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A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 5. Oceanografia
A BALNEABILIDADE DA LAGOA DA CONCEIÇÃO (FLORIANÓPOLIS – SC) DISCUTIDA ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE VALORAÇÃO AMBIENTAL
Andréa R. B. C. Lopes 1, 2
Carla Bonetti 2
Jarbas Bonetti 2
(1. Mestranda do Curso de Pós Graduação em Geografia/UFSC; 2. Laboratório de Oceanografia Costeira (GCN/UFSC))
INTRODUÇÃO:
Efetua-se neste trabalho uma discussão sobre valoração ambiental aplicada à qualidade das águas da Lagoa da Conceição. A Lagoa da Conceição está localizada a leste da Ilha de Santa Catarina (município de Florianópolis), possui uma área total de aproximadamente 20 km² e de seu entorno fazem parte seis comunidades: Centro, Costa, Canto, Retiro, Barra e Fortaleza. A área foi escolhida como campo de pesquisa por apresentar uma importância significativa no desenvolvimento de atividades ligadas ao turismo e à pesca artesanal, contribuindo desta forma no aumento do fluxo de capitais para a região. Alguns autores têm demonstrado que áreas poluídas podem comprometer não apenas a qualidade de vida dos moradores ou visitantes, mas gerar índice de fluxo econômico menor ou em decréscimo para a região, refletindo assim de forma negativa na sociedade como um todo. Esta pesquisa pretende levantar discussões e avaliar a percepção dos moradores em relação a conceitos e às condições de balneabilidade. Busca também identificar relações de dependência entre o conhecimento demonstrado pelos moradores quanto a este tema e algumas características de seus hábitos de vida, idade, tempo de residência na região, grau de instrução e disposição a pagar pela preservação e/ou recuperação deste corpo lagunar.
METODOLOGIA:
Foram realizadas 250 entrevistas com os moradores das localidades do entorno da Lagoa da Conceição durante os meses de setembro a dezembro de 2005. Nestas entrevistas foram levantadas informações socioeconômicas, culturais, grau de conhecimento de conceitos relacionados à qualidade das águas (tais como balneabilidade e eutrofização) e disposição a pagar pela conservação do ecossistema lagunar em estudo. Um total de 44 questões foram propostas em cada questionário, distribuídas em respostas abertas e testes de múltipla escolha. Buscou-se distribuir igualitariamente os entrevistados quanto ao sexo, idade, poder aquisitivo e localidade da residência, de modo a evitar privilegiar grupos sociais específicos. Os entrevistados foram classificados através da seleção de questões chaves e atribuição de pesos diferenciados às suas respostas quanto ao seu poder aquisitivo, hábitos, grau de conhecimento e preocupação com as questões relacionadas a balneabilidade e com a valoração do ecossistema. Estas classes foram então tratadas estatisticamente, buscando-se avaliar a correlação existente entre elas. Para tal foram aplicadas técnicas de correlação não paramétrica (coeficiente de Spearman) e análise multivariada (MDS).
RESULTADOS:
Os resultados da pesquisa revelaram que 45,87% dos moradores entrevistados desconhecem o conceito de balneabilidade e 53,31% o dominam parcialmente. Destes, apenas 9% souberam informar a localização de dois ou mais pontos de controle da FATMA (a fundação estadual de meio ambiente) quanto às condições de balneabilidade da Lagoa e 46,28% afirmaram que as condições de balneabilidade são impróprias. Praticamente metade da população entrevistada (46,28%) considera este corpo lagunar como muito poluído e 28,51% como parcialmente poluído. Testes de correlação indicaram uma relação de dependência positiva entre a compreensão do conceito de balneabilidade e o grau de instrução do entrevistado e seu envolvimento em questões ambientais. Foi observado ainda que as pessoas com maior grau de instrução são também as que consideram a Lagoa com as piores condições de balneabilidade. O maior tempo de residência no bairro mostrou-se correlacionado negativamente com o conhecimento do conceito de balneabilidade, mas positivamente com a atribuição de condições impróprias da água. Quanto à disposição dos entrevistados em contribuir com uma taxa mensal para a preservação e ou recuperação da Lagoa, 48,3% dos entrevistados recusaram esta proposta. Entre os que aceitaram predominaram as classes mais jovens e com preocupações ambientais. Praticamente todos os entrevistados (98,3%) aceitaram se envolver voluntariamente com algum tipo de atividade de preservação.
CONCLUSÕES:
O cenário que na atualidade se apresenta na Lagoa da Conceição quanto ao índice de contaminação de suas águas por coliformes fecais, conforme monitorado pela FATMA, não é compreendido pela maioria dos moradores entrevistados. Todavia, dentre aqueles que se preocupam com esta problemática, observou-se uma tendência a considerá-la mais grave que os resultados divulgados têm revelado. Parece existir também relação entre o grau de instrução, o tempo de residência e o envolvimento dos indivíduos com questões de caráter ambiental nesta região, assim como com a disposição a apoiar iniciativas de preservação. Conclui-se assim que o nível de conhecimento e a atuação junto às comunidades locais têm importante papel nos resultados de valoração ambiental.
Instituição de fomento: CAPES
 
Palavras-chave: Balneabilidade; Lagoa da Conceição; Valoração Ambiental.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006