O estudo das representações sociais como uma abordagem processual, centrada na investigação dos fenômenos cognitivos, conforme a tendência seguida por Moscovici (1978) e Jodelet (2001), demanda em apreender os conteúdos relativos ao objeto ou fenômeno representado, por meio das informações e atitudes manifestadas na linguagem, nas imagens e nas práticas dos grupos sociais. Considerando que a atitude é a dimensão do processo de formação e estruturação das representações sociais que mais freqüentemente dinamiza e orienta as ações e o comportamento dos sujeitos sociais, em relação ao objeto representado, este estudo teve por objetivo identificar as atitudes manifestadas por professores do ensino fundamental em ajudar na conservação dos manguezais de sua cidade. O conhecimento dessas atitudes torna-se elemento importante para a compreensão das ações educativas desenvolvidas por professores em ambientes costeiros estuarinos, como subsídio para a proposição de intervenções de formação continuada em educação ambiental, tendo em vista a valorização e a conservação deste ecossistema em meio ambiente amazônico.

   O estudo foi desenvolvido no período de novembro de 2003 a fevereiro de 2004, no município de Bragança-PA, com uma amostra de noventa e quatro professores do ensino fundamental, escolhidos aleatoriamente por meio de uma amostragem estratificada tendo como critério a área de localização da escola em que trabalham e o nível de ensino em que atuam.  A coleta dos dados foi realizada por meio de entrevista tendo por instrumento um questionário semi-estruturado. Os dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo temático, a partir da idéia principal expressa nos registros escritos e analisados, também, por meio do método estatístico proporcional.

  Os resultados das atitudes do professor relacionadas às diferentes ações, que visam colaborar com a conservação dos manguezais, traduzidas por meio de intervenções educativas, mostram que (89,3% ± 6,3%) dos professores revelaram-se favoráveis  em intervir na realidade educativa formal e não formal, conscientizando alunos e população em geral, sobre a preservação e a conservação dos manguezais e conhecimento de seus problemas, por meio de encontros, palestras cursos e feiras culturais, ao contrário daquelas referentes à participação em atividades de natureza científica, cultural ou política. As atitudes desfavoráveis (11,7%) foram justificadas pela falta de conhecimento sobre o assunto, dificuldade ou falta de acesso à região, falta de compreensão do povo e atribuição de responsabilidade pelas ações de conservação do manguezal à Prefeitura.

  A análise das atitudes manifestadas pelos professores evidencia uma preocupação com o desenvolvimento de ações educativas coadunadas a princípios colaborativos e participativos, quando incluem em suas ações educativas membros da comunidade extra-escolar. No entanto, a participação em atividades de natureza científica, política e cultural não foi uma prática significativa citada no repertório de atividades docentes, possivelmente explicada pela baixa oferta de eventos científicos, pedagógicos e culturais voltados à Educação Básica no município, falta de estímulo e apoio profissional por parte das instituições educativas, pouca oferta ou em alguns locais pela inexistência de programas de formação continuada, além da falta de motivação afetivo-social do professor. As atitudes não favoráveis em ajudar na conservação do ecossistema suscitam, apesar da baixa ocorrência com que esses fatores foram citados no conjunto dos dados, uma análise que considere os impactos desses fatores na praxis social e pedagógica do professor, em seus determinantes socioeconômicos, políticos e culturais. Este estudo sinaliza que iniciativas referentes à Educação ambiental formal em regiões costeiras e estuarinas considerem o sistema de representações do professor como forma compreender o pensamento e as atitudes que serão refletidos nas relações com o conhecimento e com o meio ambiente.