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F. Ciências Sociais Aplicadas - 5. Arquitetura e Urbanismo - 5. Arquitetura e Urbanismo

A IMAGEM DO LUGAR: ESTUDO DE CASO DA REMEMORAÇÃO EM MAQUETE E AQUARELA DA CIDADE DE SÃO FRANCISCO DO SUL

Cristina Collaço da Silva  1
Paulo Drachinski  1
Rodrigo Vargas  1
(1. Curso de Arquitetura e Urbanismo/UNERJ/SC)
INTRODUÇÃO:

As atividades culturais, desde a origem do homem, foram evoluindo em função da necessidade de sobrevivência e da agregação de valor as conquistas já obtidas. Este processo evolutivo e a velocidade das invenções são os grandes diferenciais que possui o homem, em relação aos fenômenos da natureza. As conquistas foram sendo transmitidas, gerando um processo cultural necessário para a sua preservação e a formação de uma identidade. O homem cria a arte para divulgar suas crenças e para expressar sua visão do momento histórico em que vive. A cidade, como obra arquitetônica, representa o produto de uma época que por razões próprias e de uso modificam sua estrutura com o passar do tempo. Um dos exemplos em Santa Catarina é a cidade de São Francisco do Sul, com um centro histórico apresentando características visualmente marcantes, foi enquadrado no livro de tombos em 1985, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O objetivo central deste trabalho encontra-se em facilitar a rememoração, para a comunidade, e futuras gerações através da miniaturização de uma maquete de 70m2 representando a décadas de 40 do século XX do centro histórico tombado de São Francisco do Sul e da produção de 30 quadros de pintura em aquarela do mesmo local, em duas épocas distinta, décadas de 40 do século XX e atual. Pretendeu-se criar uma releitura da cidade, como forma de valorizar a consciência de preservação, e ao mesmo tempo fortalecer os laços comuns da população local.

METODOLOGIA:

Para a realização deste trabalho inicialmente foram feitos levantamentos e análises dos imóveis tombados do centro histórico de São Francisco do Sul através do Programa de Iniciação Científica/UNERJ, com o intuito de organizar um cadastro para historiografar os principais períodos arquitetônicos, permitindo selecionar e estabelecer critérios coerentes de conservação desse patrimônio cultural, dando subsídio para a confecção da maquete e das pinturas em aquarela. Posteriormente foi feito o levantamento do material fotográfico existente nas décadas de 40 do século XX (época escolhida por apresentar um maior desenvolvimento urbano na cidade), permitindo resgatar a memória visual com a participação dos moradores da cidade de São Francisco do Sul. Nesta fase contou-se com auxilio da população, arquivo público, bibliotecas, e parcerias com Museu Histórico, Fundação de Cultura, IPHAN e Associação dos Amigos do Museu do Mar. Para atingir os objetivos da pesquisa, algumas ferramentas metodológicas foram utilizadas para a coleta de dados. Entre elas pode-se citar: (i) levantamento das características físicas das edificações tombadas, pertencentes à área escolhida a ser estudada, quando foram feitas medições de cada edificação; (ii) levantamentos fotográficos das edificações, buscando-se fontes históricas que visualizassem as alterações sofridas nas edificações.

RESULTADOS:

Regiões de caráter eminentemente histórico apresentam formas muito caricaturadas de um passado, ricas em abordagens e interpretações que revelam uma subjetividade cultural. O centro histórico de São Francisco do Sul mantém as peculiaridades da época da colonização, possuindo uma paisagem típica, que procura manter viva sua cultura, bem como suas edificações, garantindo assim a memória social e sua própria identidade. A cidade preserva ao longo dos anos, o número aproximado de 300 casarios construídos entre os séculos XVIII ao início do século XX, sendo que muitas destas edificações encontram-se em bom estado de conservação. A maquete realizada trata-se de um diorama, onde se observa todo o clima de uma época, tais como: carroças, pessoas, navios, ruas e os casarios característicos da cidade. E a aquarela retrata as diversas alterações que a cidade vem sofrendo, informações obtidas em fotografias das diversas épocas. Assim, constatou-se que a comunidade tem valores, padrões de comportamento, formas de viver, características culturais que os identificam, os tornam semelhantes entre si e diferente dos outros. É essa identidade cultural que aproxima e une os moradores desta cidade. Observou-se, que apesar da satisfação da população em morar em um centro histórico tão rico arquitetonicamente, existe um descontentamento com relação aos órgãos responsáveis pela preservação e manutenção do Patrimônio Histórico local, que vem tentando preservar este acervo.

CONCLUSÕES:

O Brasil construiu e constrói sua identidade cultural a partir das suas diferentes etnias e regiões geográficas. Para entender esta sociedade tão diversificada torna-se importante à análise de fontes históricas, mapas e da própria paisagem modificada pela ação do homem no decorrer dos tempos. Através desta pesquisa buscou-se reproduzir a manifestação cultural e estilos arquitetônicos da época escolhida. Observou-se que a maquete do ponto de vista científico, será um instrumento vivo de suporte ao planejamento e gestão da cidade, que permitirá testar soluções e perceber o modo como a transformação urbana influenciou no planejamento da cidade e como novas soluções poderão ser introduzidas sobre o tecido urbano. O exercício de miniaturização, com reprodução realística dos edifícios e dos outros acontecimentos da cidade serão por uma solução de grande simplicidade visual, que permitirá uma apreensão rápida da estrutura e organização da cidade, através da valorização da sua estrutura, referenciado pelas malhas urbanas e pelo sistema verde da cidade. A pintura em aquarela, além de uma atividade que procurou envolver os moradores, retrata as diversas alterações que a cidade sofreu durante o tempo. Reforçando assim, o sentimento preservacionista do patrimônio cultural e de sua memória, e que a responsabilidade não seja somente dos governos federal, estadual e municipal, mas da comunidade também, que está participando. Ela mais do que ninguém conhece os bens culturais e o que eles representam.

Instituição de fomento: Fundação de Ciência e Tecnologia - FUNCITEC
 
Palavras-chave: Identidade cultural; Cidade histórica; Patrimônio cultural.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006