IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 3. Saúde de Populações Especiais

STRESS PERCEBIDO POR ATLETAS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS.

Ricardo Brandt 1
Alexandro Andrade 1
Luciana Segato 1
(1. Universidade do Estado de Santa Catarina, CEFID/LAPE)
INTRODUÇÃO:

O crescimento do esporte adaptado e os bons resultados obtidos pelas equipes brasileiras nas últimas Paraolimpíadas em várias modalidades, causaram uma maior visibilidade deste desporto no Brasil, desta forma  ocasionando a realização crescente de eventos competitivos para esta população. Estes atletas treinam muito, buscando alcançar melhores resultados, superando suas limitações físicas. A preocupação constante com o desempenho gera uma pressão psicológica, capaz de desencadear processos de stress. O objetivo deste trabalho foi investigar a incidência e o controle do stress na percepção de atletas portadores de necessidades especiais, que participaram do 1º PARAJASC, que reuniu aproximadamente 800 atletas.

METODOLOGIA:

A amostra foi composta aleatoriamente por atletas deficientes físico, participantes do 1º PARAJASC (Jogos Abertos de Santa Catarina para Atletas Portadores de Necessidades Especiais), realizado na cidade de Chapecó-SC. A pesquisa caracterizou-se como sendo descritiva, (RUDIO, 1986) sendo aplicado um questionário em 35 atletas, presentes nos dias de competição. Os instrumentos adotados foram a “Escala de stress percebido” de Cohen et al. (1983) adaptado por Uruhay (1997), que visou obter uma medida para o Indice de Stress Percebido (ISP) dos atletas. Também usou-se o “Questionário de auto avaliação do estilo de vida, ocorrência e controle do stress” de (ANDRADE 2001), onde foi avaliado nível de tensão, de ansiedade, de  agressividade, de perfeccionismo, de estratégias de combate ao stress e competitividade. Para a análise dos dados utilizou-se à estatística descritiva encontrando a freqüência, a média, o percentual e desvio padrão.

RESULTADOS:

Os atletas apresentaram níveis toleráveis Índice de stress percebido (ISP) de 18,71 (s=7,82), este valor confirma-se ao analisar a auto percepção dos atletas quanto ao nível de stress e de tensão,  sendo que 62,8%  consideram-se pouco e médio estressado e 31,4% pouco tensos. Entretanto verifica-se um alto nível de ansiedade nos atletas, 48,6% percebem-se médio ou muito ansiosos. Observou-se que os atletas consideram-se significativamente perfeccionistas, 37,1% considera-se muito e 25,7% extremamente perfeccionista.  Sendo o momento em que os atletas estavam em competição à avaliação do nível de competitividade foi alto, pois 45,7% avaliaram-se extremamente competitivos. Em contrapartida o nível de agressividade desses atletas no geral é baixo, 45,7% responderam não ser nada agressivos, bem como 31,4% consideram-se pouco agressivos, podendo ser a concentração dos atletas fator do controle para essa baixa agressividade. Colaborando com isto, 65,7% dos atletas utilizam a concentração para buscar o controle em situação estressantes, bem como  54,3% dos entrevistados afirmaram manter o controle emocional e não resolver à situação na hora, somando a isso 68,5% dos participantes evitam situações estressantes. Entretanto, no que se refere à estratégia para o controle do stress, utilizada por 37,1% dos atletas, foi possível detectar o descanso, a leitura ou a caminhada, sendo que 54,3% dos atletas se avaliam como possuindo um bom controle do stress.

CONCLUSÕES:

A competição tanto para atletas normais quanto para deficientes, é vista como um ambiente altamente estressante para os competidores (MARGIS et al. 2003). No entanto, em nossa pesquisa os atletas apresentaram um índice tolerável de stress, evidenciando que a competição não influenciou negativamente   elevando o Indice de stress percebido (ISP).  Os atletas demonstram ser perfeccionistas, bem como extremamente competitivos, podendo assim, estas variáveis influenciar positivamente nos resultados obtidos por eles na competição. Também apresentaram baixo nível de agressividade, que pode ser oriundo de fatores como a concentração e a busca pelo controle da agressividade destacada por eles.

 
Palavras-chave: Índice de stress percebido; Portadores de necessidades especiais; Competição.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006