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F. Ciências Sociais Aplicadas - 9. Comunicação - 2. Comunicação e Educação

A FORMAÇÃO DOCENTE PARA EAD NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR (IES) CATARINENSES

Dulce Márcia Cruz  1
Rachel Sant’ana Valdrighi  1
(1. Departamento de Comunicação Social / Universidade Regional de Blumenau / FURB)
INTRODUÇÃO:

A educação a distância (EAD) trouxe novas funções docentes. Tanto que, para obter autorização do MEC para oferecer EAD, as IES brasileiras têm que explicitar no projeto como vão preparar seus recursos humanos para oferecer ao aluno todas as possibilidades de acompanhamento, tutoria, avaliação e suporte pedagógico, técnico e tecnológico de qualidade. Consta nos Referenciais de Qualidade para cursos a Distância que “é um grande equívoco considerar que programas a distância podem dispensar o trabalho e a mediação do professor” (SEED/MEC, 2003, p. 8). No entanto, a formação docente não é um item principal avaliado pela comissão de credenciamento do MEC. Percebe-se que a questão da formação docente para EAD ainda está em aberto, apesar de que sua necessidade e os parâmetros básicos de como deve ocorrer já estejam formulados na legislação da área. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi verificar se as IES que oferecem EAD consideram que seus docentes precisam de formação para ensinar a distância e se sim, como as IES estão fazendo este trabalho, onde, quando, como e quais são seus resultados. Também nos interessa investigar qual é o papel das IES na adoção da EAD pelos professores e quem faz e como vem sendo feita essa formação dos formadores dos docentes para a EAD. Este resumo mostra os resultados da pesquisa realizada nas IES de Santa Catarina, como atividade parcial dentro do levantamento nacional em andamento, previsto no projeto PQ 308502/2003-5, financiado pelo CNPq.

METODOLOGIA:

Esta pesquisa levantou as iniciativas de formação docente para EAD pelas Instituições de Ensino Superior (IES) que oferecem cursos a distância em Santa Catarina. Foram listadas as IES credenciadas pelo MEC para graduação e especialização lato sensu a distância e visitadas suas páginas na internet para buscar informações sobre os cursos. Contactamos as 18 IES do sistema ACAFE – Associação Catarinense das Fundações Educacionais – que vem trabalhando desde 2004 na estruturação da Universidade Virtual no estado. Treze aceitaram participar da pesquisa por e-mail. Incluímos duas outras instituições escolhidas aleatoriamente, totalizando 15 IES, o que gerou uma amostra bastante representativa do estado, com uma universidade estadual, três municipais e cinco privadas, dois Centros Universitários Privados, uma Faculdade e uma instituição que agrupa Faculdades Integradas Privadas. Não incluímos a UFSC na amostra porque verificamos que, apesar da experiência e pioneirismo, a IES passava por um momento de reestruturação das políticas de EAD, com atividades esparsas e descentralizadas dificultando a coleta de dados. Entre janeiro e fevereiro de 2005 enviamos 15 questionários e recebemos 13 respostas por e-mail. O questionário possuía 43 perguntas, sendo 24 quantitativas e 19 qualitativas com questões agrupadas nos itens: perfil do respondente e da IES; estruturação da EAD na IES; disciplinas semi-presenciais oferecidas; apoio e formação docente para as atividades a distância.

RESULTADOS:

Os resultados mostraram que 77% das IES pesquisadas ofereciam EAD em 2004, destas 46% com projeto implantado e cursos em andamento, 36% executando projeto-piloto e 18% em estudos para implantação. Os cursos somavam um total de 22, divididos em 60% extensão, 20% pós-graduação Lato Sensu e 20% seqüencial, num total declarado de quase 14 mil alunos. Das IES, 34% ofereciam de dois a cinco cursos, 33% apenas o TV Escola, 22% mais de 60 cursos e 11% entre seis e 10 cursos. Todas as IES faziam formação docente para EAD, sendo que 24% delas tinham atendimento individualizado sempre disponível, 25% por um tutorial no ambiente virtual de aprendizagem, 19% organizavam cursos presenciais, 16% ofereciam seminários, 13% produziram um manual impresso, enquanto 3% assinalaram outro tipo de formação. As informações pedagógicas tinham maior incidência (33%) no conteúdo da formação, seguidas das informações técnicas (31%), metodologia de EAD (24%) e estratégias didáticas (14%). A formação era feita de forma continuada por demanda em 26% dos casos, durante o planejamento e preparação da disciplina ou curso em 26%, no início de cada semestre em 21%, no desenrolar da disciplina ou curso em 16% e 11% antes de iniciar a adequação da disciplina ou curso. As principais dificuldades apontadas nas IES foram a ausência de uma cultura de EAD tanto dos professores quanto da instituição, além de falta de verbas, de infra-estrutura e de política institucional voltada ao incentivo das atividades a distância.

CONCLUSÕES:

Ao final da pesquisa, percebemos que algumas questões foram respondidas satisfatoriamente. As IES catarinenses pesquisadas estão oferecendo formação docente para EAD mesmo antes de iniciar a oferta de cursos a distância. O período da formação é inicial coincidindo com o planejamento e a preparação da disciplina ou curso, mas há pouca oferta depois, o que pode significar que as IES consideram a preparação básica suficiente, ou que não há acompanhamento do professor no desenrolar do processo ou que, se há, o apoio permanente não é considerado formação. Pela quantidade declarada de alunos a distância, vê-se que a modalidade cresce rapidamente como alternativa para o acesso à educação no estado. A relativa alta taxa de atendimento individualizado e o tutorial no AVA demonstram a preocupação de algumas IES em manter uma continuidade na formação do professor, ao invés de se basear em ofertas pontuais. Concluímos que há um movimento nas IES de SC para a criação de uma cultura de incentivo à adoção da EAD pelos professores através da institucionalização da oferta de disciplinas semi-presenciais e do uso de ambientes virtuais de aprendizagem, o que pode estar sendo vivido em todo país. Neste sentido, sugerimos que futuras pesquisas verifiquem não só se há formação docente para EAD, mas se os parâmetros colocados nos Referenciais de Qualidade para Cursos a Distância da SEED/MEC, para criar competência docente para EAD, vêm sendo seguidos (e como) pelas IES credenciadas.

Instituição de fomento: Bolsa PQ / CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: formação continuada; educação a distância; inovação tecnológica.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006