O interesse em estudar os problemas lingüísticos-discursivos que envolvem a leitura surgiram a partir dos resultados de diferentes instrumentos de avaliação educacional aplicados no Brasil, nas últimas décadas. Pretendemos refletir, sobre o tratamento que devemos dar à leitura, em especial, à “notícia jornalística “ na sala de aula, tendo em vista que esse gênero, assim como outros, dão margem a uma abordagem crítica-social  da realidade por parte dos usuários de uma língua. Esse gênero possui uma função histórica, social e cognitiva já estudada (af. Rojo,2001) no âmbito  das teorias sócio-interacionistas. Mostrando a interdependência entre os aspectos formais e funcionais do gênero notícia  e estabelecendo critérios de seleção dos textos a serem lidos a partir dos interesses e motivações do aluno, é possível romper com algumas das visões que “levam” à prática pouco eficiente  de leitura. Referimo-nos a práticas sedimentadas em uma noção de leitura como decodificação; a seleção de textos desenraizados dos  interesses e do cotidiano desses alunos. Pretendeu-se, ainda criar um modus operandi em sala de aula, a partir do gênero notícia, que pudesse ser utilizado em outros gêneros também presentes nas práticas de leitura da comunidade em foco.

Num dia combinado, a manchete foi colocada no quadro, dando segmento ao jogo de adivinhação a cerca da notícia. A partir desse jogo, sugerimos a reflexão quanto ao contexto do texto, a construção conjunta de um  “mapa textual” na lousa e do conhecimento de mundo ativado nos alunos. O professor destacou palavras e expressões do texto  lido , para facilitar o processo de compreensão da leitura para posterior  produção textual da notícia lida.     

Os resultados obtidos confirmaram as expectativas iniciais desse trabalho na criação de um modus operandi em sala de aula, a partir do gênero notícia, que pudesse ser utilizado em outros gêneros também presentes nas práticas de leitura da comunidade em foco. Onde a competência de leitura significativa foi contemplada, com o aluno indo além do conhecimento lingüístico, mobilizando o senso crítico e estabelecendo inferências, ou seja, pistas e respostas que favoreçam ao entendimento do ato de ler, as quais se encontram presentes na produção de texto dos alunos.

Concluímos que ler um texto é antes de tudo compreendê-lo, através das inferências  feita pelo leitor. Atividade que não se restringe à decifração do código escrito. Trata-se antes de um processo de construção de significados envolvendo diversos fatores percebidos nas produções textuais dos alunos. Como as operações que envolveram  as relações lógicas, o conhecimento de mundo para dar nova significação a termos que estão sendo usado fora do sentido usual, o pensamento crítico  e a arte de influenciar as pessoas.Desta forma, podemos dizer que, este leitor não é passivo mas atua como co-autor do texto.

 Ressaltamos também a importância do professor neste processo, como mediador entre, o aluno e o texto,  motivando os alunos a realizar outras atividades a fim de melhorar o sentido e a compreensão da notícia.