| G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social |
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REFLEXÕES ACERCA DO POTENCIAL CRÍTICO E FORMATIVO DA ARTE A PARTIR DA ANÁLISE DE UM ESPETÁCULO TEATRAL |
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| Yonara Dantas de Oliveira 1 |
| Kety Valéria Simões Franciscatti 2 |
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| (1. Departamento das Psicologias / DPSIC/UFSJ - Bolsista; 2. Departamento das Psicologias / DPSIC/UFSJ - Orientadora) |
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| INTRODUÇÃO: |
Este trabalho integra a pesquisa Psicologia e Arte: reflexões acerca da subjetividade obstada, desenvolvido no LAPIP (Laboratório de Pesquisa e Intervenção Psicossocial) e pretende analisar, sob o referencial da Teoria Crítica da Sociedade, um espetáculo apresentado em São João del-Rei por um grupo de teatro desta cidade, buscando, tanto no texto escolhido quanto no processo de criação artística, alguns elementos progressivos e regressivos presentes. Com isso, objetiva-se a compreensão de aspectos presentes na experiência estética. Entende-se que, por meio da expressão artística, tem-se a possibilidade de produzir algo que em si é condição privilegiada de contato e reflexão a respeito dos danos à formação do indivíduo. A escolha pelas artes cênicas para a realização deste estudo justifica-se pela própria tradição cultural da cidade e por sua estreita relação com este tipo de expressão artística. O Teatro Municipal de São João del-Rei data de 1893 e funciona até os dias de hoje. Além disso, diversos grupos já atuaram na cidade com forte apoio da população, como o Clube teatral Artur Azevedo, que atuou na cidade durante toda a primeira metade do século XX, chegando a disputar o público com companhias teatrais que visitavam a cidade e a ganhá-lo. Já na segunda metade daquele século, um dos grupos de maior relevância foi o Tunis (Teatro Universitário Sanjoanense) que ganhou diversos prêmios em festivais. Atuam hoje, na cidade, aproximadamente, 7 grupos de teatro. |
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| METODOLOGIA: |
O recorte inicial deste trabalho foi o da escolha de um grupo de teatro amador, dentre os vários existentes, que nos serviria como base para posterior análise. Optou-se por estudar o espetáculo “Mendigos” do grupo teatral Núcleo Cultural Brasil é Arte, pois este texto é de autoria própria. Neste sentido, tivemos como material para análise, não só o trabalho de montagem do espetáculo, mas o próprio texto. Após esta seleção, foram realizadas diversas entrevistas com os integrantes, observou-se o trabalho de montagem do espetáculo (registradas em diário de campo e fotografias) e analisou-se a estrutura dramática do texto, contrastando-os com estudos teóricos prévios sobre a arte, principalmente à luz das considerações de Theodor W. Adorno. Objetivou-se, ao relacioná-los, investigar se e como a arte, através de seu própria estrutura, na tensão forma e conteúdo, participa, contorna e critica a (ir)racionalidade objetiva ao manter-se fiel a si mesma e, desta forma, como pode ou não suscitar alguns dos aspectos presentes na experiência estética. Para Adorno, a capacidade de produzir, a partir da imaginação, obras de arte com um potencial liberador é um privilégio daqueles que conseguem apreender o universal no mergulho em sua particularidade, ou conseguem se desenvolver como sujeitos autônomos, expressando-se livremente. E essas mesmas capacidades são necessárias a quem deseja fruir de uma expressão artística. |
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| RESULTADOS: |
Nas entrevistas realizadas, um dos elementos de destaque foi a idéia recorrente para os integrantes do grupo de que o espetáculo deveria “causar impacto”. O cenário e, é claro, o título da peça, remetiam à noção de que os personagens seriam as pessoas pobres que vivem nas ruas, mas, no decorrer do espetáculo surgiam outros personagens que tinham o intento, segundo o grupo, de lembrar ao público, que todos somos mendigos, pois estamos sempre mendigando algo como carinho, aceitação ou oportunidade. Este intento perpassou todo o processo de montagem do espetáculo, desde a elaboração do texto até a caracterização do palco, passando também pela criação dos personagens pelos atores. Essa idéia de que a arte deve ter um fundo moral, trazer uma mensagem determinada para o espectador remete à noção de utilidade da arte relatada na Arte Poética de Horácio. Para ele, os poetas devem dizer coisas agradáveis e, simultaneamente, proveitosas para a vida. Se, na poética aristotélica, isto era uma conseqüência, na transposição feita por Horácio, isto se tornou um objetivo. Para Adorno, a crítica obtida com a arte não lhe é exterior, é inerente. Para ele, a criação artística deve ser permeada tanto pelo procedimento técnico como pelo impulso mimético; produz-se algo de cego, a expressão, a partir da reflexão e pela forma. E o público deve ter a possibilidade de, através da introjeção e projeção, enriquecer o seu ambiente interno através do contato não-ameaçador com o externo. |
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| CONCLUSÕES: |
Segundo Adorno, a atividade artística, exercida entre a sensibilidade e a razão, na tensão entre aspectos objetivos e subjetivos, proporciona um momento em que a violência é contida e transformada. Ela também exige algo do espectador, a sua capacidade de perceber que os objetos estéticos dizem ou calam por si mesmos. Trata-se de empreender uma oposição refletida entre o externo e o interno e, deste movimento, ser capaz de realizar uma projeção consciente. Quebrar a rigidez para mover-se entre diferentes dimensões torna-se condição para que a experiência estética de fato possa acontecer com toda potencialidade e almejar a realização daquilo de humano que ela guarda. O movimento mimético, que permite ao indivíduo entrar em contato com o ambiente externo respeitando-o e, em conseqüência, tornar mais rico o seu mundo interno, é necessário tanto para que o artista possa criar uma obra de arte verdadeira quanto para que o receptor possa fruí-la. Se a mimese deixar de ser o meio para a realização de uma obra para tornar-se um fim, obsta a reflexão sobre o objeto e sobre si, limitando a capacidade de diferenciação. Quanto mais a atividade artística estiver preocupada em falar isto ou aquilo, quanto mais tendenciosa ela for, mais distante ela estará de proporcionar elementos que remetam a uma experiência estética. |
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Instituição de fomento: FAUF/UFSJ - Fundação de Apoio à Universidade de São João del-Rei
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Trabalho de Iniciação Científica
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Palavras-chave: Utilidade da arte; Experiência Estética; Teoria Crítica da Sociedade. |
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| Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006 |
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