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F. Ciências Sociais Aplicadas - 4. Direito - 12. Direito
BANCO DE DADOS SOBRE ÁREAS PERIFÉRICAS DE EXCLUSÃO EM BLUMENAU.
Ivone Fernandes Morcilo Lixa 1
Jacqueline Samagaia 1, 2
(1. Universidade Regional de Blumenau ; 2. Universidade Federal de Santa Catarina)
INTRODUÇÃO:

INTRODUÇÃO: O município de Blumenau abriga comunidades que expressam em seu cotidiano conseqüências do processo de exclusão, locais considerados “focos de concentração de pobreza”. Exemplo disso é a comunidade da Rua Pedro Krauss, no bairro Vorstadt, que abriga cerca de 700 famílias. Esta área é ressaltada no município em função das problemáticas sociais, econômicas e ambientais concentradas.No ano de 2000, provocado pela comunidade local, o Programa de Extensão da FURB Assentamentos Humanos voltou sua atenção para a questão da violência em suas diferentes formas de expressão, com a qual a localidade historicamente vê-se associada. Verificou-se que as condições de desvantagem social criam situação de maior vulnerabilidade para os moradores, já que, a violência foi-se tornando um mediador das relações sociais cotidianas. Com vistas a contribuir na elaboração de políticas públicas legítimas e eficazes é que se justificou a criação de um Banco de Dados Piloto sobre a Situação Sócio-econômica e Cultural das Áreas Periféricas de Exclusão em Blumenau, voltado inicialmente para a Pedro Krauss, obtendo dados que permitam delinar o quadro geral de vida dos moradores e possibilitem a interlocução entre os sujeitos da comunidade e os representantes das políticas públicas locais.   

METODOLOGIA:

 

METODOLOGIA: A primeira tarefa consistiu na realização de levantamento bibliográfico sobre o tema, selecionando-se material no que se refere a segregação urbana e suas diferentes formas de expressão, pobreza, violência e exclusão social. Em seguida foi realizada pesquisa documental, identificando dados sobre a localidade acerca das situações sócio-econômicas e culturais vivenciadas pelos moradores. O trabalho de campo teve como instrumento privilegiado de coleta de dados entrevistando diretamente 120 famílias. Neste procedimento foi possível aprofundar dados sobre a particularidade dos moradores desta área periférica, destacadamente o modo como vivenciam as situações de exclusão. Estas informações foram relatadas pelo pesquisador em questionário previamente elaborado. Para leitura e análise dos dados, adotou-se uma postura interpretativa, utilizando categorias analíticas capazes de desvendar as relações essenciais, bem como categorias empíricas e operacionais capazes de captar as contradições em questão. A partir dos dados colhidos e acumulados, voltou-se para os fundamentos da teoria, refletindo sobre os conceitos iniciais a partir de novas informações. Este material foi relacionado com as observações elaboradas pelos pesquisadores durante o processo da pesquisa. Ao final, foi construída uma unidade de informações articuladas, o que deu corpo ao Relatório Final de Pesquisa.

RESULTADOS:

 

RESULTADOS: Em relação aos aspectos sociais, percebeu-se maior fortalecimento da comunidade em questão para o enfrentamento das situações de pobreza e exclusão social, proporcionado pelo conhecimento mais aprofundado de sua própria dinâmica de vida e de sociabilidade.  Esse fortalecimento também contribuiu com o desenvolvimento de sua autonomia em relação à resolução das problemáticas sociais a que estão sujeitos. Além de que em relação aos aspectos acadêmico-científicos, acredita-se que o processo de pesquisa e os próprios resultados contribuíram para qualificar as práticas de ensino e formar profissionais comprometidos eticamente com a construção da democracia e da justiça social. Entretanto, como objetivo maior os resultados deste trabalho também deverão contribuir com a formulação de programas e políticas públicas voltadas para estas áreas de exclusão, no sentido de atender as reais necessidades dos moradores.

CONCLUSÕES:

Evidenciou-se que a “linha divisória” urbana de Blumenau não se traduz apenas fisicamente, mas é traçada por um jogo de interesses que vai criando um espaço próprio vivenciado por sujeitos que fazem dele a matriz de seu processo de auto-construção. A precarização da condição local é parte de um perverso processo que constrói seres humanos violentados, cuja negação de direitos é visibilizada na medida em que se contextualizam tais sujeitos no espaço e na sua pluralidade. No passado a Pedro Krauss já foi alvo de algumas intervenções pontuais sem um trabalho continuado de assessoria à organização popular, o coletivo dos moradores possui claro que “alguns projetos vindos de fora” acabam por “usar” a comunidade para fins que não são reconhecidos como seus. Este é um sintoma de que o avanço na forma de organização comunitária possibilitou às lideranças locais perceberem-se como co-responsáveis pela elaboração e viabilização de projetos dirigidos para a localidade. Estas lideranças ao buscarem garantir um conjunto de direitos – sociais, políticos, econômicos e ambientais – para preservar a dignidade da pessoa humana como valor fundamental descobriram-se como sujeitos em suas inter-relações sociais. Genericamente considerando, a luta por condições de dignidade, como qualquer produto social, é determinada e determina um conjunto de idéias, instituições, enfim, forças sociais produtivas, elaboradas a partir de um processo no qual os sujeitos são parte de construção e de sua concretização.

 

Instituição de fomento: Fundação de Ciência e Tecnologia - FUNCITEC
 
Palavras-chave: Exclusão Social ; Violência Social ; Violência Institucional.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006