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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 10. Teoria Econômica
O QUE É “COMPRIMO” E SEUS IMPACTOS ECONÔMICOS E AMBIENTAIS
Clarisse Coutinho 1
Theotonio dos Santos 2
(1. Bolsista do Programa de Educação Tutorial - PET/Economia-UFF; 2. Professor Doutor Orientador - Departamento de Economia/UFF)
INTRODUÇÃO:

O trabalho tem como objetivo: a análise do “comprismo” como forma de aumentar a demanda sem necessidade de efetivar o consumo, acarretando, entre outros fatores, no aumento da degradação ambiental.

A relevância do tema justifica-se pela explicitação de um fenômeno novo e perverso do capital que trás consigo conseqüências negativas, como: um aumento de desperdício social e um maior impacto ambiental. Características de uma sociedade cada vez mais calcada no bem-estar material e no individualismo.

 

METODOLOGIA:

O trabalho se subdivide em duas seções. A primeira analisa o que é o “comprismo”, conceituando e mostrando suas implicações na economia. Para tanto foram analisadas as mercadorias que são compradas e não chegam a ser consumidas ou que praticamente não são utilizadas, fatos que evidenciam um desperdício de recursos. Verificaram-se alguns fatores que levam a esse fenômeno, como: a satisfação pelo ato da compra, atração visual, novos materiais e formas, estimulo do marketing e da propaganda. Assim como a influência do “dinheiro de plástico” para aquisição dessas mercadorias. A segunda parte analisa o aumento da degradação ambiental provocada pelo "comprismo". Para melhor avaliá-los foram analisados os desperdícios de recursos naturais, desde a extração, passando pela produção, até chegar ao comprador. Os quais se destacam: aquele contido na própria mercadoria, seus rejeitos, energia elétrica, combustível para o transporte. Além da poluição gerada por todo esse processo.

RESULTADOS:

O “comprismo” é um fenômeno incipiente, mas que tende a aumentar. Caracteriza-se pela compra de mercadorias que não chegam a ser consumidas, ou é tão pouco consumida que não justifica a sua compra. Esta é realizada apenas pelo prazer momentâneo da aquisição, ou seja, pela satisfação do ato da compra. Essas mercadorias são, em geral, novidades ou apresentam algo de diferente, têm uma forte atração visual, usa ardis de cores, formas, materiais. Possuem forte influência do marketing e da propaganda, subterfúgios para o aumento da reprodução e acumulação do capital, que além de criar novas necessidades de consumo criam a necessidade e o bem-estar da compra, as quais podem se tornar inesgotáveis. Desta forma, há um aumento de demanda sem que haja consumo, isto é, apesar da demanda se efetivar através da compra, a mercadoria não chega a ser usufruída.

Esse fenômeno é motivado, em grande medida, pela expansão do “dinheiro de plástico”, em especial do cartão de crédito. Pois mesmo que não possua o “dinheiro” no momento é possível realizar a compra, muitas vezes tendo que pagar juros elevados para poder saciar esse prazer de aquisição.

Um deleite individualista que implica em uma maior da degradação ambiental, sem qualquer necessidade ou ganho para a sociedade. Contribui na geração de escassez de recursos, podendo levar ao seu esgotamento. Além de serem produzidas em uma taxa superior do que a Natureza é capaz de regenerá-los. Tem-se como uma de suas conseqüências o aumento de entropia.
CONCLUSÕES:

O “comprismo” é ainda mais perverso que o consumismo. Cria uma demanda de compra e não de consumo. È incentivado pelo uso do “dinheiro de plástico” para induzir a compra, tendo que, muitas vezes, pagar juros altos para saciar o deleite da aquisição. Permite, entre outros fatores, o surgimento de novos ninhos de mercado. Sendo, portanto, ainda mais benéfica para a reprodução e acumulação do capital. Um grande trunfo capitalista, que pode chegar a atingir um grande número de pessoas.

Define-se como um ganho financeiro sobre um custo ambiental desnecessário. Há um desperdício de recursos tanto social quanto ambiental. Sendo que essas mercadorias são logo transformadas em lixo, acarretando em um aumento de substâncias tóxicas ao meio ambiente. Desta forma,tem-se uma necessidade cada vez maior da reciclagem, porém esta é ainda muito aquém do desejável. Essa é mais uma conseqüência antrópica na degradação ambiental. Porém afeta a todos, independentemente daqueles que contribuíram ou não para que ocorresse, tendo como conseqüência um aumento de entropia.
Instituição de fomento: DEPEM/MEC/SESu
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: "comprismo"; desperdícios de recursos naturais; degradação ambiental.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006