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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
INTERNET E PSICOLOGIA: ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E EMOCIONAIS DO SEU USO
Tiago Paz e Albuquerque 1
Maria do Carmo Eulálio 2
Tales Iuri Paz e Albuquerque 3
(1. Acadêmico de Psicologia, Universidade Estadual da Paraíba / UEPB; 2. Departamento de Psicologia, Universidade Estadual da Paraíba / UEPB; 3. Acadêmico de Fisioterapia, Universidade Estadual da Paraíba / UEPB)
INTRODUÇÃO:
A progressiva ampliação do número de usuários da Internet e de seu acesso cada vez mais freqüente no cotidiano das pessoas, leva-nos a considerar a complexidade das implicações desse uso enquanto instrumento comunicacional. Embora, essas implicações atinjam a totalidade das atividades e dimensões humanas, quando caracterizadas, muitas vezes, restringem-se a alguns aspectos, tais como: econômicos, políticos, educacionais ou culturais. Esquece-se ou passa despercebida uma importante dimensão, a da saúde, a qual envolve emoções e cognições e que se encontram estabelecidas na comunicação entre os indivíduos através da Internet. Assim, conhecer o lugar da Internet na vida de seus usuários torna-se importante no sentido em que nos é referenciada uma compreensão do modo como socialmente ela possibilita sustentação, não apenas à vida destes, mas, à dinâmica social. Desse modo, tivemos por objetivo delinear aspectos associados às representações – as formas de saber e emoções – que estão sendo elaboradas e partilhadas sobre a Internet, bem como, aspectos associados às práticas e ações, vinculados a ela, que dizem de um bem e/ou mal-estar e que possam estar estabelecendo uma realidade comum socialmente.
METODOLOGIA:
A amostra foi composta por 20 participantes, 6 (30%) do sexo masculino e 14 (70%) do sexo feminino, residentes em Campina Grande/PB (95%) e João Pessoa/PB (5%); a composição se deu por acessibilidade e foi do tipo não-probabilística. Os instrumentos utilizados foram: técnica de associação livre de palavras; e questionário elaborado com questões sobre o estado sócio-demográfico do participante, uso da internet e aspectos da personalidade do indivíduo. Respaldamos-nos no referencial teórico e metodológico da Teoria das Representações Sociais.
RESULTADOS:
A idade dos participantes variou entre 11 a 47 anos (média de 22 anos; desvio-padrão = 7,08), sendo maioria solteiros (95%) e estudantes em curso superior (70%). Utilizam computador, em média, há 8,4 anos e Internet há 5,8 anos. O acesso a esta se dá de casa (85%) e por banda larga (95%), permanecendo on-line por um tempo de 20 horas semanais. Como usos mais citados temos: 18%, páginas de comunidades (ex:Orkut); 16%, e-mail; 15%, softwares de mensagens instantâneas (ex:MSN Messenger); 13%, páginas de busca; e 11%, páginas de informações/conhecimento geral. Quanto ao uso da Internet, destacamos, em síntese, suas afirmativas de que costumavam: ficar conectados mais tempo do que havia inicialmente pensado (60%), acessar Internet mesmo que tivessem coisas mais importantes para fazer (50%); desejar retornar a conectar logo que saiam da internet (55%); sentir dores físicas em função do tempo em frente ao computador (30%). Emocionalmente, 40% afirmaram-se expansivos e 60%, como oscilando entre a expansividade e a timidez; a maioria se definiu como possuindo média (65%) e alta (30%) auto-estima. Sobre benefício ou malefício advindo do uso da Internet, o primeiro foi considerado por unanimidade, enquanto que o segundo por 45%. Na associação livre de palavras, as categorias conhecimento, comunicação e softwares/serviços compuseram o núcleo cognitivo da representação da Internet; em se tratando das emoções/sentimentos a ela relacionados, destacaram-se: alegria, ansiedade e curiosidade.
CONCLUSÕES:
A Internet, para este grupo, predominantemente de jovens, encontra-se revestida de elementos que dizem respeito principalmente à comunicação, cuja evidência se encontra nos usos que costumam fazer dessa tecnologia e nas associações remetidas a ela. Tal aspecto parece vincular-se ao fato deste acesso se dar, em grande parte, a partir de casa; o que facultaria ao usuário uma maior comodidade e liberdade para conectar-se. Apesar disto, o uso da Internet, em parcela considerável dos participantes, parece escapar, de certo modo, ao controle, já que embora lhe tragam alegrias e incite a curiosidade, faculta um estado de ansiedade – que os fazem permanecer conectados por mais tempo que pretendiam, ou conectar mesmo diante de atividades importantes pendentes. Sobre o sentido da busca pela comunicação ou por estarem conectados, em termos gerais, poderíamos finalizar: estar conectado com o outro significa estar conectado com o mundo, fazendo parte ativa da circulação comunicativa, e isto nos dar a efetiva sensação de pertencimento natural do que está sendo considerado viver de forma normal nos dias atuais.
Instituição de fomento: PIBIC/UEPB/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Internet; Aspectos Psicossociais e Emocionais; Comunicação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006