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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
ENSINO À DISTÂNCIA: ESTÃO OS PROFESSORES PREPARADOS PARA AS MUDANÇAS?
Andreia Cristiane Stanger 1
Andrenizia Aquino Eluan  2
Érica Smargiassi  3
Luis Augusto Matos da Silva  2
Marcelo Douglas Silva dos Santos  2
(1. Curso de Sistemas de Informação, União Educacional do Norte – UNINORTE; 2. Curso de Sistemas de Informação e Tecnologia em Redes de Computadores, UNINORTE; 3. Coordenação de Pós Graduação, União Educacional do Norte - UNINORTE)
INTRODUÇÃO:
O uso de tecnologia de informação e comunicação é uma realidade, e no ambiente educacional tem permitido a professores e alunos uma maior interação e ampliação de oportunidades no processo ensino-aprendizagem. Os avanços ocorridos nesta área deram o suporte necessário para que houvesse um crescimento acelerado na oferta de cursos à distância, seja no nível de extensão e seqüenciais, quanto na graduação e na pós-graduação. Este crescimento é justificado pelo amadurecimento das tecnologias, acesso facilitado aos meios tecnológicos além da conscientização quanto aos benefícios do Ensino à Distância (EAD) como: autonomia, economia de tempo, possibilidades de realizar cursos distantes fisicamente, praticidade, entre outros. Um fator relevante para este crescimento se deve à autorização dada pelo MEC para que as Instituições de Ensino Superior (IES) possam oferecer até 20% do conteúdo das disciplinas de seus cursos de graduação e de pós-graduação de forma on-line. Motivada pela portaria N°. 4.059/2004, a União Educacional do Norte – UNINORTE elaborou um projeto de pesquisa para analisar a viabilidade de implantação de disciplinas em modalidade à distância haja vista que a IES possui atualmente 17 cursos de graduação, 22 de pós-graduação, aproximadamente 4,3 mil alunos e 160 docentes. Entendendo que o corpo docente é o principal envolvido neste processo e a motivação da IES para a adoção da EAD como parte integrante e complementar às suas atividades presenciais, esta comunicação teve como objetivo verificar o nível de aceitação e aderência do corpo docente quanto a esta modalidade de ensino visando a implantação de um projeto piloto.
METODOLOGIA:
Classificada sob o ponto de vista de sua natureza, esta pesquisa é aplicada haja vista que teve como objetivo gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problema específico. A abordagem do problema foi tratada de forma quantitativa e envolveu a aplicação de questionários, nos dois campi da IES, junto a 36 % do corpo docente da IES. De acordo com Gil (1991) esta pesquisa quanto aos seus objetivos classificou-se como exploratória uma vez que buscou proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo explícito e verificar as hipóteses, para tanto foram utilizadas pesquisas bibliográficas sobre EAD, legislação educacional e metodologias de ensino. Outro procedimento técnico adotado foi o Levantamento que envolveu a interrogação direta dos docentes através da aplicação de um questionário estruturado, contendo questões abertas e fechadas, em três blocos temáticos: a) conhecimento em informática, b) conhecimentos em EAD e c) a experiência na elaboração de materiais didáticos e a motivação para participar de projeto piloto. A coleta de dados realizada a partir dos questionários foi tabulada através de planilha eletrônica e analisada através do método dedutivo.
RESULTADOS:
Os entrevistados têm em média 34 anos de idade, são do sexo feminino (53%), atuam a 8,5 anos no ensino superior, 47% possuem especialização, 21% são mestres, 3% são doutores, tem algum tipo de conhecimento em informática (19%), 45% são usuários intermediários e 29% são usuários avançados. Verificou-se que 97% utilizam processadores de texto, 93% a Internet, 69% planilha eletrônica e software de apresentação e 67% deles utilizam o datashow. O uso do computador e da Internet ocorre principalmente em suas residências (81%), seguido de acessos na faculdade (74%) e em outros locais (51%). Apenas 2% dos professores afirmaram que não usam computador e nem acessam Internet. O uso da Internet se dá para acesso diário a e-mails (98%), materiais didáticos (90%), pesquisas (83%), notícias (79%) e compras (57%). No segundo bloco, verificou-se que 40% dos docentes já realizaram ou estão realizando algum tipo de cursos à distância. Entre as questões apontadas como motivadoras para a realização destes cursos, 64% são de cursos que não existem na região, atualização de conteúdos (57%), liberdade de horários para estudar (52%) e praticidade (34%). Por outro lado, os motivos apontados para a não realização seriam: valor dos cursos (36%), falta de credibilidade (26%), cursos em outros idiomas (24%), qualidade (21%), falta de motivação (16%) e falta de interação (14%). No terceiro bloco verificou-se que 83% deles já prepararam algum tipo de material didático, e que 67% o disponibilizaram em formato digital, principalmente através de e-mail (67%). Quanto à motivação, 90% usariam a EAD para complementar as aulas e também tem interesse em participar de cursos de capacitação com este fim e participariam de um projeto piloto, atuando como alunos, tutores e/ou conteudistas.
CONCLUSÕES:
O Brasil está passando por um processo acelerado de crescimento, com a disponibilização de diferentes tecnologias e ferramentas voltadas ao ensino à distância. Porém, dentre as experiências realizadas, nem todas obtiveram sucesso, sendo possível observar casos de fracassos devido à falta de planejamento, encantamento com a tecnologia em detrimento dos aspectos pedagógicos e metodológicos envolvidos, entre outros. Com base nestas premissas, esta pesquisa objetivou analisar a viabilidade e a aceitação da introdução desta modalidade de ensino na graduação e pós-graduação da Uninorte. Os resultados apontam que os professores em sua maioria encontram-se alfabetizados tecnologicamente, utilizam a tecnologia como apoio às suas atividades docentes e estão motivados para a realização de estudos neste campo de conhecimento. Uma parcela significativa já realizou cursos nesta modalidade e participariam de projetos pilotos como alunos, tutores ou conteudistas. A partir dos resultados obtidos, a IES irá criar o projeto piloto que atenderá a princípio, os cursos de pós-graduação, com o oferecimento de 20% da carga horária de algumas disciplinas na modalidade à distância. Observa-se, por fim, que os cursos oferecidos na modalidade à distância, não podem ser uma simples questão de transferência de recursos, ambientes e metodologias existentes no ensino presencial. É necessário analisar os aspectos culturais, sócio-econômicos, a questão do acesso à tecnologia, os objetivos de aprendizagem e também a elaboração de materiais didáticos e avaliações condizentes, pois a tecnologia sozinha não é capaz de tornar a educação mais eficiente, mas deve atuar como uma ferramenta de apoio às atividades docentes visando oferecer um ensino de qualidade.
 
Palavras-chave: Ensino à Distância; Ensino Presencial; Formação de professores.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006