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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia

PARTICIPAÇÃO DO AGRICULTOR FAMILIAR DO POVOADO BOA ESPERANÇA NA ECONOMIA DO MUNICÍPIO DE MATÕES-MA

 

 

Edna Ribeiro de Castro 1
Jorge Martins Filho 1
Arydimar Vasconcelos Gaioso 1
(1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO)
INTRODUÇÃO:

tendo em vista a importância que a agricultura familiar vem adquirindo no conjunto das políticas agrícolas no Brasil e observando o quadro de desenvolvimento regressivo que marcam a atividade agrícola familiar no povoado Boa Esperança, realizou-se um estudo preliminar sobre a participação do agricultor familiar do referido povoado na economia do município de Matões – MA. O povoado Boa Esperança, formado há mais de um século, constituído por uma maioria de agricultores minifundistas, sem um histórico de conflitos por posse de terra, com relativas condições para desenvolver-se economicamente, apresenta um perfil de desenvolvimento econômico estagnado e até regressivo nos últimos anos. Com base na crescente importação de produtos hortifrutigranjeiros, cuja produção seria viável nas zonas rurais do município, a um custo mais baixo e que viria resultar no aumento da renda familiar e da qualidade de vida das populações rurais, questionou-se sobre como o agricultor familiar pode ampliar sua participação na economia do município de Matões - MA. A busca de respostas a este questionamento objetivou, a partir da identificação das principais atividades geradoras de renda, quantificar o percentual de participação do agricultor familiar na economia do município, para então pesquisar e sugerir possíveis formas alternativas de produção, capazes de dinamizar a atividade agrícola, ampliando a renda familiar e a participação dos agricultores na economia do município.

METODOLOGIA:

a metodologia empregada quanto à abordagem de estudo, foi dedutiva que, associada aos métodos de procedimento histórico e monográfico com base em pesquisa bibliográfica e exploratória, constituiu o referencial teórico que norteia este estudo. A pesquisa de campo realizou-se em dois momentos, sendo o primeiro em dezembro de 2004, quando realizou-se entrevista fechada com cinco moradores mais antigos, nascidos no povoado, com idade entre 70 e 85 anos, para levantamento de informações sobre a origem do local, seus primeiros ocupantes e atividades econômicas desenvolvidas no passado; o segundo momento ocorreu de maio a  julho de 2005, após colheita da safra, empregando-se questionários fechados não identificados, aplicados com 52 agricultores, entre proprietários e moradores, com o fim de coletar informações de natureza sócio econômica, perfazendo uma amostra de 80%, os quais após tabulação de dados foram interpretados com base na fundamentação teórica, a partir da revisão bibliográfica. Na abordagem realizada, tomou-se como conceito básico, a categoria agricultor familiar, para referir-se aos proprietários e moradores que trabalham na lavoura utilizando predominantemente mão de obra familiar em pequenas propriedades.

 

 

RESULTADOS:
os dados foram agrupadas em três pontos de análise: a) fontes de renda - as principais fontes de renda  são o trabalho na lavoura para 75% das famílias e bolsas do programa Fome Zero e Bolsa Escola para 48% destes; b) produtos mais vendidos no povoado ou sede do município - dentre os produtos mais cultivados no povoado, os mais comercializados são o arroz e o milho representando 54,85 e35,90%, respectivamente que, embora vendidos com mais freqüência, não têm sua produção  voltada para venda. Quando isto ocorre e pela necessidade de adquirir outros produtos. Entre os locais de venda estão proprietários, comerciantes locais e em menor escala, atravessadores no próprio povoado. A venda em mercadinhos, localizados na sede do município, funciona como última alternativa, quando não se consegue vender no próprio povoado ou quando o preço não é vantajoso. Os dados confirmam a inexpressiva participação do agricultor na economia do município, uma vez que a produção e quase toda consumida no próprio povoado; c) Produtos acessórios vendidos pela família -  54,25% consiste em animais de pequeno porte; os produtos de origem vegetal, apesar das potencialidades locais, são menos expressivos, o que reflete uma falta de orientação e/ou de visão empreendedora. A venda de frutas como segundo produto acessório  - 19,76% - compreende frutas permanentes como laranja, banana e jaca, além de subprodutos como castanha de caju e polpa de buriti.
CONCLUSÕES:

o levantamento de dados sobre as principais atividades geradoras de renda que permitissem quantificar a participação do agricultor familiar do povoado Boa Esperança no município de Matões - MA, expõe resultados preocupantes quanto ao presente e ao futuro. Verificou-se um índice de desenvolvimento econômico extremamente baixo, resultando numa participação limitada na economia do município, apesar de mais da metade dos agricultores serem proprietários de minifúndios com potencial para maior produtividade e desenvolvimento. Observou-se de um modo geral que as unidades de produção agrícola, caracterizam-se pela baixa produtividade, trabalho informal complementar e esporádico, quase sem participação na economia do município, limitado acesso aos meios de produção, sobretudo ao crédito, atividade agrícola rudimentar e pouco diversificada, além da debilidade da participação em formas associativas. Considera-se de suma importância por parte dos agricultores a reativação das associações já constituídas e busca de orientações e investimentos sobre alternativas geradoras de renda e diversificação de culturas, e por parte do poder público, via Secretaria de Agricultura: a criação de parcerias com instituições de pesquisa agrícola como a EMBRAPA para orientação e assistência técnica aos agricultores, a criação de feiras livres para comercialização da produção e implantação do Programa de Aquisição de Alimentos no município.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Agricultura Familiar; Políticas Agrícolas.; Renda.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006