O jambeiro, Syzygium malaccense, árvore nativa da Índia e de algumas ilhas da Malásia, é bastante comum nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil. É uma árvore de grande porte, copa piramidal e densa, com folhas oblongo-elípticas, glabras e verde-luzentes. Suas flores são grandes, aromáticas, que podem variar de brancas a róseo-púrpuras dependendo da espécie. Seu fruto, jambo, é ovóide de coloração branca, verde, rósea, amarela ou vermelho-escura. Sua polpa é suculenta de cor branca, envolvendo sementes globosas. Além de produzir saborosos frutos, possui um histórico no uso da medicina popular. Os chás de folhas, raízes e cascas são indicados como laxativo ou purgativo. Das sementes é extraído um fluído usado como antidiabético. Em algumas regiões do Brasil, ainda é comum a degustação das folhas por crianças. Assim, diante de suas inúmeras propriedades e usos, testou-se a atividade antioxidante desta planta, visto que tendo esta propriedade irá proteger o organismo da ação danosa de moléculas instáveis conhecidas como radicais livres. O presente trabalho tem como objetivo o de avaliar o potencial antioxidante do extrato fracionado de Syzygium malaccense e relacionar essa atividade à quantidade de compostos tânicos totais.

A planta foi coletada no Campus do Itaperi (UECE), e o extrato etanólico foi preparado com as folhas da planta. As classes de compostos secundários foram determinadas segundo protocolo definido por Matos, 1997. Os constituintes fixos das folhas foram extraídos através de extração hidroalcoólica por um período de sete dias. Após este período, o extrato foi concentrado em banho-maria. O fracionamento do extrato foi realizado através de uma cromatografia filtrante, a vácuo, onde os diferentes solventes foram eluidos seguindo uma ordem crescente de polaridade (hexano, clorofórmio, acetato de etila, metanol). O método para análise antioxidante utilizado foi o método seqüestrador de radicais livres DPPH. O DPPH (1,1-difenil-2-picril-hidrazil) é um radical livre que pode aceitar um elétron ou radical hidrogênio para tornar-se uma molécula diamagnética estável. Sua solução metanólica mostra uma forte banda de absorção a 515nm e sua reação com espécies antioxidantes causa perda estequiométrica da cor da solução. Tal reatividade tem sido usada para testar tanto a habilidade dos compostos de agirem como seqüestradores de radicais livres, quanto a atividade antioxidante de extratos de plantas. Para medir o teor total de taninos, foi utilizado o método Folin-Dennis que consiste em comparar a variação da absorbância das amostras com a curva padrão do ácido tânico. A leitura foi feita em espectrofotômetro com comprimento de onda de 720nm.

 Nos testes fitoquímicos, em relação às substâncias antioxidantes, observou-se a presença de flavanonas nas três amostras (extrato bruto e frações metanólica e acetato de etila), de flavononóis na fração metanólica e no extrato bruto, além de flavonas, flavonóis, xantonas e taninos catéquicos na fração acetato de etila e no extrato bruto. A atividade antioxidante das frações acetato de etila, metanólica e do extrato bruto apresentaram os respectivos índices de varredura 89,70%, 91,16% e 91,32%. A análise do teor de taninos totais pelo método Folin-Denis mostrou para as frações acetato de etila e metanolíca as respectivas concentrações 6,281 ppm e 5,163 ppm e, para o extrato bruto, 4,911 ppm.

Os taninos têm ação inibidora de tumores (ação antitumoral e anticarcinogênica), pois através da formação de radicais livres estáveis, inibem a peroxidação de lípidios e outras substâncias. Visto a boa ação antioxidante dos extratos, pelo método do DPPH, podemos fazer uma relação entre sua atividade com as substâncias químicas presentes nos extratos, onde detectou-se a presença, bastante significativa, de taninos que puderam ser quantificados pelo método de Folin-Denis. Ainda, a presença de flavanonas, flavononóis, flavonas, flavonóis e xantonas podem ter ajudado a intensificar o potencial antioxidante do extrato, pois as flavonas são também conhecidas como substâncias antioxidantes.