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C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia

ESTUDO DO EFEITO ANTIMICROBIANO DE Schinus terebinthifolius SOBRE Staphylococcus aureus EM INFECÇÕES CUTÂNEAS

Aruana Neves Salvador de Alcântara  1
Aurenita de Assis Formiga  1
Cinira Leal  1
Milana Ramos Santana Drumond  1
Wilton Wilney Nascimento Padilha  1
(1. Universidade Federal da Paraíba/UFPB)
INTRODUÇÃO:

A integridade da pele constitui a principal barreira contra a invasão bacteriana. Sua destruição resulta na exposição do tecido subjacente, podendo favorecer o desenvolvimento desses microrganismos. Um dos agentes isolados com mais freqüência é o Staphylococcus aureus, bacilo Gram positivo amplamente distribuído no meio ambiente. Essa bactéria é a mais comum em diversas manifestações superficiais, podendo causar desde pequenas lesões de pele até septicemia grave, especialmente em pacientes imunocomprometidos. Apresenta resistência a múltiplos antibióticos, fato que, associado ao baixo poder aquisitivo de grande parte da população, incentiva a busca de terapêuticas alternativas no combate a essa bactéria. A fitoterapia é utilizada desde os primórdios da civilização e, até hoje, constitui uma opção viável às populações dos países em desenvolvimento. A aroeira (Schinus terebinthifolius) é uma planta medicinal de uso amplamente difundido no Nordeste brasileiro para tratamento de diversas infecções. Várias substâncias presentes no extrato desta planta apresentam ação antimicrobiana e antiinflamatória, tendo sido demonstrada, in vitro, atividade contra diversas espécies de bactérias e fungos. Este trabalho teve como objetivo comprovar o potencial antimicrobiano da aroeira e demonstrar o efeito inibitório do seu extrato natural sobre Staphylococcus aureus, possibilitando sua utilização na terapêutica das afecções estafilocócicas de pele.

METODOLOGIA:

Empregou-se uma abordagem indutiva, com procedimento estatístico e comparativo, através da técnica de observação direta intensiva. A atividade antimicrobiana em placas foi determinada pelo método da Concentração Inibitória Mínima (CIM). Utilizou-se extrato da casca do caule de Schinus terebinthifolius e, como controle positivo, a Clorexidina a 0,12%. A linhagem bacteriana utilizada (Staphylococcus aureus ATCC 25923) foi reativada em caldo nutritivo Tryptic Soy Broth (TSB) e incubada a 37°C por 24 horas em estufa bacteriológica, realizando-se a leitura através da observação da turvação do meio. A cepa foi semeada em placas de petri contendo o meio de cultura Ágar Muller Hinton (DIFCO®) pela técnica de inundação. Para cada produto testado, foram preparadas escalas com tubos de ensaio numerados de 1 a 10, conforme as diluições. No primeiro tubo foram colocados 2ml do produto puro e, nos demais, 1ml de água destilada estéril adicionado a 1ml do tubo anterior, resultando nas concentrações de 100% a 0,19%. Em cada placa, confeccionaram-se 5 poços de 6mm de diâmetro, cada um recebendo 50μl dos produtos nas diferentes concentrações. Com o objetivo de controlar o estudo e assegurar a sua reprodutibilidade, os experimentos foram realizados em duplicatas. Considerou-se a CIM como a menor concentração do produto testado capaz de inibir o desenvolvimento bacteriano. A ação antibacteriana dos produtos foi quantificada em milímetros de diâmetro dos halos de inibição.

 

RESULTADOS:

Observou-se que houve formação de halos de inibição nas cinco primeiras concentrações de ambos os produtos testados (100%; 50%; 25%; 12,5% e 6,25%). A partir da sexta concentração até a décima (3,12%; 1,56%; 0,78%; 0,39% e 0,19%), os produtos não foram capazes de produzir halos de inibição. A medição dos diâmetros dos halos formados forneceu os seguintes valores, respectivamente, da primeira concentração até a quinta: para a primeira amostra do extrato de aroeira, 15mm, 14mm, 12mm, 11mm e 10mm; para a segunda amostra do extrato de aroeira, 15mm, 13mm, 11mm, 10mm e 10mm; para a primeira amostra de clorexidina, 20mm, 19mm, 19mm, 15mm e 14mm; para a segunda amostra de clorexidina, 19mm, 17mm, 16mm, 14mm e 13mm. Com base nesses resultados, verificou-se que a clorexidina provocou a formação de maiores halos de inibição. A concentração inibitória mínima de ambos os produtos foi de 6,25%.

CONCLUSÕES:

A partir dos resultados desse estudo, observamos que a clorexidina obteve maior espectro de inibição frente à linhagem bacteriana estudada. Entretanto, demonstrou-se eficácia semelhante entre o extrato de aroeira e o antibiótico no combate à bactéria, tendo em vista que ambos os produtos apresentaram a mesma concentração inibitória mínima e levaram à formação de halos de inibição com diâmetros consideráveis. Assim, constatamos que o extrato de aroeira apresenta potencial antimicrobiano e pode ser utilizado como terapêutica alternativa no combate às infecções cutâneas por Staphylococcus aureus, contribuindo para o suprimento das necessidades de assistência médica primária e o conseqüente bem-estar da comunidade.

 

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Aroeira; Infecções cutâneas; Staphylococcus aureus.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006