiros do ensino médio e da 2ª fase do ensino fundamental (81% com notas ruim e regular). As salas de aula, pavilhão e banheiros da 1ª fase obtiveram um equilíbrio entre os conceitos bom/ótimo e ruim/regular. Quanto à manutenção da limpeza na escola, apesar de 50% dos alunos terem afirmado que o lixo é sempre jogado nas lixeiras e que o uso do papel higiênico é correto (sem desperdício), foi unânime entre os funcionários a declaração de que o lixo nem sempre é jogado nas lixeiras (100,0%) e de que há desperdício de papel higiênico (88,9%). Cerca de 44,4% dos funcionários afirmaram participar do mutirão de limpeza promovido regularmente pela escola, mas somente 20,0% dos alunos afirmaram participar do mesmo. Entre os alunos houve o relato de hábitos de colocar algum objeto na boca (60%) ou roer as unhas (50,0%), sendo que a maioria dos escolares declarou lavar as mãos depois de ir ao banheiro (90,0%), enquanto apenas 45,0% afirmaram fazê-lo antes das refeições. Interessante foi constatar que, enquanto 70,0% dos escolares e 44,4% dos funcionários declararam que podem contrair alguma doença na escola, uma grande maioria de alunos (73,9%) e funcionários (66,7%) declarou não ser responsável pela contaminação do ambiente da escola.

CONCLUSÕES:

Com estes resultados pudemos confirmar que as crianças ainda possuem maus hábitos de higiene, ratificando a necessidade do desenvolvimento de campanhas de esclarecimento junto aos escolares e até mesmo aos funcionários sobre suas responsabilidades para com o ambiente escolar, seu papel como fonte de contaminação e da possibilidade de prevenção da transmissão de várias enfermidades no ambiente da escola.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: higiene; prevenção; escolares.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006