INTRODUÇÃO: A arte das dobraduras de papel tem sua origem na China continental, e vem remontar, talvez, a própria invenção do papel. Essa arte, levada ao Japão, no século XII, tomou o nome de ORIGAMI, de ORU – o verbo dobrar e – CAMI, papel. Mas, da forma como é conhecido hoje, esse trabalho desenvolveu-se em meados do século XIX.
Há alguns anos percebeu-se que existia muita Matemática envolvida nessa brincadeira, que pode ser explorada de maneira lúdica no ensino de alguns tópicos da Geometria.
A experiência com alunos em trabalho com origami, de um modo geral tende a desenvolver habilidades como percepção, estética, cuidado e concentração.
O objetivo dessa pesquisa teve como finalidade usar a Matemática no seu aspecto mais criativo que está ligado muito mais à intuição e à imaginação do que ao raciocínio lógico-dedutivo, pois a intuição é a faculdade mental que nos permite obter conhecimento de maneira direta. A intuição é mais poderosa que o próprio raciocínio. É através dela que ocorrem as grandes criações do homem, nas artes, na filosofia e nas ciências.

 

METODOLOGIA: Utilizamos nessa prática pedagógica material de desenho geométrico (régua e compasso) e o origami, usando papéis coloridos quadrados ou retangulares.
O trabalho foi realizado em aulas regulares a 70 alunos de duas turmas de 7ª série do 2º Segmento do ensino fundamental da Escola Municipal Manoel Cícero. Elaboramos uma Oficina de 4 horas que foi ministrada a 40 professores de 1ª a 8ª séries do Ensino Fundamental em encontro promovido pelo Projeto Fundão (UFRJ), no Rio de Janeiro, e avaliado através de um questionário.
O projeto teve a participação dos alunos em dois encontros mensais, dentro da grade curricular (100 minutos) em cada encontro. As construções com dobraduras de papel eram feitas em aulas posteriores às aulas teóricas de geometria. Os alunos recebiam os esquemas de construção e durante a confecção das dobraduras, íamos repassando os conceitos já estudados. Foram aulas dinâmicas com atividades de caráter exploratório e investigatório. Devido ao aspecto lúdico do trabalho, foi possível retomar conteúdos de geometria visto em aulas anteriores como polígonos regulares, eqüiláteros e convexos; diagonal de um polígono, as cevianas do triângulo; áreas; composição e decomposição de polígonos; relação de Euler.
Nas oficinas, além do ensino de origami em si, foram sugeridas atividades para os alunos incluindo demonstrações de fórmulas de Geometria.

RESULTADOS: Ao término das oficinas, analisadas as respostas do questionário realizado pelos 40 professores,100 % pretendiam passar as informações recebidas, desses 85% em sala de aula, 15% para seus colegas; 80% acharam a oficina muito boa e 85% gostaram do conteúdo matemático.
A avaliação dos alunos foi realizada através de prova escrita e constatado melhor aprendizagem dos conceitos de geometria em relação às turmas que não utilizaram o método. Os trabalhos dos alunos foram apresentados na culminância do Projeto Político Pedagógico, despertando atenção de colegas, visitantes e de outros professores.

CONCLUSÕES: Este estudo de interesse matemático, por ser mais uma forma de aprendizagem, é um recurso didático, embora lúdico, propicia maior compreensão e aprofundamento de conteúdos matemáticos.
As aulas com origami foram motivadas, facilitaram a apreensão dos conceitos geométricos levando os alunos à construção de objetos permitindo uma visualização geométrica real e consistente.
Os professores que aplicaram esse método, ressaltaram o caráter lúcido, prazeroso e também demanda tempo extra e disposição.
Recomendamos um planejamento de aula, cuidadoso para os professores que irão levar esse recurso às salas de aulas, mas também estar atentos para que não se torne apenas uma aula de trabalhos manuais.