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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
A INCLUSÃO DE ALUNOS COM SÍNDROME DE DOWN: AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFESSORES
Sabrina Fernandes de Castro 1
Soraia Napoleão Freitas 2
(1. Educadora Especial, Mestranda em Educação, Universidade Federal de Santa Maria; 2. Orientadora, Professora Doutora, Universidade Federal de Santa Maria)
INTRODUÇÃO:
Desenvolvemos essa pesquisa com o objetivo de investigar as representações sociais dos professores de alunos com síndrome de Down (SD), incluídos nas séries iniciais do ensino fundamental, a fim de compreender como está acontecendo a inclusão desses alunos nas classes comuns do ensino regular. Isso porque, mais que um desafio, a educação inclusiva é uma realidade, que permite que as escolas comuns do ensino regular tornem-se ambientes onde todos possam exercer seu direito à educação, onde as diferenças sejam atendidas (e respeitadas) de forma plena, onde todos os alunos, independente de terem ou não deficiências, tenham respeitados o seu desenvolvimento e o seu ritmo de aprendizagem. Sabemos, no entanto, que em muitas escolas isso não acontece, assim, pensar em inclusão significa pensar na transformação do sistema educacional. É neste contexto que se faz imperativo escutar os professores, saber o que eles pensam, sentem, suas idéias, enfim, suas representações. Sabe-se que as representações sociais influenciam no cotidiano, nas atitudes, nas tomadas de decisão e nas práticas. Pensando nas práticas educativas dos professores, as representações possibilitam fazer a relação entre a dinâmica que envolve linguagem, pensamento e ação.
METODOLOGIA:
A presente pesquisa foi realizada com os professores das escolas públicas municipais de Santa Maria, Rio Grande do Sul, que têm alunos com síndrome de Down matriculados nas séries iniciais do ensino fundamental. Assim, nas escolas municipais cinco professores possuem alunos com síndrome de Down incluídos. Todos aceitaram ser colaboradores da pesquisa. Para a realização da pesquisa, utilizamos a análise de conteúdo como abordagem metodológica, o que nos permitiu ter uma visão ampla das representações sociais e do contexto escolar. Para a coleta dos dados empíricos foram selecionados dois instrumentos principais: o questionário e a entrevista semi-estruturada, pois se acredita que com esses instrumentos a atitude, as opiniões e os discursos possam ser captados. Através dos discursos dos professores, buscamos compreender as representações que eles têm de seus alunos com SD, dando atenção maior a alguns pressupostos, tais como: o fenótipo, os mitos, as terminologias, os sentimentos, as atitudes.
RESULTADOS:
Com a análise dos dados, podemos observar claramente que ainda está muito dividida a representação que os professores fazem de seus alunos com SD e da sua prática inclusiva. Também, verifica-se que é fundamental a formação continuada específica. Da mesma forma que acreditamos nas inúmeras possibilidades das pessoas com SD, cremos que é imprescindível a dedicação e o preparo dos professores. Com a inclusão os professores estão aprendendo a ver que cada aluno possui as suas particularidades, que o aluno não é somente mais um em sala, e sim “outro”. Neste sentido, nosso estudo observou várias referências à mudança de postura (da rejeição à aceitação) a partir da experiência e da convivência com aos alunos com SD. Um aspecto interessante a observar é que esses relatos de facilidade de contato com as pessoas com síndrome de Down são predominantes nos discursos das professoras que trabalham há mais de dois anos com a inclusão desses alunos. O conjunto da análise mostra que o aluno com síndrome de Down pode ser considerado “normal”, “incluído”, ou não, dependendo de crenças, informações, atitudes, ou seja, das representações sociais dos professores. Nas escolas pesquisadas, podemos ver que essa dualidade está presente, pois ora observamos relatos de práticas inclusivas, ora de práticas totalmente excludentes. A inclusão é um processo de transformação, e como tal está apenas iniciando nas escolas.
CONCLUSÕES:
Embora redundante, duas considerações podem ser feitas: Por um lado, na medida em que os professores convivem e adquirem maiores informações sobre a condição dos alunos com SD, maior é a tendência em aceitá-los. Por outro, há necessidade de formação, no sentido de um maior preparo para lidar com as “diferenças”, pois ainda há necessidade de conhecimentos sobre aspectos inerentes à síndrome. Nesse sentido, salientamos que não se trata de enfatizar as dificuldades, mas destacar a importância de se conhecer as características do aluno, havendo a necessidade de preparação do professor não somente quanto aos aspectos metodológicos mas, também, acerca das questões teóricas que envolvem a SD. Percebemos que o fator principal de estigma e rotulação situa-se num contexto maior, além da base cultural acumulada na sociedade ao longo do seu processo histórico, envolve também, o conhecimento, ou a falta dele. Assim, o estudo das representações sociais dos professores, de seus alunos com SD, é uma forma de (re)ver a diferença na sala de aula, provocando reflexões e abrindo portas para novos olhares, novos caminhos num processo de participação ativa. É necessário destacar que o resultado que se busca é a compreensão e descrição do processo, não respostas e verdades definitivas, levando em conta que as representações sociais estão em constante (re)formulação. Sublinhamos, finalmente, o que Moscovici (1978) afirma, o estudado é “provisório e aberto” e deve ser questionado e aprofundado.
Instituição de fomento: CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior; PROESP - Programa de Apoio à Educação Especial (MEC/CAPES)
 
Palavras-chave: Síndrome de Down; Educação Inclusiva; Representações Sociais.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006