IMPRIMIR VOLTAR
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 5. Teoria e Análise Lingüística
MULTIMODALIDADE DISCURSIVA E O LEITOR
Luiz Armando Figueiredo Pinheiro 1
(1. Depto. de Letras, Universidade Federal de Pernambuco / UFPE)
INTRODUÇÃO:
Vivemos numa era de incessante inovação tecnológica que possibilita fácil registro, reprodução, manipulação e difusão de imagens, sons e outros elementos não-verbais. Obviamente, isso afetou a editoração dos nossos livros didáticos, e neles podemos observar o estabelecimento de vários gêneros textuais visualmente informativos. Esses gêneros oferecem vários benefícios para o aprendizado do aluno: são mais facilmente memorizados, têm alto poder de síntese de conteúdo, aumentam a inteligibilidade dos conhecimentos científicos, entre outros. Pelo menos, é assim na teoria. Mas será que na prática os alunos realmente julgam eficiente a cada vez mais íntima relação entre texto e imagem? Será que basta um gênero estar visualmente bem construído para que um leitor o entenda? Para investigar isto, o presente trabalho foi realizado.
METODOLOGIA:
Escolhemos dois exemplos de gêneros visuais bem construídos, segundo a Teoria Cognitiva de Aprendizagem Multimídia, de Richard Mayer, sendo um da área de Geografia e outro de História, ambos extraídos de livros da 6ª série. Submetemos esses textos a 15 alunos do público-alvo desses livros. Os alunos estão numa faixa etária de 11 a 13 anos. Todos participaram voluntariamente, e são de uma escola pública do município de Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Fizemos algumas perguntas aos alunos a fim de verificarmos se a imagem auxiliava o entendimento do texto ou vice-versa. Questionamos também se eles tiveram alguma orientação sobre como ler os gêneros multimodais específicos das áreas do conhecimento na escola.
RESULTADOS:
Em geral, os alunos começam a leitura a partir dos elementos visuais mais salientes, contrariando nossa noção de leitura linear. Alguns alunos responderam que só compreenderam o texto escrito após o contato com o texto visual, enquanto outros nem leram o texto que precede a imagem. Só houve consonância ao afirmarem que nunca ou poucas vezes receberam instrução em como ler os textos multimodais.
CONCLUSÕES:
Pudemos observar que, assim como o texto escrito, as imagens e outras modalidades discursivas dependem do esforço do leitor para que sejam satisfatoriamente compreendidas. Devemos estender, portanto, a nossa noção de Critérios Gerais de Textualização: eles não se aplicam somente à parte lingüística dos textos, mas a todo o Bloco Único Significativo formado pela junção do verbal e não-verbal. Além disso, ficou respaldada uma das propostas do nosso projeto: divulgar que os alunos precisam de novos letramentos, uma vez que a tecnologia atual gerou novas formas de interação entre texto e leitor. Cada gênero textual, por ter suas características próprias, exige um modo de leitura específico, às vezes desconhecido por alguns leitores.
Instituição de fomento: PIBIC/CNPq/UFPE
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Multimodalidade Discursiva; Compreensão Textual; Livros Didáticos.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006