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E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza

EFEITO DE DIFERENTES SUBSTRATOS NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE BARU <i>Dipteryx alata<i>

Ana Carolina Gonçalves Rosa 1
Juarez Antonio Gomes Junior 1
Calanda Prozolina Giaculi 1
Elenita Aparecida Ferreira 1
Carlos Manoel de Oliveira 1
Larissa Veloso de Paula 2
(1. Centro Universitário do Planalto de Araxá; 2. CBMM)
INTRODUÇÃO:

O baru <i>Dipteryx alata</i> é uma espécie da família <i>Fabaceae-Papilionoideae</i> típica de cerrado. È um planta perenifólia, heliófita, seletiva xerófita, característica de terrenos secos do cerrado e da floresta latifoliada semidecídua. Produz anualmente grande quantidade de sementes. De porte arbóreo chega a atingir até 25 metros de altura. É bastante pesada e resistente a fungos e cupins. Assim, sua madeira é excelente para a fabricação de mourões, dormentes e tábuas, sendo também utilizado na construção civil e naval e podendo ser empregada com sucesso no paisagismo em geral. O óleo extraído da amêndoa do baru é de excelente qualidade, sendo ser utilizado como aromatizante para o fumo e como anti-reumático. O estudo de diferentes substratos tem como objetivo a obtenção de mudas mais desenvolvidas, pois a qualidade da muda é fundamental no processo de introdução e re-introdução de espécies para posterior reposição de exemplares cortados, preservando as espécies do ambiente de onde surgiu. Esse experimento leva em consideração a manutenção da biodiversidade, outrora que as degradações induzidas pelo homem estão provocando ameaças de extinção em algumas espécies do Cerrado como o baru, através do desmatamento, uso do fogo, substituição da flora e da fauna, construções e exploração inadequada de água.

METODOLOGIA:

O experimento foi conduzido no Centro de Desenvolvimento Ambiental (CDA) / Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) em Araxá - MG. Utilizou-se o delineamento em blocos casualisado com quatro blocos em um viveiro de mudas a céu aberto, com cinco diferentes tipos de substratos, cada tratamento contendo seis repetições. Nesses blocos foram semeadas duas sementes de baru em cada saquinho, e a composição dos substratos utilizados foram formados por terra do cerrado, terra/areia/composto na proporção de 1:1:1; Terra/areia; areia/composto e terra/composto na proporção de 1:1, sendo o composto obtido com sobras de podas de “grama esmeralda” juntamente com esterco bovino na proporção de 3:1. Após a semeadura, foram feitas observações em intervalos de dez em dez dias para se avaliar a velocidade de germinação de sementes. O comprimento da parte aérea e da raiz em centímetros, diâmetro, o peso verde e o peso seco em gramas, foi avaliado após 130 dias da semeadura. A planta verde foi retirada do saquinho, lavada e destacou-se a parte área da parte subterrânea, onde foram pesadas em balança eletrônica. A parte aérea e o sistema radicular foram levados à uma estufa a 60ºC por 72 horas para a completa desidratação e posteriormente pesadas. Os dados foram colocados em um quadro de analise de variância, seguido pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de significância para comparação das médias.

RESULTADOS:

Houve diferenças estatísticas ao avaliar a velocidade de germinação, que ocorreu em um intervalo de 10 a 40 dias após a semeadura, apresentando 94,16% de sementes germinadas. A composição do substrato interferiu no comprimento da parte aérea das mudas de baru. O substrato contendo terra do cerrado apresentou um melhor desenvolvimento de mudas, com 20,4cm  de comprimento, quando comparado com o substrato areia/composto, com mudas de 14.9cm, diferindo estatisticamente pelo teste de Tukey. Os ganhos de peso da parte aérea do material vivo não foram influenciados pela composição do substrato. Ao avaliar o peso seco da parte aérea, houve diferenças estatísticas. Os substratos contendo terra/composto e terra do cerrado apresentando 2,44g e 2,25g respectivamente, já o substrato contendo areia/composto, terra/areia e terra/areia/composto com valores de 1,54g, 1,48g e 1,30g respectivamente. Os ganhos de peso verde da parte radicular foram influenciados pelo substrato. Com a terra do cerrado apresentando 3,85g, enquanto, a composição terra/areia/composto apresenta 1,09g. O substrato interferiu também de forma significativa no peso seco da raiz. A composição terra do cerrado apresentou 1,93g, já o composto terra/areia/composto apresentou 0,44g. Ao avaliar o diâmetro, houve diferenças estatísticas significativas nas mudas. O substrato contendo terra/composto com 0,57cm, quando comparado com o substrato areia/composto, com mudas apresentando 0,44cm de diâmetro.

CONCLUSÕES:

Foi possível concluir que os resultados em relação à velocidade de germinação, apresentaram boa significância ao compararmos com dados bibliográficos, o que permitiu determinar o tempo ideal de germinação de sementes de baru, que foi de 10 a 40 dias após a semeadura. Houve significância também ao se analisar os valores para comprimento da parte aérea, peso verde da parte subterrânea, peso seco da parte aérea e subterrânea, e diâmetro da muda. Ao contrário do ocorrido com o peso verde da parte aérea, que não houve destacável significância. Foi possível identificar um melhor substrato, o que permitiu o desenvolvimento de mudas de baru, sendo os substratos com terra do cerrado e terra/composto os melhores tratamentos. Esse efeito é relevante e significativo ao levarmos em consideração o substrato terra/composto ter um baixo custo de produção, e ser bastante semelhante à textura do substrato típico do ambiente nativo(cerrado), apresentando características organo-arenoso. A seleção do melhor substrato abre caminho para o desenvolvimento de novas pesquisas, e permite também aprofundarmos os estudos na germinação, através da quebra de dormência, para a introdução de espécies nativas em grande quantidade na natureza.

Instituição de fomento: UNIARAXA/CBMM
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Baru; Mudas; Substratos.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006