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D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL E PREVENÇÃO DA OBESIDADE: UM ESTUDO COM ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL DE FLORIANÓPOLIS, SC.

Carla de Oliveira Bernardo 1
Patrícia Salvador Fernandes 1
Rafaela Vidal da Silva  1
Vivianne Rêis Bertonsello 1
Rosângela Mirela Marchi Beltrão Campos 1
Francisco de Assis Guedes de Vasconcelos 1
(1. Departamento de Nutrição - Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC.)
INTRODUÇÃO:
A prevalência de sobrepeso e obesidade vem crescendo em vários países e em populações de todas as classes econômicas, estando associada principalmente a dietas inadequadas e diminuição da atividade física. A escola é um local importante para a realização de estratégias de prevenção da obesidade, sendo a alimentação escolar (merenda escolar) um valioso instrumento para formação de hábitos saudáveis. O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade dos alimentos consumidos por crianças com e sem sobrepeso/obesidade durante o período de permanência na escola, em uma escola pública e outra particular de Florianópolis, SC, antes e após a realização de um programa de educação nutricional de curta duração.
METODOLOGIA:
A amostra constituiu-se de 152 escolares matriculados na 2ª série do ensino fundamental, sendo 95 da escola particular e 57 da pública. As crianças foram avaliadas em relação ao estado nutricional e consumo alimentar durante o período de permanência na escola em três momentos – antes, ao final e 5 meses depois do término do programa de educação nutricional. O diagnóstico nutricional foi realizado através dos percentis de Índice de Massa Corporal (IMC) do Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Os escolares foram divididos em dois grupos conforme apresentaram ou não sobrepeso/obesidade, e os alimentos consumidos foram classificados em permitidos ou proibidos, com base na Lei de Regulamentação das Cantinas do Estado de Santa Catarina. Ressalta-se que os alimentos proibidos são: bebidas com quaisquer teores alcoólicos; balas, pirulitos e gomas de mascar; refrigerantes e sucos artificiais; salgadinhos industrializados; salgados fritos; e pipocas industrializadas, Para a análise estatística foram utilizados os cálculos das médias, desvios-padrão e freqüência percentual. Utilizou-se o teste de Mann-Whitney para comparar os resultados médios das variáveis analisadas, o Qui-quadrado (c2) para a comparação de freqüências e o teste de McNemar para verificar se houve ou não mudança no estado nutricional após a intervenção, considerando-se significativo um valor de p menor que 0,05.
RESULTADOS:
Foram identificadas, antes da intervenção, 31 crianças (20,4%) com sobrepeso/obesidade, sendo 28 da escola privada (90,3%) e 3 da pública (9,7%), diferindo estatisticamente. Após a intervenção, estes índices não sofreram mudanças significativas. Verificou-se, antes da intervenção, um consumo de alimentos proibidos maior na escola pública, tanto no grupo com sobrepeso/obesidade como no grupo sem sobrepeso/obesidade. Na 2ª coleta, o percentual de consumo de alimentos proibidos diminuiu, sendo essa redução mais intensa entre aqueles que apresentavam sobrepeso/obesidade no início da pesquisa. Na 3ª coleta, passado um período de cinco meses sem intervenção, constatou-se um aumento nos percentuais de consumo de alimentos proibidos.
CONCLUSÕES:

Os resultados levam a crer que o programa de educação nutricional foi capaz de melhorar o consumo alimentar dos escolares, no período de permanência na escola, enquanto estava sendo realizado. No entanto, após alguns meses sem essa intervenção, as crianças voltaram a consumir mais alimentos proibidos do que antes. Os dados apresentados não mostraram, influência do programa educativo sobre o estado nutricional dos escolares, mas sim sobre o consumo alimentar. Alterações no perfil antropométrico requerem mudança de hábito alimentar e de estilo de vida, o que ocorre em longo prazo. Além disso, o consumo de alimentos proibidos, que favorecem a obesidade, não acontece apenas na escola. Daí a necessidade da extensão de programas de educação nutricional também às famílias das crianças, pois é sabido que os pais exercem uma forte influência sobre a ingestão alimentar de seus filhos, podendo contribuir para o sucesso de intervenções para prevenção da obesidade.

Instituição de fomento: Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC).
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Educação Nutricional; Escolares; Obesidade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006