IMPRIMIR VOLTAR
F. Ciências Sociais Aplicadas - 1. Gestão e Administração - 9. Gestão e Administração
A ELABORAÇÃO DE BALANÇOS SOCIAIS DE ACORDO COM AS DIRETRIZES PARA RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE DA GRI
Marcello Angotti 1
Geová José Madeira 1
(1. Depto de Ciências Contábeis, Faculdade de Ciências Econômicas - UFMG)
INTRODUÇÃO:
Competitividade, produtividade, integração regional ou global exigem dos empreendimentos atuais uma maior ousadia na representação de seu papel na economia e na sociedade. Pode-se afirmar dessa forma, que a base de sustentação da empresa no mundo contemporâneo será alcançada através do equilíbrio entre as questões econômicas, sociais e ambientais. O Balanço Social é um demonstrativo contábil, não obrigatório em lei, elaborado anualmente pelas empresas. Tem por objetivo demonstrar o resultado da interação da empresa com o meio em que está inserida, o grau de responsabilidade social assumido e assim prestar contas à sociedade pelo uso do patrimônio público, constituído por recursos naturais, humanos e o direito de conviver e usufruir os benefícios da sociedade em que atua. Fazer e publicar o balanço social é mudar a visão tradicional, em que a empresa deveria tratar apenas de produzir e obter lucro, para uma visão moderna em que os objetivos da empresa incorporam sua responsabilidade social. Segundo divulgado pela Bovespa, nos últimos anos percebeu-se uma tendência mundial dos investidores a procurarem empresas socialmente responsáveis, sustentáveis e rentáveis para aplicar seus recursos. Tais aplicações, denominadas “investimentos socialmente responsáveis” (SRI), consideram que empresas sustentáveis geram valor para o acionista no longo prazo, pois estão mais preparadas para enfrentar riscos econômicos, sociais e ambientais. Essa demanda veio se fortalecendo ao longo do tempo e hoje é amplamente atendida por vários instrumentos financeiros no mercado internacional.
METODOLOGIA:

Como fazer para atender às necessidades de todos os grupos de interesses e ao mesmo tempo padronizar estas informações para que sejam comparáveis? A Global Reporting Initiative (GRI) uma organização internacional que conta com a participação de empresas, consultorias, representantes da sociedade civil organizada e até de organismos da ONU, entre outros, propões um modelo – as Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade. Um conjunto de princípios, orientações e indicadores com a intenção de instruir a empresa sobre uma maneira transparente de prestar as informações mais relevantes de suas atividades. Cerca de 400 companhias de 35 países adotam o modelo proposto. O objetivo deste artigo é verificar a aplicação da estrutura recomendada pelo GRI nos Balanços Sociais publicados por grandes companhias que atuam no mercado brasileiro. Esta análise será efetuada com base na estrutura organizacional e nos onze princípios para elaboração de relatórios, sugeridos pela GRI, verificando se os balanços apresentam as informações necessárias, a qualidade e a veracidade. Para escolher as empresas a serem avaliadas tomou-se como referência as publicações da revista Exame, “Guia Boa Cidadania Corporativa”, pioneira no Brasil com publicações deste assunto, e da revista Carta Capital “As empresas mais admiradas no Brasil”, na qual é relatado o desempenho de companhias de diversos setores. Em ambas o corpo de jurados foi composto de especialistas em responsabilidade social corporativa e sustentabilidade. Dentre eles diretores, professores e coordenadores de entidades. Analisamos o ABN Amro, a Natura e a Petrobrás, companhias com atividades no Brasil e que empregam essas Diretrizes. Procuramos identificar se os princípios e os indicadores propostos pela GRI foram seguidos pelas empresas na elaboração dos respectivos Balanços Sociais.

RESULTADOS:
Após a análise dos balanços percebeu-se o envolvimento das três companhias com a responsabilidade corporativa, a sustentabilidade. Essas empresas elaboram o Balanço Social seguindo a referencia não só as Diretrizes da GRI, mas de outras, como os modelos Ethos, Ibase e Dow Jones, com a finalidade de atender ao maior número de usuários dessas informações. A GRI pretende fornecer uma ferramenta de relato que tanto incorpora quanto complementa outras iniciativas, uma boa parte dos índices da GRI é utilizado como base nos demais modelos. O Banco ABN, a Natura e a Petrobrás, por serem companhias multinacionais com ações negociadas também fora do Brasil, devido ao interesse e necessidade dedicados às normas globais em demonstrar seu impacto nas esferas ambientais, sociais e econômicas, atingiram um alto padrão de elaboração do Relatório Global e mais especificamente do Balanço Social.
CONCLUSÕES:
A utilização das Diretrizes como guia na elaboração do relatório facilita para cia. a identificação do que é necessário abordar e como demonstrar essas informações. As Diretrizes não impõe um procedimento para realização de um Balanço Social de uma empresa, ao invés disso, elas ajudam a descrever o resultado das políticas de sustentabilidade e devem ser adaptadas pelas companhias conforme suas especificidades. É interessante refletir o que há de diferente entre as empresas analisadas, que conseguem elaborar balanços sociais satisfatórios e àquelas que apesar de tentarem não o fazem. Muitas vezes a falta de compreensão das normas por parte dos profissionais responsáveis pela avaliação e divulgação dentro das companhias, somada aos sistemas de informações incapazes de satisfazerem a mensuração nas vertentes da sustentabilidade, impedem a publicação de relatórios dentro dos parâmetros da GRI. É preciso que haja mais pesquisas em busca de criar sistemas para a obtenção de dados nas vertentes da sustentabilidade. Além disso, os profissionais responsáveis por elaborar esses relatórios devem buscar aprimorar seus conhecimentos.
Instituição de fomento: Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais - IPEAD
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Balanço Social; Sustentabilidade; Diretrizes GRI.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006