O envelhecimento populacional é um fenômeno contemporâneo, sendo que no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico (IBGE), através do Censo 2002 há 14 milhões de idosos, ou seja, 8,9% da população brasileira.

A velhice é uma das fases da vida que é permeada por uma multidimensionalidade que comporta desde mudanças internas, físicas e emocionais até externas com os grupos sociais mais próximos, sendo que esse processo envolve uma série de perdas: do grupo afetivo, financeira, da força física e do status social.

Os estudos realizados até então, abordam em sua maioria os aspectos biológicos do envelhecimento em detrimento dos aspectos sócio-psico-culturais.

Neste trabalho objetivamos conhecer o grau de participação social dos idosos através de sua vinculação às seguintes instituições : associação de bairro , sindicato  e partido político.

Tendo como hipótese que os idosos teriam uma inexpressiva participação junto a esses, uma vez que devido à cultura ocidental e o processo histórico de desvalorização da terceira idade devido o seu afastamento do mundo produtivo e ainda a massificação e alienação do homem no mundo contemporâneo, fazerem com que eles não se vejam como sujeitos de direitos, inclusive o direito à livre participação e manifestação das suas idéias e pensamentos.

Realizamos a pesquisa no período de julho a  novembro de 2005 com 73 dos 90 idosos cadastrados na Superintendência de Desenvolvimento Humano e Social da Prefeitura Municipal de Sacramento-MG.

Os sujeitos da pesquisa tinham idade compreendida entre 60 e 82 anos, sendo de ambos os sexos  e foram selecionados por amostragem aleatória , cujo único critério era disponibilizar-se  voluntariamente a participar da pesquisa.

As entrevistas foram semi-estruturadas com roteiro previamente elaborado.

Constatou-se que dos 73 entrevistados : 4 (5,4%) participam de associação de moradores de bairro ,  3 (4,10%) tem vinculação a  um sindicato e 1 (1,36%) é filiado a um partido político, ou seja,   do universo  pesquisado  apenas 8 (10,95%) idosos Têm participação social nos referidas instituições.

Quando se questionou sobre qual o motivo do não engajamento dos demais pesquisados naquelas instituições obteve-se as seguintes respostas: 15 (23,07%) não conhecem/ entendem quais o papel das instituições; 29 (44,61%) conhecem, mas preferem não participar e 21 (32,30%) não acham importante participar.

De acordo com os dados obtidos confirmou-se a hipótese de que há uma pequena representatividade dos idosos nas associações de moradores de bairro, nos sindicatos e partidos políticos.

Devemos refletir sobre os motivos da falta de participação dos idosos iniciando pela questão histórica. No Brasil não há uma cultura de participação, entendendo ser a participação um processo de conquista que envolve aspectos culturais, políticos, sociais e econômicos, somando-se a isso o fato de termos sido marcados por um regime ditatorial – o qual todos os sujeitos da nossa pesquisa vivenciaram e ainda a própria desvalorização social dos idosos e a introjeção do sentimento de menos valia, pois sabemos que no sistema capitalista o homem tem importância quando contribui no processo produtivo e na expansão do capital; os idosos não estão, necessariamente, mais engajados na produção e tão pouco na reprodução; o que faz deles indivíduos descartáveis para o capitalismo e pior fim a ideologia da ineficácia da participação.

É grave o fato dos 73 entrevistados 65 (76,92%) terem esclarecimento sobre as atribuições das instituições supra referidas e alegarem não preferirem participar ou não darem a devida importância a sua participação, contudo é uma questão que precisa de um maior aprofundamento teórico –reflexivo para ser respondida.