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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
A FAUNA ASSOCIADA A BROMÉLIAS NA MATA ATLÂNTICA DE SANTA CATARINA
Josefina Steiner 1
Anne Zillikens 2
Carlos Brisola Marcondes 3
Birgit Harter-Marques 4
Benedito Cortês Lopes 5
(1. Lab. de Abelhas, Dep. de Biologia Celular, Embriologia e Genética, CCB, UFSC; 2. Zoologisches Institut, Universität Tübingen, Alemanha; 3. Lab. de Entomol. Médica, Dep. Microbriologia e Parasilotogia, CCB, UFSC; 4. Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, UNESC; 5. Departamento de Ecologia e Zoologia, CCB, UFSC)
INTRODUÇÃO:

As bromélias têm grande importância na manutenção da biodiversidade da fauna na Mata Atlântica, já que a disposição de suas folhas em roseta forma um reservatório onde se acumulam água e matéria orgânica, criando microhabitats para muitos organismos. Objetivando conhecer melhor a fauna associada às bromélias da Mata Atlântica, foram realizados estudos da fauna de algumas espécies em floresta secundária da Ilha de Santa Catarina e em floresta primária no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro em Santo Amaro da Imperatriz.

METODOLOGIA:

Para um registro total da fauna associada com água e húmo de bromélias, 60 plantas de Aechmea nudicaulis, Aechmea lindenii, Nidularium innocentii, Canistrum lindenii e Vriesea vagans foram coletadas e desmanchadas completamente no laboratório, coletando-se todos os macro-invertebrados nelas presentes. Para comparar a fauna aquática de diferentes espécies e habitats, a água das espécies Canistrum lindenii, Aechmea lindeni, e Nidularium innocentii foi sugada. Um novo modelo de armadilha de emergência foi aplicada em bromélias de várias espécies para comparar a fauna em mata primária e secundária. A fauna de Culicidae foi estudada em bromélias da restinga e de mata secundária na Ilha de Santa Catarina. As espécies Aechmea lindenii, A. nudicaulis, A. blumenavii, A. ornata, Nidularium innocentii e Vriesea friburgensis foram estudadas quanto aos seus visitantes florais. Estágios imaturos de insetos foram criados no laboratório até a emergência dos adultos. Na medida do possível, os invertebrados foram identificados ao nível de espécie ou classificados como morfo-espécies.

RESULTADOS:

No total, foram registrados cerca de 300 espécies animais associadas as bromélias. O número de espécies registradas variou entre as espécies de bromélias, sendo mais alta em Nidularium innocentii e Canistrum lindenii. Os grupos com maior diversidade foram Araneae, Hymenoptera (formigas) e Coleoptera. Dentre os besouros, as larvas aquáticas de Scirtidae, Scarabeinae e Dytiscidae foram os mais comuns em bromélias. Dentre as aranhas, destacaram-se Salticidae que ocorreram em até 50% das bromélias, Linyphiidae, Pholcidae e Amphinectidae, com até 33%. Formigas Gnamptogenys, Wasmania, Pheidole, Crematogaster,  nidificaram frequentemente em bromélias. A fauna aquática das bromélias é constituída principalmente de dípteros de Chironomidae e Culicidae e de coleópteros Scirtidae. A familia Culicidae apresentou predominância de Culex (Microculex) e várias espécies de Wyeomyia (Phoniomyia). Culex (Microculex) spp. constituiram 98,9% dos mosquitos de A. lindenii, versus 57,52% dos de V. friburgensis. Os visitantes florais abrangeram em torno de 40 espécies de insetos e uma espécie de beija-flor. Lepidoptera e Hymenoptera foram os mais diversos visitantes, porém abelhas foram os mais freqüentes, destacando-se, em ordem decrescente, Euglossa, Bombus, Plebeia, Augochlorini e Trigona spinipes, coletando tanto néctar como pólen. O espectro dos visitantes florais variou entre as espécies de bromélias, dependendo do tipo de flor.

CONCLUSÕES:

Nossos estudos na Mata Atlântica de Santa Catarina mostram que as bromélias constituem ambientes propícios para um amplo espectro de espécies de invertebrados terrestres e aquáticos, vários dos quais foram relatados pela primeira vez em bromélias ou na área de estudo, e que elas atraem uma grande variedade de visitantes florais com seus recursos florais. As espécies de bromélias apresentam diferenças na diversidade e na composição da fauna a elas associada. Porém elas sempre constituem micro-ambientes para vários níveis tróficos, representados por herbívoros, predadores, filtradores, trituradores e onívoros. Desta forma, elas contribuem consideravelmente para a manutenção da biodiversidade e dos processos ecológicos fundamentais de florestas tropicais.

Instituição de fomento: CNPq 690143/01 e BMBF Alemanha 01LB0205
 
Palavras-chave: bromélias; fauna; interações.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006