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E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 4. Produção Animal
ALTERNATIVAS À PREVENÇÃO DE SALMONELOSES EM FRANGOS DE CORTE
Marília Therezinha S. Padilha 1
Antônio Augusto Rossi 1
Ione Iolanda dos Santos 1
José Carlos F. Padilha 1
(1. Departamento de Zootecnia - Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC )
INTRODUÇÃO:
Dentre as principais zoonoses de origem bacteriana, transmitidas pelas aves, pode-se assinalar as salmoneloses causadas por salmonelas patogênicas, que se situam entre os agentes patogênicos mais freqüentes em surtos de toxinfecção alimentar. As salmoneloses ocorrem geralmente pelo consumo de alimentos de origem animal contaminados, e este fato, tem levado a utilização indiscriminada de antimicrobianos (antibióticos e quimioterápicos) como preventivo às doenças avícolas e à ocorrência de zoonoses. Entretanto, o uso indiscriminado dessas substâncias na produção animal é considerado uma das causas do aumento da resistência aos antimicrobianos. Além disso, eles podem prejudicar o animal e sua biota digestiva basal; acumular-se nos tecidos animais e estes, ao serem ingeridos, aumentarem a resistência da biota humana aos antibióticos utilizados, assim como a resistência cruzada às terapias antibióticas em humanos e animais. Neste contexto, pesquisadores têm se empenhado na procura de alternativas. Uma delas é o uso de probióticos, não como substitutos dos antibióticos, mas como auxiliares eficazes e econômicos para que os antibióticos sejam utilizados quando realmente necessários. Neste trabalho, procurou-se testar um probiótico, comparando-o com dois grupos controle, com o objetivo de auxiliar na procura de alternativas ao controle de salmonelas na cadeia produtiva de frangos de corte.
METODOLOGIA:
Foram utilizados 540 pintos de corte de um dia de idade, machos da linhagem Ross, alojados em boxes de 4m2, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos de quatro repetições. Os animais do tratamento um receberam o probiótico Mucosal starter culture, no primeiro dia de vida, na dose de 0,2 ml/ave e foram inoculados com Salmonella enteritidis, na dose de 105 unidades formadoras de colônias por mililitro. No tratamento dois, denominado controle positivo, os animais receberam Salmonella enteritidis da mesma forma que no tratamento um. No tratamento três, considerado o controle negativo, os animais não foram inoculados com salmonela e não receberam o probiótico. Os parâmetros zootécnicos foram analisados aos 28 dias e os microbiológicos aos 7 e 31 dias. Foram registrados o peso vivo, o consumo de ração, a conversão alimentar e calculado o Fator de Produção. O grau de infecção dos cecos foi calculado a partir do logaritmo de unidades formadoras de colônias. O fator de infectividade foi determinado através da leitura das placas, onde se calculou a relatividade do número de colônias por amostra de 10 aves e o fator de proteção foi o componente relativo ao número do fator de infectividade. Foi utilizado o programa estatístico Minitab (versão 2000) para a análise dos parâmetros zootécnicos e o teste de Friedman para a análise de infectividade ou não de salmonelas.
RESULTADOS:
Não houve diferença significativa, ao nível de 95% de confiabilidade, entre os tratamentos para o peso vivo dos animais que receberam ou não o probiótico. Parte deste resultado pode ser devido as boas condições experimentais (profilática e ambientais), resultando num peso vivo dos animais superior aos padrões da linhagem Ross e da Empresa Avícola que forneceu os animais para o experimento. Os resultados de conversão alimentar são semelhantes aos obtidos para o peso vivo, onde não se verificou diferença significativa entre os tratamentos. Entretanto, se compararmos com os resultados obtidos com o padrão da linhagem Ross, os animais deste experimento apresentaram melhores índices de conversão alimentar. Os animais deste experimento apresentaram um maior consumo de ração e este resultou em um maior peso vivo, com melhor desempenho zootécnico que o padrão considerado. Os valores obtidos para o Fator de Produção, ficaram 50% acima dos patamares da produção avícola. Isso se deve a idade em que as aves foram sacrificadas para a pesquisa de salmonela aos 28 dias, bem antes do habitual que é aos 42 dias. Não houve diferença significativa, ao nível de 95% de confiabilidade, para os animais, dos tratamentos avaliados aos 7 e 31 dias de idade, em relação ao grau de infectividade e o fator de proteção. No entanto percebe-se uma redução natural de 33% na contaminação para o controle positivo (inoculado com salmonela) entre os 7 e 31 dias de idade.
CONCLUSÕES:
O probiótico usado não teve uma ação destacada como controlador de flora e/ou inibidor de microorganismos patogênicos, pois os animais não apresentaram melhor desempenho quando comparados com aqueles dos tratamentos controle. No entanto, apresentaram um desempenho melhor em relação ao padrão da linhagem utilizada.
 
Palavras-chave: Frango de corte; Salmonela; Probiótico.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006