IMPRIMIR VOLTAR
B. Engenharias - 1. Engenharia - 3. Engenharia Civil

MODELAGEM NUMÉRICA DA EQUAÇÃO DE LAPLACE EM PROBLEMA DE HIDROLOGIA SUBTERRÂNEA.

Carlos Gouveia Riobom Neto 1
José Antônio Vargas Bazán  1
Patrick Ruela Rodrigues de Souza 1
Carlos Alexandre Bastos de Vasconcellos 2
Otto Corrêa Rotunno Filho 1, 2
Webe João Mansur  2
(1. Escola Politécnica / UFRJ; 2. COPPE / UFRJ)
INTRODUÇÃO:

As águas que atingem a superfície do solo a partir das precipitações, nas depressões do terreno, ou escoando ao longo dos talvegues, podem infiltrar-se por meio das forças da gravidade e de capilaridade. Seu destino será função das características do subsolo, do relevo do terreno e da vegetação, configurando a fase subterrânea do ciclo hidrológico. A distribuição das águas subterrâneas, seu deslocamento e eventual ressurgimento na superfície envolvem problemas extremamente variados e complexos, nos domínios da geologia e da hidráulica do escoamento em meios porosos. O seu estudo justifica-se não só pela importância das águas subterrâneas, como pela sua estreita relação com as águas superficiais. A presente pesquisa está inserida no escopo de um estudo que abrange transporte de contaminantes, especialmente de derivados do petróleo, em solos saturados e não-saturados. Mais especificamente, o objetivo deste trabalho é desenvolver um modelo de simulação numérica para o movimento de águas subterrâneas com base na equação de Laplace. Finalmente, destaca-se que a combinação de ensaios de campo com a modelagem numérica pode levar a excelentes resultados na estudo do comportamento e exploração dos aqüíferos, permitindo assim um planejamento racional dos recursos hídricos.

METODOLOGIA:

A equação diferencial parcial que governa o fenômeno físico em questão é obtida através da combinação da equação da continuidade com a lei de Darcy, q = -KÑh, onde K é a condutividade hidráulica, h é o potencial hidráulico e q é a descarga específica. Considerando um caso permanente e bidimensional, com inexistência de fontes e o meio poroso homogêneo e isotrópico, esta equação reduz-se a de Laplace, 2h/x2+2h/y2 = 0. A partir disso, definem-se as condições de contorno (Neumann ou Dirichlet), discretiza-se o domínio de forma adequada e aproxima-se a equação através do método de diferenças finitas, que conduz o problema para um sistema de equações algébricas lineares, que foi resolvido com técnicas iterativas tais como Gauss-Seidel e super-relaxação sucessiva. Utilizou-se um modelo de água subterrânea que pode ser representado por uma seção transversal através de uma sub-bacia limitada de um lado por um cume topográfico, que marca um divisor de águas, e do outro lado por um córrego, que é a área de descarga do aqüífero e também define um divisor; assume-se que abaixo deste existe uma camada impermeável de rochas. Todos esses contornos podem ser representados matematicamente como fronteira de fluxo nulo. A fronteira mais elevada do modelo é a linha que representa a superfície piezométrica. Esse modelo matemático é uma representação real da configuração geral do sistema de fluxo saturado onde a topografia é suave e a inclinação da superfície piezométrica é pequena.

RESULTADOS:

Os resultados foram obtidos através de um código computacional em linguagem Fortran,  que permite simular problemas com geometrias regulares e condições de contorno diversas, bem como fazer o refinamento da malha e testar os métodos iterativos supracitados. O caso estudado possui três fronteiras de fluxo nulo e a fronteira superior é definida pela reta h(x,y0)=cx+y0 . Utilizou-se c=0,02; y0 =100 m e s=200 m, o que representa um domínio de 20.000 m2. A primeira simulação empregou uma malha de 20x20 m e coeficiente de relaxação w=1, o que representa utilizar a iteração de Gauss Seidel. Após 224 iterações, chegou-se a erros relativos menores do que 0,0437% em relação à solução exata. Na segunda, reduziu-se a malha para 10x10 m e observou-se uma redução do erro para 0,0216% com 734 iterações. Na terceira e quarta, utilizaram-se os mesmos dados das anteriores exceto w que foi tomado como 0,5 (sub-relaxação), e o resultado foi pior, pois aumentaram as iterações e não diminuíram os erros. Na quinta e sexta, utilizou-se w=1,5 (super-relaxação), onde o resultado foi melhor, uma vez que se encontrou o mesmo erro com aproximadamente metade do número de iterações (107 para malha 20x20 m e 309 para 10x10 m). Na sétima e última, utilizou-se a malha de 10x10 m e testou-se w=1,8; w=1,9 e w=1,95,  mostrando-se que, no primeiro caso, houve uma redução do número de iterações para 142, enquanto, no segundo,  esse valor subiu para 324, e, no terceiro,  ocorreu um valor excessivamente alto.

CONCLUSÕES:

Pode-se concluir que o caso em estudo, modelado com um esquema de diferenças finitas utilizando o método iterativo de super-relaxação sucessiva, foi preciso e acurado em relação à solução analítica equivalente (erro menor do que 0,0215%). Portanto, a solução aproximada convergiu para a solução exata, dentro da precisão estabelecida de 10-5. Os resultados encontrados foram motivadores para a continuação do estudo, em que serão abordados casos com fontes ou sumidouros (equação de Poisson), transientes (equação da difusão), heterogêneos, anisotrópicos, não-saturados (equação de Richards) e finalmente o transporte de contaminantes em meios porosos (equação de advecção-difusão). Pretende-se também analisar outros métodos numéricos tais como o método das diferenças finitas energéticas, o método de elementos finitos e o método dos elementos de contorno. Portanto, o presente trabalho representou a conclusão da primeira fase da pesquisa, e a fase seguinte, que engloba a equação de Poisson e de difusão, já está em andamento.   

Instituição de fomento: Programa de Educação Tutorial- PET CIVIL UFRJ– DEPEM/SESu/MEC; CNPq; Projeto CAPES/COFECUB No. 516/05
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Hidrologia subterrânea; Modelagem numérica; Equação de Laplace.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006