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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 3. Saúde de Populações Especiais

A VIDA DE IDOSOS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA APÓS CINCO E SEIS  ANOS DE DENÚNCIA

Rafael Mascarenhas Moraes 1
Andrêssa de França Guimarães 1
Deise Brandão Borges 1
Mairy Aparecida Felix Araújo 1
Maria do Rosário de Menezes 1
(1. Universidade Federal da Bahia - UFBA)
INTRODUÇÃO:

Trata-se de um estudo sobre violência doméstica contra pessoas idosas, que faz parte de um amplo projeto que busca investigar a violência de idosos na Cidade do Salvador – Bahia. Considerando o crescente aumento da violência contra idosos no país, a violência contra o idoso já é considerada um problema de saúde pública e evidencia-se através das práticas de abuso físico, sexual, psicológico-emocional, moral, material e financeiro no cotidiano das relações familiares, e a falta de trabalhos científicos realizados com essa temática, fez-se necessário realizar esta pesquisa  que teve como objetivo verificar a situação atual de idosos vítimas de violência familiar, que fizeram denúncia nos anos 2000 e 2001. Os diversos tipos de violência, juntamente com os acidentes são a sexta causa de morte de idosos com 60 anos de idade ou mais no Brasil. A importância do trabalho está em acompanhar a disseminação da violência doméstica contra idosos e sua perpetuação mesmo após o registro de incidências em delegacias especializadas da Cidade do Salvador.

METODOLOGIA:

Os dados foram coletados em Boletins de Ocorrência (BO) de delegacias de polícia da Cidade do Salvador, em especial a DEAM (Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher). Após a coleta de dados, o primeiro contato com as vítimas foi realizado através de ligações telefônicas, quando se tentou agendar um encontro para realização de entrevista e obter informações preliminares sobre a situação atual das vítimas após cinco e seis anos da denúncia. Os contatos telefônicos ocorreram nos dias 23 e 24 de março do ano de 2006. Para serem julgados como contatos improdutivos foram realizadas pelo menos 3 (três) tentativas de contato com os idosos queixosos.

RESULTADOS:
 

Das 80 (oitenta) queixas coletadas para estudo, 50(cinqüenta) foram registradas no ano de 2000 e 30 (trinta) no ano de 2001. Do total de registros coletados, foram efetuados contatos com 31 (trinta e um deles), sendo que apenas 8 (oito) contatos foram produtivos, correspondendo: 4 (quatro) ao ano de 2000 e 4 (quatro) ao ano de 2001. Dos contatos produtivos, 3(três) ocorreram com familiares dos idosos queixosos e 5 (cinco) aconteceram diretamente com os idosos reclamandos. Dos contatos atendidos por familiares, 1(um) foi atendido diretamente pelo reclamado apresentado na queixa prestada.  Não foi possível contactar todos os idosos dos registros pois, apenas 31(trinta e um) deles tinham contatos telefônicos disponíveis para contato. Os contatos que foram julgados como improdutivos, foram assim caracterizados porque não foi conseguida nenhuma informação relacionada ao idoso do registro. A maior parte dos contatos telefônicos realizados- 23(vinte e três)- foram atendidos por pessoas que afirmaram que o número contactado não pertencia ao idoso procurado e que não havia ninguém na residência com nome correspondente.

CONCLUSÕES:

Através dos 5(cinco) contatos que ocorreram diretamente com os idosos queixosos e de seus respectivos relatos,  pôde-se constatar que a situação de violência contra os idosos, melhorou após a realização de denúncia. Mesmo através dos relatos apresentados pelos idosos nos contatos telefônicos, percebe-se que a violência contra o idoso é muito mais abrangente e disseminada no país, evidenciando-se através de  negligências que não chegam aos serviços de saúde ficando restritas no cotidiano das relações familiares. A subnoticação de casos de violência é uma constante nas relações familiares até porque muitos idosos, apesar de serem independentes  financeiramente, são dependentes fisicamente de familiares que são seus principais agressores e muitas  vezes, os idosos se submetem a essas situações, residindo com os agressores e omitindo a informação por medo de novas agressões. Apesar dos relatos de melhora na situação após registros em especializadas, o contato com os familiares transmitiu a idéia de que os casos de violência têm continuado mesmo após as ocorrências,  quando esses parentes impediram o contato direto com idosos.  Nos contatos que não ocorreram diretamente com os idosos reclamandos, os familiares atribuíram aos idosos, incapacidades relacionadas a demências como: redução progressiva da audição e esclerose. Soma-se à barreira familiar, os próprios idosos que se recusaram a falar sobre o assunto e a reincidência de denúncias evidenciando que a violência continua.

Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Idosos; Violência Doméstica; Denúncia .
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006