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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 11. Economia

MORTALIDADE E CONDIÇÕES SOCIOECONÓMICAS NO ESTADO DE ALAGOAS: 1981-2002.

Anderson Moreira Aristides dos Santos 1
Cátia Marie Delgado Siqueira 1
César Augusto Oviedo Tejada  1, 2
Paulo de Andrade Jacinto  1, 2
(1. Universidade Federal de Alagoas; 2. Professor Dr. )
INTRODUÇÃO:

Durante os últimos anos, principalmente na década de 90 ocorreram relevantes transformações nos padrões de saúde da população brasileira. A maioria dos coeficientes de mortalidade tem tido uma tendência decrescente principalmente a mortalidade infantil. O declínio dessa última ocorreu de maneira diferente nas regiões do país, sendo que apesar dos avanços no indicador, a região Nordeste ainda apresenta taxas elevadas comparada ao Centro-Sul do país. Alagoas é um dos exemplos que se encontra com grandes desafios quanto às reduções da taxa de mortalidade infantil e da taxa de mortalidade total. Para diminuição dessas taxas, alguns estudos defendem a melhoria do serviço de saúde e saneamento como medida principal, contudo outros dão grande importância às medidas socioeconômicas defendendo que essas apresentam custos econômicos e sociais menores. A partir desse aspecto, o objetivo deste trabalho é analisar as relações existentes entre as taxas de mortalidade (total e infantil) com melhoras no serviço de saúde e cobertura de saneamento assim como nas outras variáveis socioeconômicas. Nosso estudo se restringe ao Estado de Alagoas para o período de 1981 a 2002.

METODOLOGIA:
Foi realizada a leitura e a síntese da literatura econômica existente sobre o tema. Para representar a saúde da população foi escolhida a variável taxa de mortalidade total, mas por essa nem sempre representar um bom indicador, utilizamos também a taxa de mortalidade infantil por ser considerado um dos mais sensíveis indicadores das condições de saúde. As variáveis escolhidas para serem relacionadas com essas duas últimas foram as seguintes: renda per capita, taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos e mais, porcentagem de ocupados com carteira assinada, gastos com saúde e saneamento, porcentagem de pessoas com abastecimento adequado de água e porcentagem de pessoas com instalações adequadas de esgoto. Em um segundo momento foi feito o levantamento de banco de dados relacionados ao assunto e os dados foram retirados do IPEADATA, IBGE e DATASUS. Depois foram realizadas análises das informações contidas nos mesmos. Para tanto foram utilizados testes estatísticos descritivos: média, desvio-padrão, diagramas de dispersão e principalmente correlações entre as variáveis.    
RESULTADOS:
A taxa de mortalidade total e a taxa de mortalidade infantil, em Alagoas, apresentaram uma tendência de queda de 1981 a 2002, tendo as respectivas variações percentuais de -37% e -73%. Já a renda média da população teve um aumento de 10% no período estudado. Ela apresentou um coeficiente de correlação de -0,52 em relação à taxa de mortalidade total, e um coeficiente de -0,55 em relação à taxa de mortalidade infantil, ou seja, quanto maior a renda, menor a taxa de mortalidade. A educação representada pela variável taxa de analfabetismo apresentou coeficientes de correlação positivos e próximos de um, tanto para taxa de mortalidade infantil como para total. A implicação econômica para esse resultado é que quanto menor a taxa de analfabetismo, menor será a mortalidade. A porcentagem de ocupados com carteira assinada mostrou-se tendo uma forte relação linear negativa com as taxas de mortalidade, e ainda uma correlação de -0,96 com a taxa de analfabetismo. Percebe-se também que houve um aumento na porcentagem das pessoas com cobertura de saneamento, verificando-se um aumento de gastos públicos com saúde e saneamento, e que com isso melhoraram-se as condições de saúde da população, mostrando que essas variáveis se correlacionam negativamente com as taxas de mortalidade. Para todas as variáveis exceto leitos as correlações se mostraram maiores em relação à taxa de mortalidade infantil evidenciando que ela é uma taxa mais sensível a medidas de políticas públicas.
CONCLUSÕES:
As reduções das taxas de mortalidade, em Alagoas, foram significativas, com base nos dados vemos que elas ocorrem junto com melhorias nos serviços de saneamento e saúde como também nos demais aspectos socioeconômicos. Isso nos leva a acreditar que crescimento econômico junto com desenvolvimento social permitem melhoras de saúde à população. Porém as desigualdades sociais existentes excluem uma grande parte da população do acesso à educação, renda, saneamento e serviços de saúde, o que acarreta em elevadas taxas de mortalidade. Com isso o Estado continua com uma das piores situações socioeconômicas do país. Mostrando a necessidade de políticas públicas ainda mais eficazes no que se refere à erradicação da taxa de analfabetismo e a melhora no ensino que tem grande relação com acesso a emprego e conseqüentes aumento de renda per capita. Medidas que necessitam de planejamento trazendo resultados à longo prazo. Devemos notar também que Alagoas possui uma das piores coletas de esgoto do país. Portanto, a cobertura de saneamento ainda é incipiente, principalmente na área rural, podendo evoluir muito, reduzindo as taxas de mortalidade, com ênfase na infantil.
Instituição de fomento: PIBIC-CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Economia; Mortalidade; Alagoas.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006