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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia

DESIGN DE LUGARES ESPECIAIS E OU ÁREAS DE TENSÃO EM CENÁRIOS FRAGMENTADOS - DISTRITO DE PÂNTANO DO SUL, ILHA DE SANTA CATARINA.

Pedro Henrique Simas 1
(1. UDESC/CEAD - Universidade do Estado de Santa Catarina)
INTRODUÇÃO:
O Planejamento de Lugares Naturais Especiais requer a interação de diferentes campos do conhecimento, que interligados pela Biologia da Conservação colocam o estudo da paisagem no centro das discussões a respeito de cenários fragmentados. O Fenômeno seguramente ocorre pelo seu caráter sistêmico, que permite extrair da realidade não só informações a respeito dos processos ecológicos, mas a espacialização dos dados de campo sob a forma de mapas temáticos, que auxiliam significativamente a compreensão de aspectos quanti-qualitativos sobre a fragmentação de ecossistemas e a não criação de ilhas de habitat. A pesquisa foi um estudo de caso, com ênfase nas leis da biogeografia insular propondo um conjunto de medidas de conservação a tempo de assegurar a funcionalidade destes lugares. A área de abrangência dos estudos compreende a porção Sul-Sudeste da Ilha de Santa Catarina, entre as coordenadas geográficas 27o42’41’’ e 27o49’46’’ de latitude Sul e 48o28’35’ e 48o33’38’’ de longitude Oeste, englobando uma área de 47,68 km2, com duas formações geológicas definidas. Os terrenos cristalinos constituídos de rochas graníticas, com duas cadeias montanhosas orientadas na direção Norte-Sul onde se desenvolvem as suas tipologias vegetais acima dos 30 m de altitude, Floresta Ombrófila Densa Sub-Montana, separadas pela planície sedimentar onde se enquadram as tipologias vegetais de Florestas de Terras Baixas, composta por formações pioneiras de influências fluviais, marinha e flúvio-marinhas.
METODOLOGIA:
A metodologia de pesquisa partiu da análise de resultado, do cruzamento da ocorrência de diferentes grupos faunísticos, responsáveis pela Dinâmica Biológica entre os Fragmentos de Habitats. Apesar de concentrar maior empenho de campo em espécies chaves para a conservação, não se deixou de considerar outros grupos da biota local. Para isso, foi estabelecido um plano de ação de observação sistemática destas porções de ecossistemas naturais, in loco. A escolha das porções verificadas para o cruzamento de informações teve como base, banco de dados pessoal sobre as áreas em questão, mapa temático de áreas prioritárias para conservação e mapa de cobertura vegetal (critério fitogeográfico), bem como tabelas de registros efetuados, todos resultantes de trabalhos anteriores. O comparativo buscou em uma escala regional identificar os padrões das relações espécies-área dentro de seu aspecto ocorrência, dos padrões de tipos de habitats e suas influências na distribuição de determinados grupos faunísticos, dos padrões de distribuição em relação à cobertura vegetal, bem como os padrões espaciais de usos do solo e do sistema hídrico. As áreas de tensão foram definidas a partir da interpretação dos registros atuais e cruzamento com os anteriores, por superposição como método de expressão temática dos diferentes padrões ecológicos para obtenção de cenários conectados dentro de princípios básicos que venham a garantir a manutenção e o crescimento na riqueza de espécies ao longo prazos.
RESULTADOS:
Os resultados mostraram que, os padrões das relações espécies-área estão na dependência do táxon analisado, da sua área de distribuição e ocorrência intimamente ligadas ao nicho ecológico da espécie. No geral, as espécies vulneráveis e ameaçadas ocorreram em diferentes pontos, com áreas de distribuição que transcendem os limites das cadeias montanhosas das unidades de conservação perpassando em trânsito contínuo pelas áreas especiais de terras baixas. Por isso, os padrões de tipos de habitats e suas influências na distribuição de determinados grupos faunísticos foram compreendidos pela variação da paisagem dentro de uma mesma unidade, pois são padrões de habitats contínuos. Assim também foi considerada a bacia hidrográfica contígua como unidade de habitat, inclusa as áreas úmidas e pantanosas, que devido aos seus aspectos ambientais limitadores ainda não possuem assentamentos urbanos, o que certamente tem evitado o isolamento gênico de espécies exigentes em cenários fragmentados. Nos padrões de distribuição em relação à cobertura vegetal os resultados obtidos indicaram que a ocorrência de determinadas espécies se dá por diferenças entre unidades fitogeográficas, ou seja, por diferença altitudinais das tipologias vegetacionais, assim como, pelos seus aspectos fitofisionômicos, pois as ocorrências de determinados grupos faunísticos demonstraram estar ligados aos estágios sucessionais, principalmente nas áreas montanhosas, definidas pelos padrões espaciais de usos do solo.
CONCLUSÕES:

A linguagem temática é o método mais adequado para exprimir os elementos da paisagem, em uma linguagem formal, que permite fazermos cálculos ou simulações. Assim, conclui-se que o sucesso do modelo de compreensão dos fenômenos ecológicos e subseqüente trabalho ocorreu a partir de um fundamento importante para o planejamento de reservas, a possibilidade de agrupamento e interdependência dos diferentes habitats. O Design de Lugares Especiais foi obtido por Overlay Mapping, como método de expressão temática das principais unidades de paisagem compondo um modelo em redes interdigitadas, ou seja, paisagens interdigitadas como as bacias hidrográficas contíguas, as bordas de florestas e pastagens, cobertura vegetal e corredor ecológico. O estudo deixou claros os riscos de planejarmos reservas em formas de ilhas, ou seja, mesmo compactas e planejadas em formato regular para minimizar os efeitos de borda, podem entrar em colapso, fazendo-se necessário à demarcação física dos corredores de habitat indicados, uma vez que o ecossistema é a unidade mais adequada de manejo. Além do tombamento de duas áreas especiais centrais que em hipótese alguma devem sofrer perturbação antrópica e sim planos de recuperação e manejo. A pesquisa também demonstra a necessidade de realização de fóruns que possam delinear parâmetros legais de proteção aos corredores de habitat, bem como capacitar a comunidade local por intermédio de temas transversais ao exercício da cidadania e a biologia da conservação.

 
Palavras-chave: Biologia da Conservação; Ecologia; Paisagem.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006