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F. Ciências Sociais Aplicadas - 11. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes

DISTRIBUIÇÃO E INTENSIDADE DOS UKEMIS EM TREINOS DE JUDÔ

Sebastião Iberes Lopes Melo 1
Amanda Guimarães da Cunha 1
Jairo Santarém Teixeira 1
Saray Giovana dos Santos 2
(1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA; 2. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA)
INTRODUÇÃO:

Em um treino de Judô é comum a prática de vários ukemis (quedas), seja para melhorar apenas a execução técnica, individualmente, como também para finalização de golpes durante confrontos diretos. Os ukemis são destinados a anular o efeito da queda, na qual, caindo-se com toda a superfície dos braços e das mãos bem estendidas, aumenta-se a área de contato e retransmitem ao solo as vibrações produzidas pela colisão, vibrações estas que se transmitiriam ao cérebro (LASSERRE, 1975). Mesmo sendo os ukemis um dos fatores imprescindíveis para a prática do Judô, não se encontraram na literatura pesquisada, estudos que apresentassem os efeitos desta prática ao organismo. Um estudo de Santos e Melo (2003) detectou que muitos judocas reclamam de dores, principalmente na região lombar, no dia que sucede a um treino com maiores números de quedas. Assim sendo, levando em consideração que a relação entre o número de ukemis realizados durante uma sessão de treino, o intervalo de tempo entre as sucessivas repetições e o tempo onde foram executados resulta numa intensidade de treino, caracterizando as diferentes fases de treino de uma sessão, bem como a carga total de ukemis por treino a que o judoca está exposto. Face ao exposto, realizou-se este estudo para analisar as características de prática dos ukemis em treinos de diferentes equipes de Judô.  Mais especificamente objetivou-se: a)analisar a intensidade de ukemis nas diferentes fases da sessão e na sessão como um todo; b) comparar essas características entre as equipes.

METODOLOGIA:
Participaram deste estudo 41 atletas amadores de Judô de quatro instituições de prática da Grande Florianópolis, que treinam em sessões de duas horas, três vezes semanais. Apresentaram média de idade de 21,95±6,75anos e 10,07±5,54anos de prática, sendo a maioria graduada no mínimo com a faixa roxa.  A coleta de dados foi efetuada nos locais de prática, onde se utilizou um questionário com questões abertas e fechadas e duas filmadoras de 30 Hz, que ficaram dispostas em pontos estratégicos de modo a permitir capturação da imagem em toda a área de treino. Após as filmagens, a análise das imagens foi feita utilizando-se a videografia, cujos registros foram transcritos numa ficha de scoult técnico individual identificando as variáveis: número de quedas e intervalo de tempo entre elas. Foi considerada a relação entre o número de repetições e o tempo (por minuto) da fase da sessão de treinamento onde ocorreram quedas, isto é, o tempo entre a primeira e a última queda de cada sessão e, por sua vez, de cada sujeito. A partir disso, utilizando-se do número de quedas por fase da sessão de treinamento de cada sujeito, foi feita uma média do número de quedas por fase da sessão pelo intervalo de tempo onde ocorreram. Para a análise por equipes, fez-se essa média com os sujeitos de cada equipe, assim como com toda a amostra para a análise geral. Utilizou-se estatística descritiva (média, desvio padrão e coeficiente de variação) e estatística inferencial (análise de variância One-Way) para a comparação da intensidade de treinamento entre equipes e entre as diferentes fases do treino, para um p £ 0,05.
RESULTADOS:

No aquecimento, os sujeitos apresentaram uma intensidade de 13,38±7,66 quedas por minuto, sendo que a equipe A apresentou uma intensidade de 1,86±3,51 quedas por minuto; a equipe B 10,44±6,14 quedas/min.; a equipe C 20,14±3,21 quedas/min. e a equipe D 13,53±6,37 quedas/min. Na fase sem resistência apresentaram média de 0,69±1,47 quedas/min., sendo que equipes A e B não tiveram quedas nessa fase, enquanto que a equipe C apresentou intensidade de 0,88±1,01 quedas/min. e a equipe D 1,39±2,33 quedas/min. Já na fase com resistência, a intensidade da amostra foi de 0,66±0,82 quedas/min., sendo a equipe A com 1,08±0,35 quedas/min., a equipe B com 1,03±0,76 quedas/min., a equipe C com 0,23±0,38 quedas/min. e a equipe D com 0,60±1,12 quedas/min. Na sessão como um todo os sujeitos tiveram uma intensidade de 14,66±7,47 quedas/min, sendo a equipe A com 2,94±3,66 quedas/min., a equipe B com 11,48±6 quedas por min., a equipe C com 21,12±3,23 quedas/min. e a equipe D com 15,46±5,63 quedas/min. Na comparação entre equipes, encontraram-se diferenças significativas entre a equipe A com as equipes B, C e D ; entre as equipes B e C e C e D no aquecimento. Nas outras fases não houve diferenças, porém na sessão como um todo se encontrou diferenças entre a equipe A com as demais e entre as equipes B e C.

CONCLUSÕES:
Com base nos objetivos do estudo, no referencial teórico e nos dados obtidos chegaram-se as seguintes conclusões: a) as equipes são bastante heterogêneas com relação à intensidade de treinamento, tendo as equipes A e B uma maior intensidade de treino na fase com resistência, enquanto que as equipes C e D privilegiam a parte do aquecimento; as maiores variações encontradas, mesmo considerando sujeitos do mesmo grupo, são observadas principalmente na fase da sessão que não é privilegiada pela equipe; apesar disso, na sessão como um todo não houve grande variação; b) na comparação por equipes pode-se observar que a equipe A se diferencia de todas as demais equipes no aquecimento e na sessão com um todo, justificando assim sua intensidade de treinamento tão abaixo da média, enquanto que a equipe C possui a maior intensidade de treinamento, com valores acima da média geral. 
Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Judô; Intensidade; Ukemi.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006