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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIBEIRÃO DA VELHA – BLUMENAU/SC
Rosalene Zumach 1
Édis Mafra Lapolli 2
Jorge Alberto Müller 1
Gláucia Maria Oliveira Fernandes 1
Marcia Christen Brehmer 1
Janaina Mendes 1
(1. Fundação Municipal do Meio Ambiente - FAEMA; 2. Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC)
INTRODUÇÃO:

A área de estudo compreende a sub-bacia do ribeirão da Velha, com área de drenagem de 59,12 km2 e situada no sudoeste do município de Blumenau/SC (latitudes 26o 53’ 40’’ S e 26o 59’ 20’’ S e longitudes 49o 03’ 45’’ W e 49o 10’ 12’’ W). O ribeirão da Velha vem sofrendo inúmeras alterações ambientais, com o desenvolvimento industrial e o acelerado processo de urbanização da cidade, verificando-se um crescente declínio de sua qualidade e quantidade de água. Dentre os fatores que mais tem contribuído para a diminuição da qualidade da água e da capacidade de autodepuração deste ribeirão, encontram-se a falta de saneamento básico; o assoreamento; o lançamento de efluentes industriais e de origem animal, que apresentam grau de impacto ambiental; além dos desmatamentos e da ocorrência de enxurradas e enchentes. Em Blumenau, há grande preocupação e empenho na preservação das águas, e foram instituídas a Comissão de Acompanhamento da Implementação da Agenda Blumenau 21, e a Semana da Água. Além disso, são realizados sistematicamente pela FAEMA, monitoramentos das águas superficiais e dos efluentes líquidos nas empresas com grau de interferência ambiental. O presente trabalho tem como objetivos: a verificação da qualidade da água do ribeirão da Velha, utilizando o Índice de Qualidade da Água (IQA); a avaliação da classe em que ele se enquadra, baseando-se na Resolução CONAMA 20/86; e a confrontação com o enquadramento estabelecido na Legislação Estadual.

METODOLOGIA:

O monitoramento das águas do ribeirão da Velha foi realizado de 02/99 a 11/05, em quatro pontos:1 - Rua Franz Muller, 2 - Rua Reinoldo Gutz, 3 - Rua Guilherme Joaquim Nazário, e 4 - Rua São Paulo, selecionados conforme o grau de interferência ambiental das atividades industriais, comerciais e domésticas. Foram adotados parâmetros físicos, químicos e biológicos, indicativos de poluição, e as amostras coletadas mensalmente no período matutino, tanto em estação chuvosa como seca. Foram adotadas as instruções de Derísio & Souza (1977) no Guia Técnico da CETESB, para a coleta das amostras, que foram analisadas pelas seguintes entidades: Serviço de Aprendizagem Industrial - SENAI, Serviço Autônomo Municipal de Águas e Esgotos – SAMAE, Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPTB e Fundação Municipal do Meio Ambiente - FAEMA. Para as análises físico-químicas (turbidez, pH, demanda bioquímica de oxigênio - DBO5, sólidos totais, nitrogênio total e fósforo) as amostras foram coletadas em galões plásticos de 1 e 5 litros. Foram utilizados recipientes plásticos esterilizados de 250 mL para a coleta das amostras destinadas à análise dos parâmetros biológicos (coliformes fecais e totais). Quanto ao oxigênio dissolvido, a temperatura da amostra e do ambiente, foram realizadas análises em campo por técnicos da FAEMA. Para avaliar se é compatível o nível de qualidade da água superficial encontrada no ribeirão, pesquisou-se o seu enquadramento determinado na legislação ambiental.

RESULTADOS:
Os parâmetros físicos, químicos e biológicos escolhidos demonstraram as condições hídricas indicativas de poluição e foi constatado que dois fatores são significativos na análise qualitativa da água: a precipitação pluviométrica e o horário da coleta das amostras. As chuvas transportam poluentes para o meio aquático e diluem os já encontrados nos ribeirões. Além disso, o lançamento de resíduos pluviais, residenciais e industriais, no período da manhã pode provocar a variação de suas características qualitativas e quantitativas em outros períodos, modificando os resultados. Este ribeirão é classificado pela Portaria GAPLAN/SC 024/79 na Classe 3 (águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional, à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e à dessedentação de animais). No monitoramento realizado nos sete anos de estudo, o ribeirão foi enquadrado na classe 2, utilizando-se como indicador o cálculo do IQA e os parâmetros da Resolução CONAMA 20/86, nos quatro pontos de coleta. Entretanto, foi constatado que alguns limites estabelecidos na classe 2 não foram atendidos para os seguintes parâmetros: cor, demanda bioquímica de oxigênio, coliformes totais e fecais; chegando a atingir as classes 3 e 4. Já o parâmetro oxigênio dissolvido apresentou casos raros como classe 4, nos pontos 2 e 4. A classe 4 não é adequada ao abastecimento humano e portanto, o ribeirão da Velha apresenta-se em completo desacordo com a Portaria GAPLAN/SC 024/79.
CONCLUSÕES:

Neste trabalho de monitoramento da qualidade da água do ribeirão da Velha, os resultados do IQA de cada ponto foram comparados com os parâmetros das classes da Resolução CONAMA 20/86, resultando no enquadramento em desacordo com o realizado pela FATMA, conforme Portaria GAPLAN/SC 024/79. No ribeirão da Velha foi observado uma diminuição da qualidade da água, da montante para jusante, sendo os pontos de coleta 2, 3 e 4 os mais críticos. Este resultado em parte é decorrente do crescimento populacional, dos loteamentos irregulares localizados em áreas de grandes declividades suscetíveis à erosão, provocando o assoreamento com sedimentos junto aos cursos de água. Recomenda-se então que seja desenvolvida uma nova metodologia para a classificação da qualidade da água, resultando em novo IQA mais atual e de acordo com a realidade do município, utilizando outros parâmetros essenciais como: metais pesados e vazão do ribeirão. Além disso, constata-se a urgência na implantação de um projeto de tratamento de esgotos domésticos municipal, para evitar lançamentos “in natura” desses resíduos e amenizar a poluição existente, ou quem sabe solucioná-la em definitivo.

 

 
Palavras-chave: Monitoramento; Índice de Qualidade da Água – IQA ; Classificação da água.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006