IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 2. Analise Toxicológica
OTIMIZAÇÃO DE MÉTODOS PARA IDENTIFICAÇÃO SISTEMÁTICA DE CLORIDRATO DE BENZIDAMINA EM DRÁGEAS E PÓS UTILIZANDO COLORIMETRIA, ESPECTROFOTOMETRIA E CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA
Débora Bonelli Guidi 1
Kênia Darós Zanette 1
Mariana Meller Búrigo 1
Alcíbia Helena de Azevedo Maia 2
Claudia Regina dos Santos 2
(1. Voluntárias do TOXEM/CCS/UFSC; 2. Professoras do Departamento de Patologia CCS/UFSC)
INTRODUÇÃO:

O cloridrato de benzidamina é um antiinflamatório não esteróide indicado para região de orofaringe e de fácil comercialização. A dose máxima diária é de 200 mg. Estudos mostram que a ingestão de 500 mg de cloridrato de benzidamina, leva ao desenvolvimento de alucinações e se associado ao álcool estas alucinações são mais intensas, por isso a utilização da benzidamina em altas dosagens tem sido muito comum entre os adolescentes e jovens, principalmente na vida noturna. Na superdosagem, há o aumento da produção e da liberação de dopamina no cérebro, acelerando a atividade no sistema límbico. As experiências armazenadas na memória afetiva sofrem deformações, causando alteração da percepção da realidade e conseqüentemente alucinações. Entre os efeitos alucinógenos descritos, os principais são raios e luzes coloridas, após a movimentação do globo ocular e o chamado pelos usuários de "Efeito Bruce Lee”, no qual são visualizadas cenas em câmera lenta. A adulteração da forma farmacêutica da benzidamina como, por exemplo, macerada fornecendo um pó branco ou desgastada na superfície, pode ser confundida com o pó de cocaína ou com comprimidos de êxtase, respectivamente, tendo inclusive sido registradas solicitações para identificação destes ativos em amostras suspeitas. Desta forma o objetivo do presente trabalho foi à otimização de técnicas analíticas para identificação do cloridrato de benzidamina em drágeas e pós para a diferenciação da mesma com êxtase ou cocaína.

METODOLOGIA:
Foram utilizadas drágeas de cloridrato de bezidamina (Benflogin®) obtidas em farmácia pública e maceradas, bem como padrão de cloridrato de benzidamina (Sigma-Aldrich), ambos solubilizados em água deionizada. Métodos de identificação foram otimizados pelo Laboratório de Toxicologia de Emergência da Universidade Federal de Santa Catarina (TOXEM/UFSC). Foi testada a utilização do reagente de Mandelin para a identificação por colorimetria. Foram realizados ensaios por espectrofotometria de varredura no ultravioleta. E ainda buscou-se otimizar a melhor condição analítica para a identificação do cloridrato de benzidamina por cromatografia em camada delgada. Para esta última foram testados diferentes sistemas de eluição, e para revelação o reagente cromogênico, reativo iodo platínico acidificado.
RESULTADOS:
Os resultados obtidos frente à utilização do reagente de Mandelin para o método colorimétrico revelaram que o cloridrato de benzidamina em contato com o referido reagente, leva ao aparecimento de uma coloração marrom. Na análise espectrofotométrica por varredura no ultravioleta, o padrão do cloridrato de benzidamina apresentou um pico de absorbância em 307 nm, enquanto que a amostra testada, drágea de Benfloginâ, apresentou um pico bastante próximo, 305,4 nm, provavelmente em função dos excipientes presentes na amostra. O sistema cromatográfico com eluição utilizando metanol para identificação do cloridrato de benzidamina na forma de drágea/pó por CCD teve boa resolução e reprodução. O Rf para o padrão mostrou-se satisfatório e de acordo com a literatura, sendo, respectivamente, de 19,6 e 21,4, para o padrão de cloridrato de benzidamina e para a amostra do medicamento Benflogin®, tanto na  revelação em UV (254 nm) quanto com o reagente iodo platínico acidificado.
CONCLUSÕES:
O conjunto das técnicas otimizadas, método colorimétrico com reativo de Mandelin, cromatografia em camada delgada e espectrofotometria UV-VIS varredura, permite a identificação do cloridrato de benzidamina através de reações com fundamentos distintos. A sistematização dos referidos métodos tem sua relevância na diferenciação de compostos que possuem características físico-químicas semelhantes, como o êxtase e a cocaína. Além disso, são testes de rápida execução e de baixo custo, sendo, portanto aplicáveis para obtenção de resultados qualitativos mais confiáveis quanto à presença de benzidamina na amostra suspeita.
Instituição de fomento: PROEXTENSÃO, FAPESC e Ministério da Saúde
 
Palavras-chave: Benzidamina; Identificação Sistemática; Análise Qualitativa.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006