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B. Engenharias - 1. Engenharia - 2. Engenharia Biomédica

LIBERAÇÃO DE ALOÍNA POR FILMES POLÍMERICOS E ANÁLISE DE SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DE VASCULOGÊNESE EM Gallus gallus Domesticus

Fernanda Vieira Berti 1
Luciano Henrique Campestrini 2
Diogo Marques de Abreu Sá 1
Luismar Marques Porto 1
Paulo Fernando Dias 3
(1. Departamento de Eng. Química e Eng. de Alimentos (EQA/CTC), UFSC; 2. Departamento de Fitotecnia (FIT/CCA), UFSC; 3. Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética (BEG/CCB), UFSC)
INTRODUÇÃO:
O desenvolvimento e produção de diferentes filmes e suportes poliméricos estão sendo estudados para aplicações na área biomédica. A incorporação de compostos bioativos provenientes de plantas medicinais, tais como a aloína extraída da babosa (Aloe vera L.), é de grande interesse para o estudo da  liberação controlada de drogas por diferentes tipos de suportes poliméricos. Os suportes poliméricos utilizados neste trabalho foram polihidroxibutirato (PHB) e metilcelulose (MCS), com e sem a absorção de aloína. Neste trabalho foi avaliado o papel do substrato polimérico na liberação de aloína, assim como a ação da droga sob o processo de vasculogênese. A vasculogênese é um dos dois processos de vascularização, e consiste na formação de vasos sangüíneos a partir de células progenitoras endoteliais que proliferam, migram, diferenciam-se estruturando os vasos sangüíneos primordiais; o outro, a angiogênese, consiste na remodelagem e ramificação dos vasos pré-existentes.
METODOLOGIA:

Nos experimentos utilizou-se ovos embrionados da espécie Gallus domesticus (linhagem Ross), coletados em um período de até 12 horas após a postura, procedentes da empresa Macedo Koerich S.A., SC, Brasil. Este material foi previamente estocado por no máximo 48 horas em câmara fria (19-20°C), até o início da incubação. A incubação foi feita à temperatura de 37,5°C em ar saturado de umidade, durante os seis dias de experimentação. Após 48 horas de incubação preliminar dos ovos foi efetuada uma abertura na casca de aproximadamente 10 mm. Esta abertura provoca o deslocamento entre a casca e a membrana interna possibilitando que o suporte seja implantado. Os tratamentos in vivo (n: 2-8) foram realizados por meio de suportes discóides de polihidroxibutirato bacteriano e de metilcelulose, com cerca de 2 mm de diâmetro, implantados na vesícula vitelínica próximo ao embrião, onde ilhotas sangüíneas ainda estavam presentes. Soluções de concentrações decrescentes de aloína (0,01mg/L e 0,0001mg/L) foram utilizadas. A avaliação das respostas anti- ou pró-vasculogênica foi realizada sob microscopia estereoscópica (20×), determinada com base no número de vasos que interceptam o limite dos discos poliméricos. A contagem começou após 48 horas de implantação e foi feita de 8 em 8 horas, durante 2 dias, onde foi observada a ocorrência de vasculogênese. Os experimentos foram realizados em duplicata.

RESULTADOS:
Os processos de vascularização são importantes no cenário do desenvolvimento de novas terapias celulares, tanto na indução como na supressão do crescimento de vasos, o que seria promissor na cura de diversas enfermidades. A implantação de material exógeno (polímeros biológicos) no interior dos ovos em desenvolvimento tornou-se uma alternativa viável na avaliação de respostas significativas na formação de vasos sanguíneos. Contudo, a dinâmica desses processos revelou-se variável e altamente complexa. O primeiro ensaio foi realizado com a implantação de suportes poliméricos de PHB e metilcelulose incorporados com aloína na concentração de 0,01mg/L. Percebeu-se já na primeira leitura, 48 horas após a implantação, que o grupo de embriões apresentou 100% de mortalidade. Desta maneira, apenas os ovos onde foram implantados somente PHB e MCS puderam ser avaliados. Para continuidade do trabalho reduziu-se cem vezes a concentração de aloína incorporada (0,0001mg/L), e confirmaram-se os resultados com PHB e MCS sem aloína incorporada. Já para o caso de ovos tratados com PHB com aloína incorporada (PHB/aloína) em menor concentração, percebeu-se uma constância no número de vasos, o que não ocorreu nos ovos tratados com MCS com aloína incorporada (MCS/aloína), onde o número de vasos aumentou de forma brusca nas três primeiras leituras e após um período de aproximadamente 20 horas começou a decair.
CONCLUSÕES:
Através deste estudo concluímos que os filmes de MC e PHB pareceram não afetar significativamente o número total de vasos ao longo dos dois dias de desenvolvimento. A aloína testada em concentrações tão elevadas quanto (0,01mg/L) mostrou-se tóxica ao desenvolvimento de embriões em todos os casos. Já em uma concentração mais baixa a aloína absorvida em MCS inibiu a formação de vasos sangüíneos em um período de indução de 20 horas, ou seja, após este período, o número de vasos reduziu-se repentinamente. Este decaimento no número de vasos pode ter sido ocasionado pela desativação de fatores de crescimento envolvidos no processo pela ação da aloína. Os ovos tratados com PHB/aloína não apresentaram variação significativa no número de vasos. Isso pode ter sido ocasionado pela não liberação de aloína pelo PHB. Estudos sobre a difusividade de compostos em diferentes filmes poliméricos devem ser realizados para confirmar a efetividade da liberação de aloína por esses filmes poliméricos.
Instituição de fomento: CNPq / FINEP
 
Palavras-chave: Vasculogênese; Aloína; Liberação de drogas em filmes poliméricos.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006