IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
EPIDEMIOLOGIA DO USO DE DROGAS ILÍCITAS ENTRE JOVENS NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE.
Alexandre Sabino Meira 1
Maria Aparecida Alves Cardoso 2
Celeide Maria Belmont Sabino Meira 3
(1. Curso de Direito, CCJ, UEPB, Campina Grande - PB; 2. Departamento de Farmácia, CCBS, UEPB, Campina Grande - PB; 3. Departamento de Matemática e Estatística, CCT, UEPB, Campina Grande - PB)
INTRODUÇÃO:

A prevalência do abuso e dependência de drogas verificada nos últimos anos vem aumentando, e suas conseqüências na vida do indivíduo e da sociedade é considerado, hoje, um problema de saúde pública. O problema se alastra nas sociedades industrializadas, atingindo dimensões epidêmicas, transformando-se num sintoma inquietante de um novo e profundo mal-estar na civilização.

O primeiro contato com as drogas, muitas vezes ocorre na adolescência. Nesta fase, o indivíduo passa por bruscas mudanças biológicas e psicológicas, sendo a etapa mais vulnerável de todo o desenvolvimento humano. Conflitos de naturezas diversas afloram num momento de instabilidade emocional e extrema sensibilidade.

Pesquisas científicas recentes têm demonstrado que as drogas não somente interferem no funcionamento cerebral normal, criando sensações de prazer, mas também tem efeitos, a longo-prazo, no metabolismo e atividade cerebral, e, num determinado momento, as mudanças que ocorrem no cérebro podem transformar o abuso em dependência.

Estudos recentes demonstraram que a dependência é tratável. O tratamento pode ter um profundo efeito não apenas nos usuários de drogas, mas também na sociedade com uma diminuição da criminalidade e violência.

A droga constitui-se num sério problema de saúde pública, e sua abordagem em direção ä busca de soluções é complexa, pois a temática encontra-se intimamente atrelada a questão jurídica.
METODOLOGIA:

Este trabalho é um estudo retrospectivo sobre casos de abuso de drogas, em adolescentes, registrados nos últimos dois anos. Este estudo é de natureza quantitativa e qualitativa. A pesquisa contempla jovens, na faixa etária de 12 a 18 anos, registrados na Curadoria da Infância e Juventude e na Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Campina Grande, bem como .internos em instituições de tratamento e/ou recuperação por abuso de drogas com vistas ao levantamento do histórico do seu relacionamento com as drogas.

Foram estudadas variáveis demográficas e sócio-econômicas (sexo, idade, escolaridade, renda familiar, bairro de residência, presença/ausência de um ou ambos os país), variáveis relativas ao consumo de drogas (tipo e freqüência da droga consumida, consumo de álcool e tabaco, estado de saúde e comprometimento em relação ao abuso de droga, tempo de consumo em meses ou anos, Freqüência e rendimento escolar) e variáveis relativas à questão jurídica (tipo de infração ou violência cometida, adequação da legislação aplicada.
RESULTADOS:

Do total de casos notificados, foi verificado o uso predominante das drogas: maconha, crack, cocaína e heroína. A maioria dos casos registrados foi com adolescentes do sexo masculino (74%), sendo a idade de maior ocorrência 16 anos (30%), seguida das idades de 13 e 15 anos (17%), 12 e 17 (13%) e 14 e 18 anos (5%). A escolaridade destes adolescentes variou entre analfabetos (4%), fundamental incompleto (56%), médio incompleto (31%) e ignorado (9%). No entanto, vale ressaltar que 44% dos que freqüentaram a escola a abandonaram, pelo menos temporariamente.

A renda familiar média foi de um salário mínimo (70%), variando desde menos de um salário mínimo até o máximo de quatro salários mínimos.

Desses adolescentes 74% residem em imóvel próprio e 26% em imóveis alugados. Apenas 4% moram com os pais (pai e mãe), residindo a maioria (87%) com apenas um deles (pai ou mãe).

Na maioria dos casos (85%), o uso da droga levou o adolescente a cometer pequenos delitos.

CONCLUSÕES:

O usuário de drogas é um dos resultados da desestrutura familiar e não um problema isolado. Os sentimentos negativos, acumulados durante situações conflitantes vividas pelo indivíduo e que não foram bem solucionadas pelo núcleo familiar (separação, perda, violência, dificuldades materiais), abrem espaço aos elementos externos que prometem prazer e bem-estar, como as drogas. Quando a família, suporte da formação do indivíduo, se abala, a criança ou o jovem fica vulnerável.

A decisão do usuário em aceitar a dependência e buscar ajuda também é necessária para superar o vício. Se o dependente não quiser mudar, não adianta apenas a família passar por um processo de reordenamento. O tratamento deve ser conjunto.

Os resultados deste trabalho parecem confirmar a hipótese de que as relações de afeto/auto-estima, responsabilidade e limites, vivenciadas no cotidiano familiar, podem constituir importantes fatores de proteção contra a dependência de drogas.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Drogas Ilícitas; Epidemiologia; Drogas de Abuso.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006