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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem

A UTILIZAÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS PARA AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTO SOBRE DENGUE.

Héliton da Silva Barros 1
Denise Nacif Pimenta 1
Virgínia Torres Schall 1
(1. Laboratório de Educação em Saúde - Centro de Pesquisas René Rachou/Fiocruz)
INTRODUÇÃO:
O último boletim divulgado (2005) pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), órgão ligado ao Ministério da Saúde, aponta uma redução de 28,45% no número de notificações de dengue. Comparando-se ao primeiro trimestre de 2004 com o mesmo período de 2005, os números ainda são altos. Tais dados alertam para a necessidade de vigilância permanente através de estratégias efetivas. Por ser uma doença que ainda não possui vacina, o combate ao vetor, Aedes aegypti, tendo sido a principal forma de controle. Nesse cenário, a participação da população é indispensável ao controle da doença, pois sem o comprometimento das pessoas, as políticas públicas não se concretizam. Um grande desafio é a mudança de comportamento por parte da população. Mesmo quando se verifica bom, ou até ótimo nível de conhecimento das pessoas, a adesão às práticas preventivas é baixa. Ter como ponto de partida as informações que cada indivíduo ou comunidade já possui é de extrema importância para a construção de novos conhecimentos, mas esse processo requer incluir vivências e experiências constituídas a partir do senso comum. A intenção desde estudo é investigar como pessoas de diferentes ocupações percebem as informações sobre dengue, as quais cada uma teve acesso, levando-se em consideração suas ocupações profissionais.
METODOLOGIA:
Foram convidadas 24 pessoas de quatro diferentes tipos de ocupação gerando, portanto, grupos com seis componentes cada. A escolha foi intencional respeitando-se a disponibilidade e a disposição das pessoas em colaborar para o estudo. Os tipos de ocupação contemplados foram: profissionais ligados à área de comunicação, profissionais dos serviços de limpeza de instituições de pesquisa, pesquisadores e/ou estudantes ligados à pesquisa em dengue e alunos do Programa de Vocação Científica / Provoc. Os participantes foram convidados, individualmente, para uma conversa com um dos pesquisadores. Todos eles visualizaram vários mapas conceituais, de diferentes assuntos, exceto dengue. Receberam ainda informações sobre o que é um conceito e sobre a forma hierarquizada em que eles se encontravam nos mapas conceituais apresentados. Convidados a confeccionarem seus próprios mapas sobre dengue, os participantes foram aconselhados a começar por uma lista de conceitos sobre dengue e informados que poderiam usar diversas folhas de papel, o quanto fosse necessário.  A seqüência dos mapas produzidos por cada um, ou seja, os rascunhos foram numerados para posterior análise juntamente com os mapas finais. Todos os participantes foram entrevistados logo após entregarem a sua seqüência de mapas. As entrevistas foram gravadas e transcritas para posterior análise. A pergunta solicitava a todos que explicassem o seu mapa.
RESULTADOS:
Os dados até então analisados permitem evidenciar aspectos comuns aos diferentes grupos e especificidades que são sugestivas da formação e vivência de cada um. Percebe-se uma ênfase no vetor e nos sintomas na maioria dos mapas dos alunos de Provoc e nos profissionais de serviços gerais. Os mapas da maioria dos pesquisadores são mais abrangentes e incluem aspectos sociais e políticos além dos biológicos e médicos. Os mapas dos jornalistas, exceto um, enfatizam o ambiente, a doença e pouco os aspectos biológicos. Em relação à estrutura dos mapas, três sujeitos não conseguiram traçar um mapa e quatro (serviços gerais) apresentam um texto linear inseridos em caixas, revelando dificuldade de síntese conceitual. Nas entrevistas é possível perceber a presença das campanhas e da visita domiciliar dos agentes comunitários de saúde (ACS) determinando a referência a ações de controle do vetor e do tratamento
CONCLUSÕES:
O uso dos mapas conceituais nos permitiu, em um tempo relativamente curto com cada participante, recolher um considerável volume de dados para análise. Essa revelação instantânea de elementos cognitivos dos entrevistados permite revelar os seus conhecimentos e a interação existente entre eles, ou seja, até que ponto ocorrem inter-relações das informações presentes na estrutura cognitiva dessas pessoas. A complementação das informações através de entrevista semi-estruturada se mostrou bastante produtiva e enriquecedora do estudo, uma vez que, além das informações fornecidas pelos participantes corroborarem com as expressadas nos mapas, em muitos momentos surgiram informações que não foram mencionadas durante a confecção dos mesmos. Apesar dos mapas revelarem aspectos cognitivos e nível de conhecimento diferentes para os diversos grupos, as informações apresentadas são, na maioria das vezes, corretas. Espera-se através da análise pormenorizada alcançar maior compreensão e indicação dos possíveis modelos mentais.
Instituição de fomento: Fapemig e CNPq
 
Palavras-chave: Mapas conceituais; dengue; modelos mentais.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006