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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
A PARTICIPAÇÃO CRIATIVA COMO DIFERENCIAL NO ENSINO DE FILOSOFIA NA GRADUAÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR. FORMAÇÃO X INFORMAÇÃO
Hélio de Moraes e Marques 1
(1. Universidade Católica de Santos-UNISANTOS )
INTRODUÇÃO:
O ensino da filosofia possui características muito peculiares quanto ao seu método. Refiro-me à exposição pelo professor de um filósofo e suas circunstâncias históricas. O aluno, via de regra, percebe aquele pensamento e com o auxílio de anotações, do estudo das principais obras e de compêndios de História da Filosofia, compreende o pensador.
Esta prática é importante e necessária; no entanto, nossa pesquisa comprova uma didática alternativa no processo de ensino-aprendizagem. Não sugerimos a abolição da prática usual, mas questionamos sua efetiva validade e propomos um método que complementa sua eficiência.
O paradigma da aula expositiva, leitura e reflexão atende parte da natureza do aluno, isto é, atinge seu lado racional instando-o ao saber puramente intelectual, sem entretanto envolver seu lado emocional. É neste contexto que emerge a questão da informação versus formação. No primeiro caso, o "quantum" de informações é supervalorizado sendo visível a perda e o esquecimento constatado por nossa pesquisa. Por sua vez, na prática executada com alunos de 4 classes dos cursos de Administração e Comércio Exterior de uma universidade particular da cidade de Santos (SP), verificamos um expressivo aumento de assimilação dos conteúdos, o que nos comprovou sua eficácia. O seminário enquanto processo mostrou-se fundamental para os discentes contribuindo na questão formação.
METODOLOGIA:

Foram selecionadas 4 turmas de 1º semestre dos cursos de Administração e Comércio Exterior de uma universidade particular, com média de 60 discentes por turma, divididos em grupos de 6 a 9 integrantes.
Cada turma foi avaliada individualmente quanto à interação e sociabilidade, trabalho em equipe, liderança, criatividade e, sobretudo, conhecimento. Enfatizamos a formação.

Estrategicamente, uma  turma de Comex não desenvolveu seminários recebendo o conteúdo programático pelo método convencional através de aulas expositivas, pesquisa bibliográfica e avaliação escrita. Enfatizamos a informação.

1)O conteúdo programático contemplou temas da Filosofia Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea. Os alunos selecionaram Medéia, Mito da Caverna, Fédon, Apologia de Sócrates, O Método Cartesiano, Do Contrato Social, Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens e o Riso.

2)Resumimos o tema central de cada obra.

3)Os alunos criaram o trabalho por meio de práticas lúdicas.

4)Apresentaram no auditório para todos os grupos que foram fotografados e filmados.

5)Responderam questionário quanto aos conteúdos.

6)Entrevistamos os discentes quanto ao método utilizado em contraste com o comum.

7)Observamos que a imagem, o jogo cênico com o lúdico, a preparação e a apresentação proporcionaram uma vivência do tema permitindo uma melhor assimilação constatada pelos questionários e confirmada pelas entrevistas. 

O método da participação criativa aprimorou o ensino da filosofia.
RESULTADOS:

Alicerçados no conceito de educação pelo trabalho, observamos que os discentes submetidos a esse processo tornaram-se mais questionadores, motivados e em condições de opinar sobre a realidade social, especialmente os grupos de Rousseau no que diz respeito ao contrato social e à desigualdade entre os homens.

Foi visível a percepção de que os jovens foram instados a reflexões a partir de suas vivências que resultaram em maior assimilação.
Os pensamentos mostraram-se mais lógicos, articulados e sobretudo mais seguros quanto às várias áreas do conhecimento humano.
Em contraste, discentes ensinados pelo método "convencional", sem a vivência, deixam a riqueza do saber filosófico esvair-se, enfraquecendo o seu efeito pragmático.

CONCLUSÕES:
Nossa metodologia repousa no trabalho em equipe que pressupõe organização e criatividade para a apresentação dos temas escolhidos. Exige do discente uma participação criativa que diferencia o ensino da filosofia.
A filosofia desenvolvida de forma a "semear” idéias com os seminários, mostrou-se consideravelmente mais produtiva e eficaz, prática que poderia ser estendida com êxito para outras disciplinas.
Daí poder afirmar acertadamente: “As práticas lúdicas, teatro e seminários possibilitam a vivência do conteúdo filosófico e integram pensamento - palavra e ação.
 
Palavras-chave: Formação; Informação; Vivência.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006