Introdução

A erosão hídrica é um processo que ocorre em intensidades diferentes, dependendo do clima, do solo, da vegetação e da topografia. Um dos fatores que exercem maior influência sobre a erosão é a cobertura do solo, impossibilitando que as gotas da chuva caiam diretamente na superfície do solo, dissipando a energia cinética destas. Isso impede que ocorra desagregação das partículas e formação de crostas superficiais que reduzem a infiltração e aumentem as perdas de água e solo.O índice de erosividade da chuva determina o potencial desta em causar erosão, que é influenciado pelo tamanho e velocidade das gotas.O objetivo deste trabalho é quantificar os efeitos de adubos verdes usados como cobertura de solo na redução das perdas de água e solo, analisando os efeitos da erosão hídrica nestas perdas sob condições de campo nativo, solo descoberto e com uso de adubos verdes.

Metodologia

Foram avaliadas as perdas de água e solo no ano de 2005 nos tratamentos milho/mucuna, aveia preta/soja, campo nativo, milho/feijão de porco, azevém/soja, pousio/soja e parcelas de solo descoberto. Utilizou-se o sistema plantio direto com rotação de culturas de dois anos. O experimento está instalado desde 1991 em área pertencente ao Depto de Solos da UFSM, Santa Maria, RS. O solo é classificado como Argissolo Vermelho Distrófico arênico e caracteriza-se por apresentar solos mais profundos, avermelhados, de textura superficial franco-arenosa, pobres em matéria orgânica e na maioria dos nutrientes. A precipitação média anual é 1686 mm. A unidade experimental constitui-se de uma parcela com dimensões de 3,5 m x 22 m de comprimento no sentido do declive e é delimitada por chapas de metal galvanizado, introduzidas 10 cm no solo. A declividade média das parcelas é de 5,5%. Na parte inferior da parcela está instalada uma calha coletora de enxurrada, ligada através de um conduto de PVC rígido a um tanque com capacidade para 1000 litros. Cada tanque, na parcela, está ligado a um tanque de mesma capacidade, através de divisores GEIB, que tem a finalidade de receber uma fração (1/9) da enxurrada que excede a capacidade de armazenamento do primeiro tanque. O delineamento experimental usado é o inteiramente casualizado, com sete tratamentos e duas repetições. As determinações de perdas de água e solo são feitas após cada chuva conforme  metodologia descrita por VEIGA (1993).

Resultados

Foram obtidos os resultados das perdas de água e solo correspondentes a cada precipitação, no período de abril a novembro de 2005. A precipitação neste período foi de 1257,6 mm. As perdas de água para solo descoberto foram de 322 mm (25,6% da precipitação no período), campo nativo de 19 mm (1,5%), milho/mucuna de 18 mm (1,4%), aveia preta/soja de 11 mm (0,9%), azevém/soja de 7 mm (0,6%), milho/feijão de porco de 7 mm (0,5%) e pousio/soja de 4 mm (0,3%). As perdas de solo para solo descoberto foram de 27,28 t ha^-1, para campo nativo de 0,04 t ha^-1, milho/mucuna de 0,27 t ha^-1, aveia preta/soja de 0,06 t ha^-1, azevém/soja de 0,01 t ha^-1, milho/feijão de porco de 0,02 t ha^-1 e pousio/soja de 0,01 t ha^-1. Pôde-se constatar que as perdas de água nos tratamentos solo descoberto foram maiores que nos outros tratamentos, diminuindo consideravelmente quando se utilizou cobertura de solo em azevém/soja, milho/feijão de porco e pousio/soja, nesta ordem. As perdas de solo foram maiores no tratamento solo descoberto e em solos onde foi usado algum tipo de cobertura vegetal as perdas de solo não foram significativas. Observa-se, portanto, que as perdas de água e solo estiveram em geral relacionadas, ou seja, nos tratamentos onde as perdas de água foram maiores houve uma perda de solo maior.

Conclusão

Os adubos verdes em plantio direto foram eficientes na redução das perdas de água e solo, com redução de 96,60% de perda de água e 99,78% em relação ao solo descoberto.

Instituição de fomento: Universidade Federal de Santa Maria

Trabalho de Iniciação Científica