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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 1. Climatologia
A PRECIPITAÇÃO PLUVIAL NOS ANOS DE 1982/83 E 1997/98 NO SERTÃO DA PARAÍBA E SUA RELAÇÃO COM O FENÔMENO EL NIÑO
Hermes Alves de Almeida  1
Gabriel Moísés de Sousa Neto  2
(1. Prof., Dr., Orientador, Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Campina Grande; 2. Bolsista PROINCI/UEPB, Departamento de História e Geografia)
INTRODUÇÃO:
A identificação de fenômenos que influenciam as condições de tempo de regiões distantes de seu local de origem tem sido à base de estudos de previsões de curto e médio prazo. Nesse contexto, está inserido o fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS) que ocorre no Oceano Pacífico Tropical, cujo comportamento influencia as oscilações interanuais do tempo e do clima mundial. No Brasil, o ENOS tem como característica marcante estar associado com chuvas intensas em determinadas regiões e secas em outras. Estudos mostram que no Nordeste do Brasil, por exemplo, há correlação entre a variação interanual da precipitação pluvial e as flutuações da temperatura da superfície do Oceano Pacífico. Das séries de dois anos com eventos mais fortes do El Niño do século XX foram os que ocorreram nos anos de 1982/83 e 1997/98, sendo este o objetivo principal do presente trabalho.
METODOLOGIA:
Os dados anuais de precipitação pluvial utilizados no presente trabalho foram cedidos pelo Laboratório de Meteorologia, Recursos Hídricos e Sensoriamento Remoto da Paraíba (LMRS), em Campina Grande. Das séries históricas pluvias, escolheram-se os anos de 1982, 1983, 1997 e 1998 por coincidirem com os de máxima intensidade do El Niño do século XX. Vinte e três localidades que compõem a microrregião do sertão da Paraíba, constituirão a unidade experimental. Determinaram-se, anualmente e para cada local, as médias, medianas e os desvios padrão da média de cada série. De posse da mediana, comparou-se o total observado em cada um dos anos analisados, sendo os desvios relativos calculados pela diferença entre o valor observado e a mediana esperada.
RESULTADOS:
Os resultados mostraram que existe uma elevada dispersão dos totais anuais de precipitação. Trata-se de uma distribuição assimétrica e, por isso, a mediana é a medida de tendência central com maior probabilidade de ocorrer. Essa foi à razão principal pela escolha da mediana e não da média. A média dos desvios padrão da média aritmética , das vinte três localidades do sertão paraibano nos anos de 1982, 1983, 1997 e 1998, foram de 36%. Isso mostra, claramente, a irregularidade espacial e temporal da precipitação na referida microrregião. A escolha das séries de dois anos, consideradas os mais fortes eventos de El Niño do século XX, foi baseada no histórico de ocorrência do citado fenômeno. O ano de 1998 foi o menos chuvoso, cuja redução média foi da ordem de 47%, o que representou cerca de 350 mm a menos do que o esperado. Trata-se de um valor extremamente elevado para uma região semi-árida. Embora no ano de 1997, mesmo sendo de forte El Niño, choveu cerca de 9% a mais do que o esperado. Isso se deve, certamente, ao fato do evento de ter iniciado em abril de 1997, dois meses após o inicio da estação chuvosa da microrregião. Quando se compara os totais de chuvas desses quatros anos com El Niño forte, verifica-se que em 75% dos anos choveu abaixo da mediana. Trata-se de um índice estatístico elevado, o que mostra, a priori, a existência de uma estreita relação entre o El Niño de intensidade forte e a chuva no sertão paraibano. No entanto, verificou-se que em anos de El Niño considerado de intensidade fraca, como por exemplo, os de 1994 e 1995, contrariamente, choveram, em média, cerca de 20% a mais do que a mediana.
CONCLUSÕES:

Os resultados parciais mostraram que há uma elevada dispersão espacial e temporal da precipitação pluvial. A distribuição é do tipo assimétrica e a mediana é o valor médio mais provável de ocorrer. Em 75% dos eventos de intensidades fortes do El Niño choveu abaixo do esperado, com um mínimo em 1997 quando choveu 47% menos. Em anos com eventos de intensidade fraca, não há indícios de que haja necessariamente redução na precipitação.

 
Palavras-chave: meteorologia; ENOS; chuva.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006