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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 9. Psicologia Experimental
SELEÇÃO SEXUAL DOS SERES HUMANOS: CARACTERÍSTICAS QUE HOMENS E MULHERES ACIMA DE 12 ANOS SELECIONAM EM SEUS PARCEIROS PARA UM RELACIONAMENTO A LONGO PRAZO.
Tatiana Gerhardt Fernandes Moça 1
Clever Manolo Coimbra de Oliveira  1
Cynthia Perovano Camargo  1
Fernanda Correia do Rozario 1
Rosana Suemi Tokumaru  1
(1. Universidade Federal do Espírito Santo/ UFES)
INTRODUÇÃO:
Introdução: Dentro da perspectiva evolutiva, o comportamento amoroso existe porque foi eficiente na manutenção da espécie humana. A seleção sexual humana se diferencia muito da seleção sexual dos animais, visto que, somos influenciados pela construção cultural e histórica. Apesar de toda variabilidade que esses fatores possam ter, existem condições biológicas sem as quais nossa espécie não existiria. Alguns estudos no campo da Psicologia Evolutiva apontam similaridades entre o comportamento atual da espécie humana e o comportamento de seus ancestrais. O que nos diferencia de nossos ancestrais é que o sexo deixou de servir somente para a procriação e cada vez mais é fonte de prazer. A seleção sexual não é mais apenas uma manifestação dos instintos, pois ao começarmos a produzir a cultura, a sexualidade humana deixou de ser apenas instintiva e passou a ser também psíquica, ou seja, escolhemos nossos parceiros não apenas pela programação biológica, mas também por nossos desejos, preferências, costumes e de acordo com a época histórica. Essa pesquisa objetiva ampliar o conhecimento sobre a seleção sexual humana, assunto complexo e ao mesmo tempo estimulante. Para isso, levantamos algumas questões, tais como: Quais características são relevantes na escolha de parceiros sexuais para um relacionamento a longo prazo? Quais as diferenças de gênero encontradas nessa seleção? Essas diferenças mudam com a faixa etária?
METODOLOGIA:
Metodologia: Participaram deste estudo 200 pessoas, sendo 50 adolescentes de 12 a 19 anos, 50 adultos de 20 a 40 anos (grupo adulto 1), 50 adultos de 41 a 59 anos (grupo adulto 2) e 50 idosos (acima de 60 anos). Dos 50 participantes em cada faixa etária 25 eram homens e 25 eram mulheres. A definição das faixas etárias seguiu o estipulado pela OMS. Apresentou-se a cada um dos participantes uma lista com os atributos: inteligente, sadio, culto, companheiro, mesma crença religiosa, capacidade para ter filhos, compatibilidade de ideais, respeitador da privacidade, liberado sexualmente, ambicioso, não ciumento, sociável, capacidade econômica, jovem, fisicamente atraente, apaixonado, responsável, senso de humor, capacidade erótica, integro, competência profissional, compreensivo, carinhoso, fiel, equilibrado e valores semelhantes. Reservou-se, também, um espaço para que os sujeitos pudessem acrescentar outras características de importância, se assim o entendesse relevante, para a escolha do parceiro. Após cada um dos atributos havia uma escala de 0 a 10. Zero era apresentado como ‘não é importante’ e Dez como ‘é muito importante’. Os participantes foram instruídos a marcar na lista um X na escala de 0 a 10, para cada atributo, de acordo com a importância que aquele atributo teria para ele, na escolha de um parceiro para um relacionamento a longo prazo. Cada um dos participantes marcou a própria lista, escrevendo somente seu sexo e idade, mantendo a identificação sob sigilo.
RESULTADOS:
Resultados: Com os resultados obtidos é possível discutir alguns aspectos sobre a seleção de parceiros nas diferentes idades e nos diferentes sexos. As mulheres nas faixas etárias: idosos, adultos 1 e 2, deram maior importância à característica liberado sexualmente do que as adolescentes. Acredita-se que esse resultado aponta uma maior exigência feminina quanto a sua sexualidade com o amadurecimento. Os adolescentes atribuíram maior valor que adolescentes femininos às características capacidade erótica e liberado sexualmente. Os adultos 1 masculinos demonstram uma maior valorização da característica fisicamente atraente. Os homens poderiam estar relacionando a beleza física da mulher à juventude, que remete a um maior potencial reprodutivo da mesma; fato que não se observa por parte das mulheres, devido a uma vida reprodutiva masculina mais duradoura. Isso vai ao encontro da hipótese da herança evolutiva, que diz que a meta do macho é fecundar o maior número possível de parceiras garantindo a proliferação de seus genes. Comparando homens e mulheres, elas dão mais importância às características: sadio, responsável, capacidade econômica e competência profissional. As características capacidade econômica e competência profissional se repetem, para elas, nas faixas adulto 1 e 2.Tal fato pode estar relacionado a uma disputa pelos recursos necessários à sobrevivência ou à capacidade do homem prover recursos econômicos e de garantir o melhor desenvolvimento possível de sua prole.
CONCLUSÕES:
Conclusões: Apesar de o ser humano estar inserido em um meio cultural permeando todos os âmbitos de sua vida, suas próprias influências genéticas não podem ser desconsideradas. Os resultados encontrados apontam para uma forte influência da herança ancestral em nosso comportamento de seleção sexual, bem como uma grande presença da cultura nesse comportamento, sofrendo mudanças ao longo das gerações. O roteiro evolutivo não desmente o roteiro cultural, pois o refinamento da linguagem, a moral ou a política podem ser vistas como táticas de seleção sexual e conquista. Entretanto a força muscular no sexo masculino e a capacidade reprodutiva no sexo feminino continuam pesando na escolha dos parceiros sexuais, ou seja, determinados comportamentos sexuais da espécie humana são atribuídas a heranças ancestrais, que se perpetuaram com vista à adaptação. As diferenças na seleção sexual da mulher e do homem, vistas sob a perspectiva evolutiva, bem como a cultural, mostram como homem e mulher agem frente à possibilidade de escolher um parceiro e compreender essas diferenças significa expandir nosso conhecimento a respeito do amor.
 
Palavras-chave: seleção sexual dos seres humanos; relacionamento a longo prazo; características que atraem o sexo oposto..
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006