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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
O ESPAÇO ARQUITETONICO COMO COMPONENTE DA CORPOREIDADE HUMANA.
Lorena Coutto  1
Ana Débora Contente  1
(1. Universidade Federal do Pará / UFPa)
INTRODUÇÃO:

 Nos debates sobre educação as questões curriculares têm sido consideradas fulcrais para a concretização de um projeto político pedagógico socialmente comprometido. Entretanto, a realidade das experiências vividas pelo aluno, não encontra lugar nestes currículos, distanciando seu conteúdo e linguagem, da vida impressa cotidianamente nos corpos dos educandos. Vida, “encarnada” em corpos que são tão biológicos quanto culturais e, portanto também arquitetônicos, pois ao estabelecerem relação com estes espaços absorvem deles, formas e significados, que são em sua corporeidade, “tatuados”. Com isso dependendo de sua composição, este produz, ou melhor, induz sentimentos e comportamentos, de certa forma estereotipados, que influenciam nossa conduta inscrevendo o espaço vivenciado em nosso corpo, constituindo-se em um componente deste, dada a sua relação intensa e sutil.

METODOLOGIA:

Partindo de referenciais como Michel Foucault, Edgar Morin e Marcel Mauss esta pesquisa objetivou identificar como a escola de hoje estabelece suas relações de poder. Resume-se em um ensaio etnográfico baseado na analise de textos descritivos, registros de observações, e fotografias. Elegemos como locus escolas que possuíam em sua estrutura arquitetônica, traços semelhantes a espaços de função social diferente da sua, tais como presídios, casas mentais, quartéis etc.

RESULTADOS:

 Os resultados mostram que o processo de disciplinação dos corpos na escola, anteriormente realizado através do castigo físico e da desmoralização, apresenta hoje uma nova forma de “docilização”, construída através da organização do espaço, do controle do tempo e da vigilância. O corpo de hoje continua a ser produzido para se tornar útil e submisso. Basta notar a semelhança entre as construções planejadas para abrigar alunos, presos, doentes mentais, soldados: muros altos, austeridade arquitetônica, postos para o controle do vigia, horários rígidos, rigor na normalização dos gestos e padronização de comportamentos, artifícios ao mesmo tempo arquiteturais, funcionais e hierárquicos.

CONCLUSÕES:

Conclui-se que a escola que se diz fomentadora de alunos críticos e conscientes reproduz, com um novo formato, sutilmente, o que antes era feito explicitamente, negando a responsabilidade de contribuir para uma educação menos dogmatizada, construída a partir dos ingredientes culturais que fornecem referencias a nossa vida em sociedade.

Instituição de fomento: Universidade Federal do Pará
 
Palavras-chave: Corpo; Educação; Arquitetura.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006