Esta pesquisa teve como objetivo se aproximar rigorosamente do que Nietzsche entende por vontade de verdade, além de empreender uma busca na compreensão do por que o homem busca um asseguramento definitivo e verdadeiro diante do imponderável que é a vida enquanto dinâmica de vontade de potência, e como este busca legitimar tal atitude. Procuramos também elucidar o modo de funcionamento das perspectivas que, segundo nos aponta Nietzsche, encontra-se na base de qualquer elaboração do homem. Isso, no intuito de encaminhar-se para as compreensões de Nietzsche acerca da verdade, a fim de poder relacionar-se reflexivamente com o que Nietzsche toma como vontade de verdade em seu pensamento.

No decorrer da pesquisa, pudemos ter acesso a traços fundamentais do pensamento de Nietzsche, e partindo destes ir ao encontro do que ele compreendera, em suas elaborações, por vontade de verdade. Dado o modo como as noções do filósofo se interligam, pudemos perceber que, partindo do que Nietzsche compreende por vontade de potência, temos acesso ao que é fundamental à vida. Doravante, segundo o que Nietzsche nos traz, a perspectiva deve sempre ser levada em conta para a compreensão da realidade, pois sempre já estamos na perspectiva quando nos lançamos a compreender tudo que é e há. Sendo assim, a realidade parece ser posta desde perspectiva.

Tendo a perspectiva como fundamento da compreensão da realidade, podemos dizer que as crenças no bem e na verdade em si são impróprias para uma efetiva busca de compreensão do fenômeno do real. Isso porque a verdade e o bem em si são fundamentados no lado de lá, no supra-sensível. Com isso, vemos que Nietzsche afirma que a crença e a busca pela verdade e o bem em si, em detrimento das perspectivas, é um equívoco, o que caracteriza uma fuga do fundamento da vida. Tal fuga é uma ação do que Nietzsche chama de espírito de vingança, que reage contra o ímpeto natural da vida enquanto dinâmica de vontade de potência. Nesta fuga encontra-se o que o pensador estudado aponta como a vontade de verdade, sendo esta uma busca de impor uma regularidade, um enquadramento último e estático ao que é sempre ultrapassagem e por vir, do modo como Nietzsche afirma que é a vida enquanto dinâmica de vontade de potência. Vontade de verdade, portanto, se caracteriza como sendo a busca por regular o fenômeno do real.