F. Ciências Sociais Aplicadas - 1. Gestão e Administração - 7. Gestão Pública |
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Microempreendimentos rurais: uma perspectiva de leituras diferenciadas a partir do Pró-Gavião na Comunidade de São João dos Britos. |
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Marisa Oliveira Santos Soares 1 |
Veronica Ferraz Macedo 2 |
Fernanda Viana de Alcantara 3 |
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(1. FTC / UESC ; 2. Faculdade Juvencio Terra; 3. UFS - Universidade Federal de Sergipe) |
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INTRODUÇÃO: |
A comunidade de São João dos Britos, pequeno povoado localizado na cidade de Tremedal no Estado da Bahia, está entre as comunidades rurais atendidas pelo Projeto Pró-Gavião. Como é ação do programa criar condições de desenvolvimento local, elevando a autonomia e a capacidade produtiva no meio rural, a referida comunidade foi contemplada junto ao Pró-Gavião, como a instalação de um microempreendimento levando em consideração a realidade presenciada, costumes e hábitos da comunidade para que o benefício fosse remetido a mesma. Sob esse aspecto, o trabalho ora apresentado, pretende verificar pela convergência e divergência dos discursos obtidos, através de entrevistas, como cada agente ou ator social do processo percebe o impacto desta intervenção na construção do cenário construído após a estadia do Projeto Pró-Gavião na localidade aqui posta como objeto de estudo.
A investigação teórica que conduzirá este trabalho estará apoiada nas considerações da corrente cultural-idealista, remetendo-se às considerações de Yi-Fu Tuan (1980) sobre o comportamento humano diante do ambiente - a topofilia - assim por ele denominado e que o remete ao seu espaço por interpretações ímpares, decorrentes de sentimentos, atitudes, valores, bem como sua correlação com mapas mentais oriundos do universo ímpar de cada indivíduo. |
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METODOLOGIA: |
A pesquisa que norteou o presente estudo, caracterizou-se, por sua natureza, como exploratória a partir de levantamento de dados, procurando observar, descrever, analisar e correlacionar ou não os discursos obtidos – por entrevistas - através do levantamento de dados junto a comunidade de São João dos Britos, bem como diante dos capacitadores e lideranças diretamente envolvidos no fomento do projeto Pró-Gavião, além de consultas documentais feitas por meio de relatórios emitidos pelo SEBRAE e pela unidade do Pró-Gavião na cidade de Tremedal..Para alcançar os objetivos deste estudo elaborou-se uma entrevista salientando os pontos de maior relevância no tocante a essência do programa, aqui posto em evidência. Para compor as informações desta pesquisa foram entrevistados na comunidade: as duas lideranças locais, indicadas por identidade, pelos técnicos do programa, o supervisor do programa na comunidade, dois capacitadores e um técnico administrativo, todos profissionais que trabalharam diretamente com o SEBRAE. Para que não houvesse comprometimento dos dados obtidos foi considerada uma margem de 100% entre lideranças, supervisores, técnicos administrativos e 60% dos capacitadores entrevistados. |
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RESULTADOS: |
O maior desafio do Pró-Gavião estava em retirar as pequenas propriedades rurais do “estado de inércia” em que se encontravam há muito tempo, apenas mantendo os produtores com condições mínimas de sobrevivência, para transformá-las em “unidades geradoras de renda”. Em São João dos Britos, foi observado uma uniformidade nos discursos obtidos através das lideranças locais que reconhecem a relevância e os adicionais positivos advindos nesta comunidade depois do Pró-Gavião. A energia elétrica, as cisternas, a possibilidade de incremento em uma atividade econômica pré-industrial, como também benefícios subjetivos de conteúdo, como é o caso da auto-estima e valorização do espaço geográfico, que antes sem muitas perspectivas afugentavam o homem do campo levando-o para os centros urbanos do sul do país, sem que a promessa de qualidade de vida fosse assim cumprida.
No levantamento de dados, um trecho de um depoimento foi contundente, para explanar aqui a escassez de recursos e de perspectiva instalada nesta região do semi-árido baiano, para o sertanejo o mais importante foi o conhecimento adquirido com o projeto.
Para alguns técnicos do SEBRAE, a comunidade está pronta para gerir o microempreendimento. A escala cronológica de intervenção e implementação do programa foi suficiente para que tudo ocorresse a contento. Porém, outros capacitadores reconhecem que a quarta fase, a de sustentabilidade, foi comprometida e algumas comunidades ainda não tiveram autonomia de mercado.
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CONCLUSÕES: |
A opinião acerca do Pró-Gavião se difere nas vertentes tríades ora apresentadas, o que afirma que os modelos mentais são construídos a partir do contexto de mundo e da co-relação do homem com os espaço territorial ou com o objeto de estudo. O estigma de cada representatividade se difere, porque os compromissos, a expectativa e a condução do processo de desenvolvimento territorial passam a ser definidos não pela uniformidade do discurso, que não é o caso, mas pela perspectiva e envolvimento de cada indivíduo com o território aqui posto em análise.
Os técnicos, enquanto visitantes, tem uma percepção diferenciada e temporária do local, é comum que suas analogias, embora nem todas convergentes a um mesmo discurso, sejam mais objetivas e mais pragmáticas. Para o sertanejo, o nativo, o ambiente é a sua morada, é a sua sustentação, o seu referencial. Seria muito natural imaginar que toda e qualquer intervenção que venha para somatizar positivamente ao espaço lhes conduzam ao imaginário, ao símbolo, a um modelo mental que remetam-no a um novo padrão de vida e de expectativa.
O conhecimento, tão bem elucidado pela comunidade em estudo, deve continuar sendo o portal destas noções topolóficas, direcionando a população a uma nova perspectiva de estigma diante de um ambiente tão escasso e tão desprovido de recursos. |
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Trabalho de Iniciação Científica
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Palavras-chave: microempreendimentos rurais; Pró-Gavião; Topofilia. |
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Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006 |
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