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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior

UM ESTUDO DA FORMAÇÃO DISCENTE À PARTIR DAS

MEMÓRIAS DO PET/ESEF

Luiz Carlos Rigo 1
Cláudia dos Passos Hartwig 1
Julia coelho Quintana 1
Lisiane Costa da Silva 1
Priscila Postali Cruz 1
Shana Ginar da Silava 1
(1. Universidade Federal de Pelotas, Escola Superior de Educação Física / UFPel/ESEF)
INTRODUÇÃO:

Em nosso país há inúmeras discussões referentes ao ensino superior. Neste cenário, dois grandes discursos podem ser identificados com maior visibilidade; um que diz respeito às dificuldades e as propostas que visam aumentar o acesso ao ensino superior, (GENRO, 2004), e outro que trata de temas como a qualidade do ensino, a pesquisa a extensão, a função social do conhecimento e as reformas curriculares.

 Inserido nos debates referentes ao currículo dos cursos de graduação, um dos programas nacionais que vem recebendo destaque por sua capacidade de intervenção junto à formação do corpo discente é o Programa PET (Antigo Programa Especial de Treinamento e atual Programa de Educação Tutorial). Entre outras singularidades esse programa destaca-se por enfatizar o trabalho em grupo, atentando para o princípio da indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão. Tendo como referência as questões anteriormente levantadas, estamos realizando um estudo que objetiva a construção das Memórias do PET/ESEF a fim de analisar a influência exercida na formação dos ex-petianos, bem como a intervenção no currículo do curso de graduação.

Além do valor histórico institucional presente neste processo, a pesquisa também possui relevância teórico-pedagógica, tendo em vista que ao analisar o quanto o Programa PET, atuou na formação dos acadêmicos, estamos tratando de novas possibilidades de aprendizagem e de formação.

 

METODOLOGIA:

Para alcançar os objetivos do presente estudo, estamos utilizando um procedimento metodológico que possibilite o cruzamento entre várias técnicas de pesquisa. Para construirmos a Memória do PET/ESEF iniciaremos fazendo um levantamento e um re-ordenamento do acervo documental. Estamos separando por ano todos os documentos oficiais. Também estamos ordenando o material relativo a eventos. As fontes imagéticas estão sendo resgatadas e digitalizadas com vistas a fazer parte do acervo do grupo. Por meio da coleta de informações orais estamos fazendo um processo de legitimação daquelas e de outros documentos que estão sem referência histórica, procedimento que Olga Von Simson denominou de "esquentar as fotografias frias".

Paralelo a organização do acervo priorizamos alguns eixos de análise. Como por exemplo: detectar os principais eventos organizados pelo grupo, a atuação junto ao ensino, à pesquisa e à extensão; a participação em eventos acadêmicos e a participação dentro do espaço institucional e Movimento PET Nacional.

Concomitante a este trabalho, retomamos o contato com todos os ex-petianos, o qual está sendo realizado a  partir de um cadastro padronizado. No sentido de dar voz àqueles, estamos solicitando que cada um elabore uma frase falando sobre o papel que teve o PET na sua formação acadêmica.  Posteriormente, realizaremos uma entrevista com os três professores ex-tutores do grupo, nos moldes sugeridos por Verena Alberti (1989).

 

 

RESULTADOS:

Apesar de nossa pesquisa encontrar-se em andamento alguns resultados já podem ser analisados de forma significativa. Além de estamos organizando, digitalizando, catalogando e analisando parte da Memória Material[1] (documentos e fotografias) do acervo do grupo, já  entramos em contato com os ex-petianos, procurando diagnosticar a situação profissional de cada um deles. Posteriormente quando estaremos de posse dos dados de todos iremos construir uma rede com todos os ex-petianos. Nesse contato, já tivemos o retorno de cadastros completos de mais de 70% dos ex-petianos,  25 cadastros  Pelo retorno que já  recebemos  do material empírico um dos pontos que mais vem chamando a nossa atenção refere-se a importância que os ex-petianos  estão dando à essa pesquisa; além de se mostrarem dispostos  e  interessado em responder ao instrumento que estamos utilizando há praticamente unanimidade quanto à importância e ao valor acadêmico e existencial do estudo que estamos efetuando. Também nos alegra, a disposição que muitos ex-petianos demonstram em nos auxiliar no processo de condução e conclusão da pesquisa, cedendo material da época que faziam parte do grupo ou ainda nos ajudando nos contatos com aqueles componentes do grupo que  temos mais dificuldade para  localizar.  O interesse e envolvimento de ex-petianos no estudo demonstra a relevância e intervenção efetiva que o Grupo Pet teve na vida profissional e pessoal de cada ex-integrante.



[1]Peter Stalllybras utiliza o conceito de Memória Material  para  ressaltar que às memória  não são constituídas apenas de lembranças individuais abstratas,  de acordo o autor o processo  de formação das memórias envolve também as  relações sociais , as experiências compartilhadas e  as relações que estabelecemos com as coisa e os objetos que nos rodeiam e  fazem parte da nossa vida,  prioritariamente aqueles objetos que nos são mais íntimos, mais preciosos, aqueles  que  Violette Morin Apud Bosi (2003,  p.26)  chamou de "Objetos Biográficos."

CONCLUSÕES:

A leitura do material recebido evidência um lugar de destaque que praticamente todos atribuem para ao PET na sua formação acadêmica.  Esta relevância atribuída ao programa, com certeza deve-se a inúmeros fatores entre os quais poderíamos citar o fato da filosofia de trabalho dos programas PETs estar estruturada em um leque de ações que envolvem a experiência do trabalho em grupo;  o equilíbrio entre o ensino, a pesquisa e a extensão e outras atividades  que  são alternativas às que predominam nos currículos dos cursos de graduação. 

Outro aspecto a ser considerado é o tempo que os petianos convivem juntos, no caso do Grupo da ESEF/UFPel a maioria permanece no PET três dos quatro anos que em média dura o curso de graduação. Esse longo período propicia meios para que o grupo estabeleça fortes laços afetivos e acadêmicos, os quais tendem a ser mais significativo do que aqueles vivenciados nos outros espaços institucionais.   

Acima citamos alguns dos muitos aspectos que podem ser levantados para compreender um pouco mais os motivos pelos quais os acadêmicos que viveram a experiência petiana atribuem tanta importância ao programa quando relembram sua vida universitária. Porém, mais do que verificar as possíveis explicações sobre este fenômeno, a importância dessa pesquisa para a formação discente, colocou-se no sentido de aprimorarmos nossa escuta para as memórias estudantis, mesmo porque além de seletiva a memória justifica-se  por si mesma.     

Instituição de fomento: Ministério do Esporte (Rede CEDES)
 
Palavras-chave: Formação ; Memória; Ensino Superior.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006